Inteligência Artificial

Jesus artificial: Sul-coreanos recorrem à IA para serviços religiosos

Delegar a fé para a IA é uma tendência na Coreia do Sul; aproximadamente 20% de 650 pastores protestantes já utilizaram o ChatGPT para elaborar sermões

Ask Jesus: app permite falar com uma versão artificial de Jesus

Ask Jesus: app permite falar com uma versão artificial de Jesus

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 23 de outubro de 2023 às 12h01.

Última atualização em 23 de outubro de 2023 às 17h20.

Religião e tecnologia estão mais próximas do que nunca na Coreia do Sul. Ocorre por lá um crescente aumento no número dos serviços de igreja online com uso de inteligência artificial (IA).

O país, onde o cristianismo prevalece como a principal religião, agora tem uma grande parte da população sul-coreana agora recorrendo a chatbots e bíblias em áudio em busca de orientação espiritual.

A empresa Awake, responsável pelo serviço de chatbot bíblico baseado no ChatGPT, anteriormente chamado Ask Jesus e agora conhecido como Meadow, já acumulou cerca de 50.000 usuários desde março.

Surpreendentemente, o aplicativo também atraiu cristãos de países majoritariamente muçulmanos como o Paquistão, além de presença nos EUA e outros países ocidentais.

Meadow, utilizando a tecnologia ChatGPT da OpenAI, foi otimizado por Awake com uma extensa base de dados teológicos. Um comitê de pastores constantemente supervisiona a precisão das respostas do chatbot.

Uma recente pesquisa realizada pelo Ministério Data Institute mostrou que aproximadamente 20% de 650 ministros protestantes sul-coreanos utilizaram o ChatGPT para elaborar sermões, e destes, 60% consideram a ferramenta útil.

Além dos chatbots, as igrejas coreanas também estão adotando a plataforma de bíblia em áudio alimentada por IA, chamada Biblely, criada pela startup Voiselah.

Esta plataforma produz bíblias em áudio com vozes de pastores de aproximadamente 50 igrejas, usando a tecnologia generativa de IA.

Durante a pandemia de Covid-19, quando serviços religiosos presenciais foram suspensos, a demanda pelo Biblely cresceu. Segundo o Financial Times, muitos fiéis, ouvindo a bíblia, acreditam que seus pastores realmente leram os textos em voz alta para gravação, e poucos sabem que se trata de uma versão artificial.

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