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Petrobras avalia adiar projetos de refinarias Premium I e II

Duas novas unidades constam no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 da estatal, que prevê investimentos totais de 220,6 bilhões de dólares para o período

Petrobras: Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, aparecem na carteira de projetos em licitação, que deveriam ter processos "conduzidos em 2014" (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 13h05.

Rio de Janeiro - A Petrobras avalia adiar o projeto de construção das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, em meio a uma desaceleração no crescimento da demanda por combustíveis no país, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.

As duas novas unidades constam no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 da estatal, que prevê investimentos totais de 220,6 bilhões de dólares para o período.

A Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, aparecem na carteira de projetos em licitação, que deveriam ter processos "conduzidos em 2014", segundo o plano.

"Não quer dizer que não será feito. Essas refinarias continuam sendo necessárias, mas não na velocidade inicial... A decisão ainda não foi tomada, mas há um sentimento nesse sentido (de prorrogar o início do projeto)", disse a fonte, sob condição de anonimato. A fonte ressaltou que, nos últimos dois anos, o mercado de combustíveis no Brasil não vem mais crescendo no mesmo ritmo de antes, o que altera os indicadores econômicos que vão definir o ritmo de construção de novas unidades de refino.

Embora ainda não se saiba o custo das refinarias, a postergação dos projetos pode dar fôlego financeiro à companhia, num momento em que lida com o crescimento de sua dívida, que somou ao todo cerca de 140 bilhões de dólares ao final do segundo trimestre --a empresa teve recentemente seu rating rabaixado pela alta alavancagem, entre outros fatores.

A estratégia de adiamento de projetos nesse segmento ocorre após a área de refino ter sido o foco de grandes polêmicas na Petrobras no último ano. Investigações de várias instituições, como o Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e CPIs no Congresso Nacional, ocorrem sobre os gastos bilionários na construção da Refinaria do Nordeste (Rnest), em vias de ser inaugurada, e na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.

Além disso, a Petrobras tem reduzido investimentos em refino enquanto foca em grandes projetos de exploração e produção de petróleo. No último Plano de Negócio, o investimento na área de abastecimento/refino caiu quase pela metade, para 38,7 bilhões de dólares em cinco anos, na medida em que alguns projetos como a Rnest estão sendo concluídos.

"Há experiências na Rnest e Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde houve um dispêndio de recursos acima do que era previsto. Com a Premium, não se deve repetir isso aí", afirmou a fonte, lembrando que os altos custos da Rnest, que beiram a 20 bilhões de dólares, trouxeram muitas lições para a Petrobras.

Além de as refinarias Premium serem mais simples, a Petrobras agora já retomou o expertise de construir uma refinaria, após ter ficado antes 30 anos sem construir uma unidade, algo que impacta hoje nas grandes importações de derivados da companhia.

"Essa é um questão de honra (ficar abaixo dos valores da Rnest). Foi uma lição aprendida ali e todo (o aprendizado) será aplicado... forma de contratar, processos...", afirmou, lembrando que, no caso de a Rnest, influenciou também no elevado orçamento o fato de o mercado ter estado mais aquecido.

Mercado crescendo menos

O uso de combustíveis no país vinha avançando muito acima do ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) em anos recentes. A partir de agora, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, apesar da demanda ainda alta, ela começa a alinhar-se ao desempenho fraco da economia do país, que deverá crescer apenas 0,27 por cento em 2014, segundo estimativas de economistas na pesquisa Focus do Banco Central.

"Os estudos de viabilidade econômica mostram que temos que dar uma apertada nos custos; no capex (investimento) dos empreendimentos", disse a fonte. "Qualquer investimento tem como mais importante a viabilidade econômica", acrescentou, destacando que o objetivo é ter um custo de barril unitário compatível com os indicadores econômicos.

A propósito, a fonte confirmou que a Rnest, que está em fase final de construção em Pernambuco, deverá ter o primeiro trem da refinaria inaugurado em novembro, sem data exata marcada. Procurada, a Petrobras não se manifestou imediatamente.

Importações

A redução no ritmo de crescimento da demanda interna de diesel e gasolina deve colaborar por menores importações de derivados pela Petrobras, algo que pode aliviar um pouco as contas da divisão de Abastecimento.

A área sofreu nos últimos tempos com vendas de gasolina e diesel no Brasil a preços mais baixos do que os de compra no mercado internacional, em função da política de limitar reajustes do governo federal, preocupado com a inflação.

"Não sei o quanto isso (a redução do ritmo da demanda) pode representar na redução de importação, mas não é algo desprezível. E, com as entradas de Rnest e Comperj, a importação vai cair bem", afirmou.

