Trump usa deepfake de Taylor Swift para conquistar eleitores
Ex-presidente dos EUA utiliza imagens geradas por IA, fomentando desinformação nas redes sociais durante a campanha eleitoral
Redator na Exame
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 10h45.
Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 11h38.
Em uma tentativa de angariar apoio para sua campanha presidencial nos Estados Unidos, Donald Trump compartilhou recentemente uma série de imagens geradas por inteligência artificial (IA) que mostram Taylor Swift e seus fãs supostamente apoiando sua candidatura. No domingo, 18, Trump postou essas imagens em sua plataforma Truth Social com a legenda “Eu aceito!”. Essas deepfakes fazem parte de um conjunto maior de imagens criadas com IA que o ex-presidente tem divulgado nos últimos dias, alternando entre a paródia e a desinformação eleitoral. As informações são do The Guardian.
Os posts de Trump ocorrem pouco depois de ele também ter compartilhado uma imagem gerada por IA que mostra Kamala Harris liderando um comício militar comunista na convenção democrata, além de um vídeo deepfake em que ele aparece dançando com Elon Musk, proprietário do X, que já o endossou. O uso de imagens geradas por IA por parte de Trump aumenta ainda mais a confusão em um ecossistema de informações já nebuloso em torno das eleições presidenciais de 2024. O ex-presidente é amplamente conhecido por promover falsas alegações e teorias da conspiração.
A crescente preocupação com o impacto de conteúdos gerados por IA em eleições não é nova. Pesquisadores têm alertado há anos que essa tecnologia pode facilitar campanhas de desinformação, inundando as plataformas online com conteúdo enganoso e de baixa qualidade. A desinformação gerada por IA já circulou em eleições ao redor do mundo, sendo usada para difamar oponentes, forjar apoios e criar deepfakes destinados a prejudicar candidatos.
AI aumenta a desinformação
Além de compartilhar deepfakes, Trump alegou falsamente que uma imagem genuína de um comício de Harris era, na verdade, uma criação de IA e que o evento nunca ocorreu. Esse tipo de alegação é um exemplo do que os especialistas em desinformação chamam de “dividendo do mentiroso”, onde o aumento de conteúdos manipulados leva ao ceticismo generalizado, facilitando para que figuras públicas descartem provas autênticas como se fossem falsas.
Embora ferramentas de geração de imagens por IA de empresas como OpenAI e Microsoft tenham implementado medidas para evitar a criação de imagens de figuras públicas ou de natureza política, alguns usuários encontraram formas de contornar essas restrições, utilizando outras ferramentas sem esses controles. O gerador de imagens Grok, lançado por Elon Musk na semana passada, é capaz de criar uma ampla gama de imagens que outras ferramentas similares rejeitariam, levando a um aumento recente de conteúdos gerados por IA relacionados às eleições. Isso inclui líderes políticos, celebridades, obras protegidas por direitos autorais, além de conteúdo sexualizado e violento.
Pouco tempo após o lançamento do gerador de imagens Grok, deepfakes de Trump e Harris começaram a proliferar rapidamente no X. A ferramenta também foi capaz de criar imagens de Taylor Swift, o que gerou polêmica, especialmente porque, no início deste ano, deepfakes sexualizados da cantora circularam amplamente nas redes sociais, provocando uma forte reação negativa. Embora Swift não tenha endossado nenhum candidato para as eleições de 2024, em 2020 ela criticou Trump publicamente, acusando-o de “incitar a supremacia branca” e prometendo votar contra ele.