Antes de operar day trade, é válido experimentar a compra de ações de prazo mais longo, principalmente com ajuda de carteiras recomendadas (sukanya sitthikongsak/Getty Images)
“Conheça uma estratégia fácil para ganhar dinheiro”. “Faça day trade com 100 reais”. Esses são exemplos de anúncios que atraem um grande número de pessoas leigas e interessadas em aumentar seus rendimentos com day trade, mas que se revelam como armadilhas.
Prova disso é o alto volume de pessoas que relatam grandes perdas. Muitas vezes, se endividam com a modalidade de investimento, que virou tema de uma reportagem especial do Fantástico, da Rede Globo, no começo de fevereiro. Mas a pergunta que fica é: é possível operar day trade de forma responsável?
A resposta é sim. Mas, para isso, é preciso seguir alguns passos importantes. Lucas Claro, analista de investimentos do BTG Pactual digital e responsável pela maior sala de trade no YouTube Brasil, dá algumas dicas, que você confere a seguir.
“Uma das principais dicas é não ser refém do day trade. Usar essa modalidade de investimento para ter uma renda certa no final do mês é muito perigoso”, explica. E isso acontece porque a barreira de entrada é pequena. Com pouco dinheiro, já é possível começar a operar.
Lucas Claro aponta que há pessoas que, inclusive, pegam montantes que deveriam ser destinados para pagar uma conta. Muitas vezes, elas não têm pelo menos uma reserva de emergência. “Boa parte do fracasso vem disso: colocar todos os ovos no mesmo cesto.” Por isso, antes de tudo, é importante ter um montante que ficará aplicado em ativos de renda fixa para imprevistos e momentos de urgência.
Mesmo para aqueles que já têm a reserva de emergência estruturada, Claro explica que é válido seguir uma jornada de diversificação dos investimentos, partindo de produtos menos arriscados, como a renda fixa, para depois investir em ativos de maior risco, como o mercado de ações.
Vale destacar, inclusive, que há um caminho a se seguir dentro da renda variável. Antes de operar day trade, é válido experimentar a compra de ações de prazo mais longo, principalmente com ajuda de carteiras recomendadas por analistas.
É o momento de carregá-las por um tempo, entender a volatilidade do mercado, sentir o seu controle emocional diante das variações durante um período. Depois, ainda é possível ir para o swing trade, modalidade que já tem operações mais curtas e mais dinâmicas, antes de seguir para o day trade.
Ao respeitar essa jornada de diversificação do investimento, fica mais fácil identificar quem tem perfil para operar day trade. “Além de bastante dedicação e estudo, é preciso entender se o day trade é para você ou não. O que muita gente no mercado não diz é isso: essa modalidade não é para todo mundo”, explica. O day trade exige um grande controle emocional.
Outro ponto importante é entender o tempo que o investidor tem disponível para se dedicar às operações. “Não precisa necessariamente ser o dia todo, mas é preciso dedicar os intervalos disponíveis exclusivamente ao day trade e, mais do que isso, entender como o mercado funciona naquele período”, explica. Considere que nas manhãs e no final da tarde há uma volatilidade maior com as aberturas e fechamentos dos mercados, por exemplo.
Além disso, Claro destaca a importância da gestão de risco. “É preciso ter consistência, uma estratégia de investimento bem ajustada”, afirma. Ao alavancar as operações, por exemplo, é possível ter um retorno maior com um capital menor. “Mas as pessoas esquecem que, ao errar, o prejuízo também é maior.”
Numa carteira de investimentos bem montada e diversificada, ainda é importante fazer a gestão de patrimônio. “Por exemplo, se um investidor que tem 10.000 reais e decide pegar 1% do valor (100 reais) para operar day trade e tiver prejuízo de 200 reais, ou seja, 2%, o resto da carteira vai cuidar de recuperar essa perda para ele”, explica. “Precisa ser uma parcela pequena dos seus investimentos.”
“Promessas de fórmulas fáceis são perigosas. Ao dizer isso, a pessoa entende que não precisa estudar ou ter um controle da situação”, diz Claro. Ele destaca que é, sim, importante se dedicar, estudar todas as regras da bolsa, entender como funciona o day trade, quais são os custos e as margens.
“Procure instituições sérias, que tenham credibilidade de mercado. Busque informações sobre o analista que oferece o curso, qual a formação dele, há quanto tempo ele faz isso. A bagagem e o histórico são fatores importantes”, explica.
Lucas Claro também dá a dica de buscar conhecimento técnico em livros. “Fuja só da internet. A facilidade de encontrar as coisas é grande, e o livro é certamente mais trabalhoso, mas é a melhor fonte de conhecimento”, finaliza.