Invest

Clube recebe Quaresma, do Itaú: efeito China é maior que Fed para a bolsa

Gestor do fundo Momento, da Itaú Asset, aposta em empresa líder do setor que deve crescer 20% em receita mesmo com PIB mais fraco neste ano

Pedro Quaresma, gestor do fundo Momento, da Itaú Asset (Exame Invest/YouTube)

Pedro Quaresma, gestor do fundo Momento, da Itaú Asset (Exame Invest/YouTube)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 27 de abril de 2022 às 14h37.

Última atualização em 27 de abril de 2022 às 15h10.

A expectativa de aperto monetário mais duro por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, tem afetado o sentimento de investidores do mundo inteiro. Mas mais importante que o Fed para a bolsa brasileira é a China. Isso é o que afirmou Pedro Quaresma, gestor do Itaú Momento, da família de fundos da Itaú Asset, convidado especial da 26ª edição do Clube, o videocast da EXAME Invest.

"Se os juros subirem nos Estados Unidos, a bolsa brasileira não vai cair necessariamente. A dinâmica do Brasil, na visão de fluxo internacional, está muito mais ligada aos preços de commodities. Aí, obviamente, a variável mais importante é o que está acontecendo com a China", afirmou Quaresma.

A China, que tem adotado política de tolerância zero contra a Covid-19, tem retomado medidas restritivas para impedir o avanço da doença. O país está em sua pior fase na pandemia em número de casos, com salto de menos de 150.000 no início do ano para mais de 1 milhão de casos confirmados. No início desta semana, o minério de ferro chegou a cair mais de 9%, com temores sobre os impactos econômicos de novos lockdowns.

"O minério de ferro impacta muito o Brasil e a bolsa brasileira pelo peso que a Vale tem nos índices. O enfraquecimento do mercado brasileiro está muito ligada à fraqueza macroeconômica da China", disse. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu cerca de 8% no período de um mês.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

"A dúvida é se Pequim vai continuar com a política de tolerância zero ou se vai flexibilizar alguma coisa. Já houve alguns estímulos e o mercado tem se questionado se haverá ainda mais."

O gestor espera um "cenário de crescimento mais fraco" para este ano, com alta de menos de 1% do PIB. "As pessoas costumam pensar que se o PIB crescer muito, a bolsa vai muito bem. Mas não acontece exatamente dessa forma. O juro [local] é muito mais importante em termos de custo de oportunidade, de percepção de lucros [das empresas] e dos múltiplos que o investidor vai querer pagar pela ação."

Nesse aspecto, Quaresma vê uma oportunidade no mercado local, já que o ciclo de alta de juros "está mais perto do fim do que do começo".

Para o gestor, a pressão da elevação de juros sobre empresas de consumo local deve diminuir, abrindo oportunidades nessa frente.

A maior aposta do fundo Itaú Momento, por sinal, leva em consideração essa tese: a Localiza (RENT3).

"É uma empresa que, após a fusão com a Unidas, vai ter mais de 50% de market share, que é uma participação de mercado incrível. A preocupação que qualquer gestor tem hoje é se a empresa em que investem tem capacidade de repasse de preços, e a Localiza tem."

A expectativa de Quaresma é de que a companhia aumente sua receita em mais de 20%, apesar do cenário local ainda desafiador. "Mesmo com o PIB fraco é possível selecionar boas empresas na bolsa. Os carros estão supercaros e a demanda por mobilidade continua. Ninguém quer deixar de andar de carro."

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresFundos de investimento

Mais de Invest

Realização de lucros? Buffett vende R$ 8 bilhões em ações do Bank of America

Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 53 milhões

O que é private equity e como funciona?

Quanto rendem R$ 20 mil por mês na poupança?

Mais na Exame