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Carro elétrico atrai consumidores brasileiros, mas oferta é limitada

Segundo pesquisa da consultoria McKinsey, brasileiros estão até mais dispostos a pagar preço alto por elétricos do que consumidores de outros países, mas faltam modelos

Estação de recarga de carro elétrico na China: as vendas de elétricos já representam 4% do mercado global (Qilai Shen/Bloomberg/Getty Images)
FS

Filipe Serrano

Publicado em 27 de março de 2021 às 08h51.

Última atualização em 27 de março de 2021 às 11h48.

Os consumidores brasileiros estão entre os que mais se interessam por comprar carros elétricos no mundo e estão mais dispostos por pagar um preço mais alto do que o normal por esse tipo de veículo. De acordo uma pesquisa global realizada pela consultoria McKinsey, 48% dos brasileiros dizem considerar seriamente comprar um veículo elétrico, e 10% afirmam que têm planos concretos para adquiri-los. Num grupo de sete países, o Brasil só fica atrás da China, hoje o maior mercado de veículos eletrificados do mundo, e à frente de nações como Estados Unidos, Alemanha, França e Japão.

De acordo com a pesquisa, os brasileiros também são os consumidores mais dispostos a pagar um preço até 20% mais alto pelos carros elétricos em relação ao valor dos modelos tradicionais. Cinquenta porcento dos brasileiros dizem que pagariam um preço premium para ter um veículo elétrico, ante 38% da média global.

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O resultado da pesquisa contrasta com a oferta de carros elétricos no país. Hoje existem apenas 12 modelos elétricos à venda no Brasil, e o mais barato custa cerca de 140.000 reais, o que limita as vendas. Enquanto no mundo foram vendidos 3,2 milhões de carros elétricos em 2020 – 4% do total --, no Brasil as vendas de elétricos são ainda irrelevantes e representaram apenas 0,3% do mercado.

“A adoção dos carros elétricos passa por quatro desafios principais: alto preço de aquisição, baixa oferta de modelos, infraestrutura incipiente e inexistência de incentivos governamentais para acelerar a adoção”, diz Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey e um dos responsáveis pela pesquisa. “Os veículos 100% elétricos ou híbridos ainda são considerados itens de luxo. A imensa maioria é importada e tem custos de fabricação significativamente altos, principalmente por causa do custo das baterias. A combinação desses fatores restringe bastante a penetração desse tipo de veículos.”

As principais razões que levam os brasileiros a desejar um carro elétrico são um menor impacto ambiental, a redução de ruído do carro e o desejo de estar alinhado às tecnologias mais modernas.

É preciso ressaltar, no entanto, que a pandemia vem mudando rapidamente os cenários para a indústria automobilística , uma vez que existem muitas incertezas.

 

Adoção de novas tecnologias

A pesquisa também mostra que os brasileiros também são bastante interessados em adotar novas tecnologias automotivas. Carros autônomos, conectados à uma rede online, também estão entre os desejos do consumidores do país. Cerca de 85% dos entrevistados dizem que optariam por um carro autônomo se esta opção estivesse disponível. E 80% mudariam seu carro atual para um conectado.

A consultoria estima que as novas tecnologias podem gerar 60 bilhões de dólares a mais em vendas para a indústria automobilística brasileira.

“As montadoras estão buscando novas fontes de receita, novas parcerias e novos modelos de negócio para minimizar as perdas durante a crise da covid-19, e retomar o crescimento dos seus negócios. Nesse contexto, os carros elétricos e os novos modelos de mobilidade podem ser uma oportunidade para as empresas se recuperarem da crise”, diz Fantoni. “É esperado que essas novas tecnologias irão promover maior movimento econômico com a necessidade do desenvolvimento de capacidades locais, potencialmente estimulando a indústria automotiva brasileira como um todo.”

A consultoria entrevistou 1.024 brasileiros com renda mensal de 5.000 a 25.000 reais ou acima, de diversas regiões do país.

 

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