Karina Piva dá palestra exclusiva para alunos da turma inicial do primeiro MBA de Inteligência Artificial do Brasil (Eduardo Frazão/Exame)
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 14h17.
A inteligência artificial virou uma das principais vilãs ambientais quando falamos em consumo de energia e água.
Karina Piva, especialista em dados e professora na Faculdade EXAME, conta que a IA consome, atualmente e seis vezes mais água do que a Dinamarca inteira para manter os sistemas de resfriamento dos data centers funcionando. Já Roger Marques, gerente sênior de ESG na Accenture e também professor na Faculdade EXAME, diz que cada consulta feita em uma IA como ChatGPT gasta 500 ml de água.
Por outro lado, a IA também está sendo usada para diversos projetos de preservação ambiental.
"Uma das aplicações interessantes que temos hoje são satélites com novas versões de inteligência artificial, que são capazes de descobrir vazamentos de metano," explicou Piva, durante o evento de encerramento da primeira turma do MBA de Inteligência Artificial para Negócios da Faculdade Exame. "Será que a IA vai conseguir atingir o equilíbrio entre gastar e consertar? Essa é a grande questão."
O break-even, como é conhecido este equilíbrio, só poderá ser atingido com dados de qualidade. Caso contrário, é impossível.
“A IA pode analisar qualquer dado, mas se os dados não trazem informações do que realmente aconteceu, ele vai te fazer chegar a conclusões falsas,” explica Piva.
E não é só isso: dados imprecisos, além de levarem o usuário a tomar decisões equivocadas, são um desperdício de recursos, uma vez que informações incorretas ou insuficientes obrigam a IA a fazer processamentos desnecessários, consumindo mais energia e recursos.
“Não adianta só utilizar uma inteligência artificial e falar: ‘analisa aí meus dados’. Ele analisa o que você quiser, pode ter sido preenchido por uma criança de cinco anos,” brinca.
Ao limpar e estruturar os dados de forma completa, a IA pode reduzir seu próprio desperdício de recursos e trabalhar de maneira mais sustentável. Só assim a tecnologia poderia fazer mais bem do que mal ao meio ambiente. Dados limpos permitem que os sistemas sejam otimizados, aumentando a eficiência energética e diminuindo o impacto ambiental.
“Quando ignoro a qualidade dos dados, acabo exigindo mais dos sistemas e, consequentemente, consumindo mais recursos,” completou.