Inteligência Artificial

Coreia do Sul enfrenta escândalo de pornografia deepfake em larga escala no Telegram

Alunas de mais de 500 escolas e universidades foram identificadas como alvos, com a maioria das vítimas sendo menores de idade

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 13h47.

No mês passado, a Coreia do Sul foi abalada por um escândalo de pornografia deepfake que revelou a utilização crescente das imagens que são geradas por inteligência artificial que combinam o rosto de uma pessoa real com um corpo falso (normalmente em situações sexualmente explícitas), para assediar mulheres e meninas. O caso, que envolveu mais de 500 instituições educacionais, trouxe à tona o uso sistemático do aplicativo de mensagens Telegram para a disseminação dessas imagens.

A denúncia foi feita pela jornalista Ko Narin, que expôs a existência de grupos de bate-papo no Telegram onde usuários compartilhavam fotos de mulheres conhecidas e as transformavam em deepfakes pornográficos em questão de segundos. A prática, que começou a ser investigada pela polícia em duas das principais universidades do país, se estendeu para escolas de ensino médio e fundamental, onde as vítimas eram expostas em salas de bate-papo rotuladas como “salas de humilhação”.

Governo e ativistas reagem

A reação pública foi imediata, levando o governo a prometer punições mais severas para os envolvidos. A Agência Nacional de Polícia de Seul anunciou que investigaria o Telegram por permitir a distribuição de imagens pornográficas falsas de crianças, seguindo o exemplo da França, que recentemente acusou o fundador do Telegram, Pavel Durov, de crimes relacionados à plataforma.

No entanto, ativistas de direitos das mulheres criticam as autoridades sul-coreanas por não agirem antes, apontando que o país já enfrentou crises semelhantes no passado. Em 2019, uma rede de sexo no Telegram coagia mulheres e crianças a criarem e compartilharem imagens sexualmente explícitas, mas a falta de ação efetiva por parte do governo e da plataforma resultou em um agravamento do problema.

“Eles condenaram os principais atores, mas negligenciaram a situação, e acho que isso agravou a situação”, disse a jornalista Ko Narin.

A situação atual tem levado muitas jovens a desativarem suas contas nas redes sociais e a temerem por sua segurança online. A ansiedade gerada pela possibilidade de terem suas imagens manipuladas e compartilhadas tem feito com que adolescentes e jovens mulheres se tornem hipervigilantes em suas interações sociais.

Enquanto isso, o governo prometeu aumentar as penas para quem criar, compartilhar ou visualizar deepfakes pornográficos, reconhecendo a necessidade de abordar a raiz do problema, que reside no sexismo estrutural da sociedade sul-coreana.

Acompanhe tudo sobre:Deep fakeInteligência artificialCoreia do SulTelegram

Mais de Inteligência Artificial

Você precisa conhecer essas 4 ferramentas de produtividade com IA

Google Cloud anuncia ferramentas de IA generativa para uso profissional

Sora, da OpenAI, parece ter sido treinada com conteúdo de jogos famosos

Lançamento do Gemini 2.0 inaugura caminho para Google estrear sua "era dos agentes"