A capacidade diária de refino da Rnest depois da conclusão dos dois trens, em 2015, será de 230 mil barris por dia. Anteriormente, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que o Brasil deverá atingir a autossuficiência na produção de derivados de petróleo em 2020.

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As duas novas unidades constam no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 da estatal, que prevê investimentos totais de 220,6 bilhões de dólares para o período.

A Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, aparecem na carteira de projetos em licitação, que deveriam ter processos "conduzidos em 2014", segundo o plano.

"Não quer dizer que não será feito. Essas refinarias continuam sendo necessárias, mas não na velocidade inicial... A decisão ainda não foi tomada, mas há um sentimento nesse sentido (de prorrogar o início do projeto)", disse a fonte, sob condição de anonimato. A fonte ressaltou que, nos últimos dois anos, o mercado de combustíveis no Brasil não vem mais crescendo no mesmo ritmo de antes, o que altera os indicadores econômicos que vão definir o ritmo de construção de novas unidades de refino.

Embora ainda não se saiba o custo das refinarias, a postergação dos projetos pode dar fôlego financeiro à companhia, num momento em que lida com o crescimento de sua dívida, que somou ao todo cerca de 140 bilhões de dólares ao final do segundo trimestre --a empresa teve recentemente seu rating rabaixado pela alta alavancagem, entre outros fatores.

A estratégia de adiamento de projetos nesse segmento ocorre após a área de refino ter sido o foco de grandes polêmicas na Petrobras no último ano. Investigações de várias instituições, como o Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e CPIs no Congresso Nacional, ocorrem sobre os gastos bilionários na construção da Refinaria do Nordeste (Rnest), em vias de ser inaugurada, e na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.

Além disso, a Petrobras tem reduzido investimentos em refino enquanto foca em grandes projetos de exploração e produção de petróleo. No último Plano de Negócio, o investimento na área de abastecimento/refino caiu quase pela metade, para 38,7 bilhões de dólares em cinco anos, na medida em que alguns projetos como a Rnest estão sendo concluídos.

"Há experiências na Rnest e Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde houve um dispêndio de recursos acima do que era previsto. Com a Premium, não se deve repetir isso aí", afirmou a fonte, lembrando que os altos custos da Rnest, que beiram a 20 bilhões de dólares, trouxeram muitas lições para a Petrobras.

Além de as refinarias Premium serem mais simples, a Petrobras agora já retomou o expertise de construir uma refinaria, após ter ficado antes 30 anos sem construir uma unidade, algo que impacta hoje nas grandes importações de derivados da companhia.

"Essa é um questão de honra (ficar abaixo dos valores da Rnest). Foi uma lição aprendida ali e todo (o aprendizado) será aplicado... forma de contratar, processos...", afirmou, lembrando que, no caso de a Rnest, influenciou também no elevado orçamento o fato de o mercado ter estado mais aquecido.

Mercado crescendo menos

O uso de combustíveis no país vinha avançando muito acima do ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) em anos recentes. A partir de agora, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, apesar da demanda ainda alta, ela começa a alinhar-se ao desempenho fraco da economia do país, que deverá crescer apenas 0,27 por cento em 2014, segundo estimativas de economistas na pesquisa Focus do Banco Central.

"Os estudos de viabilidade econômica mostram que temos que dar uma apertada nos custos; no capex (investimento) dos empreendimentos", disse a fonte. "Qualquer investimento tem como mais importante a viabilidade econômica", acrescentou, destacando que o objetivo é ter um custo de barril unitário compatível com os indicadores econômicos.

A propósito, a fonte confirmou que a Rnest, que está em fase final de construção em Pernambuco, deverá ter o primeiro trem da refinaria inaugurado em novembro, sem data exata marcada. Procurada, a Petrobras não se manifestou imediatamente.

Importações

A redução no ritmo de crescimento da demanda interna de diesel e gasolina deve colaborar por menores importações de derivados pela Petrobras, algo que pode aliviar um pouco as contas da divisão de Abastecimento.

A área sofreu nos últimos tempos com vendas de gasolina e diesel no Brasil a preços mais baixos do que os de compra no mercado internacional, em função da política de limitar reajustes do governo federal, preocupado com a inflação.

"Não sei o quanto isso (a redução do ritmo da demanda) pode representar na redução de importação, mas não é algo desprezível. E, com as entradas de Rnest e Comperj, a importação vai cair bem", afirmou.

A capacidade diária de refino da Rnest depois da conclusão dos dois trens, em 2015, será de 230 mil barris por dia. Anteriormente, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que o Brasil deverá atingir a autossuficiência na produção de derivados de petróleo em 2020.

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