Inteligência Artificial

Com regulação branda, Milei quer tornar Argentina em polo da inteligência artificial

Em busca de investimentos tecnológicos, presidente Milei aposta em baixa regulamentação e atrai atenção de líderes do setor em viagem aos EUA

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 11 de junho de 2024 às 13h58.

Última atualização em 11 de junho de 2024 às 14h03.

Em entrevista ao Financial Times, Demian Reidel, chefe do conselho de assessores econômicos do presidente argentino Javier Milei, afirmou que a Argentina tem o objetivo de se tornar "o quarto centro de inteligência artificial do mundo". Para atrair investimentos das principais empresas de tecnologia, o governo argentino promete uma regulamentação sem restrições, oferecendo proteção contra os riscos regulatórios crescentes nos Estados Unidos e na Europa.

Reidel destacou que Milei está propondo ideias de liberdade, baixa regulamentação e livre iniciativa, o que tem ressoado no mundo da tecnologia. Em maio, Milei e Reidel viajaram à Califórnia, onde se encontraram com executivos de grandes empresas de tecnologia, como Sam Altman, da OpenAI, e Tim Cook, da Apple.

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A visita também incluiu uma cúpula com investidores e especialistas em inteligência artificial, como o capitalista de risco Marc Andreessen e o sociólogo Larry Diamond. Além disso, Milei teve duas reuniões com Elon Musk, proprietário da Tesla e da SpaceX.

Durante a entrevista, Reidel afirmou que os encontros foram além de simples fotografias, enfatizando o interesse mútuo em investimentos e no potencial regulatório da Argentina como um ambiente favorável para as empresas operarem.

O Financial Times observou que outros governos latino-americanos também estão competindo para se tornar o Vale do Silício da região. Analistas apontam que as empresas de tecnologia que se instalarem na Argentina precisarão fazer grandes investimentos em infraestrutura, como servidores, e enfrentar riscos políticos e econômicos.

A polarização política na Argentina é evidente, com manifestações tanto a favor quanto contra o governo Milei. No entanto, uma pesquisa divulgada em maio indicou que a popularidade de Milei permanece alta, com entre 47% e 51% da população mantendo uma visão positiva do presidente.

Ignacio Labaqui, analista sênior da Medley Global Advisors, sediada em Buenos Aires, disse ao FT que, antes de investir, as empresas de tecnologia precisarão ver a Argentina eliminar seus rígidos controles de capital e implementar reformas econômicas de longo prazo. Ele destacou que este processo está apenas começando e que é necessário cautela.

A reportagem do Financial Times lembra que os planos de Milei para a Argentina surgem em meio a uma grave crise econômica, com a inflação anual atingindo 289%. Seis meses após assumir a presidência, Milei ainda não conseguiu aprovar qualquer lei no Congresso para desregulamentar a economia e atrair investimentos.

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