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Projetos sustentáveis no Brasil devem atrair até R$ 3,6 tri nos próximos 20 anos

Relatório do Brazil Green Finance Programme mostra stores que devem atrair mais recursos de investidores até 2040

Investimento de impacto (Thithawat_s/Getty Images)

Investimento de impacto (Thithawat_s/Getty Images)

O Brasil é um berço de oportunidades para investidores que avaliam injeções de capital com base em critérios socioambientais, segundo uma pesquisa inédita publicada hoje, 16, pelo Brazil Green Finance Programme, aliança entre os governos brasileiro e britânico para alavancar investimentos sustentáveis e acelerar a economia de baixo carbono. De acordo com o relatório, o potencial de captação no país chegará a 3,6 trilhões de reais nos próximos 20 anos.

O relatório "Oportunidades de investimento em infraestrutura sustentável no Brasil" foi liderado pela Carbon Trust, uma das empresas que pertencem ao consórcio de implementadoras do programa britânico no Brasil. O grupo também inclui companhias como a Ernst & Young, SITAWI e IMC Worldwide.

De acordo com o estudo, o Brasil concentra oito setores sustentáveis com potencial para investidores e para gerar impactos ambientais, econômicos e sociais positivos, e contribuir para que o país alcance as metas assumidas no Acordo de Paris. São eles: energia de baixo carbono, telecomunicações, saneamento básico, transporte urbano, portos e hidrovias, ferrovias, resíduos sólidos e iluminação pública.

Para as próximas duas décadas, irão concentrar as maiores demandas por investimentos, segundo o documento, os setores de energia de baixo carbono, aquele voltado à geração de energias renováveis, e telecomunicações. Juntos, os dois irão atrair mais da metade (54%) dos recursos direcionados a investimentos sustentáveis nos próximos vinte anos. Em seguida estão os setores de saneamento básico e transporte urbano limpo, ambos com 14% das intenções de recebimento.

 

Por serem setores intensivos em capital, ou seja, demandam grandes quantias para a conclusão de projetos, as energias limpas e telecomunicações ocupam os primeiros lugares do ranking. A perspectiva de expansão das fontes eólica e solar faz com que a primeira fatia possa atrair nada menos do que 968 bilhões de reais nos próximos anos. “O mercado tem observado o preço de equipamentos solares fotovoltaicos despencaram e a alta na demanda por fontes limpas e renováveis - e isso destaca a energia como o setor mais proponente no Brasil”, diz João Lampreia, gerente da Carbon Trust no Brasil e um dos autores do relatório.

Já o avanço da fibra ótica justifica o destaque do setor de telecomunicações, segundo Lampreia. “Há um investimento já sendo feito desde 2010 pelas grandes operadoras, e a tendência é que isso siga rumo à uma universalização", diz.

Para cada setor, o relatório apresenta dois cenários de investimentos. O primeiro deles considera projeções e dados públicos já disponíveis, enquanto o segundo, chamado de cenário alternativo, avalia diferentes variáveis apontadas por especialistas entrevistados e tendências incorporadas pela Carbon Trust.

Com a pandemia, surge o interesse em investir em projetos de infraestrutura mais resilientes, diz Katia Fenyves, gerente do Brazil Green Finance Programme. “O impacto sobre o clima é uma das variáveis que podem alavancar as projeções”. Ao passo em que a desaceleração econômica atingiu em cheio o Brasil, os projetos de infraestrutura sustentável podem servir de auxílio a países que buscam uma recuperação ágil e baseada em uma economia limpa. “Certamente as economias olham para isso com um diferencial”, diz.

Barreiras para investimentos
O documento também apresenta uma análise sobre os fatores que determinam - ou não -  investimentos em setores chave de infraestrutura sustentável no Brasil. Segundo o documento, se de um lado há o entusiasmo do Governo em destravar projetos verdes, há o outro a cautela de investidores.  Entre os principais entraves para o recebimento de recursos para projetos sustentáveis e a cautela do mercado estão o risco cambial, as avaliações do Brasil por agências de rating, cargas tributárias elevadas e a degradação ambiental contínua.

Segundo Lampreia, a captação do valor total projetado depende da capacidade do Brasil em solucionar corretamente esses entraves. “Ao passo em que todas essas barreiras forem resolvidas, o montante se torna cada vez mais provável”.

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