Repórter
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 17h01.
A poucos meses da votação do PL da Inteligência Artificial (2338/2023), uma pesquisa nacional do Instituto Locomotiva em parceria com a OpenAI revela um consenso improvável no país: os brasileiros querem regras, mas não freios. Para 68% dos entrevistados, a regulação não pode impedir inovação, e 73% defendem mais investimentos em IA para que o Brasil não fique para trás na corrida tecnológica.
O dado vem acompanhado de um alerta: 54% acreditam que regulações muito pesadas prejudicam os próprios usuários, e 64% temem que normas rígidas afastem empresas internacionais, cenário que especialistas já apontam como risco caso o texto final seja excessivamente restritivo.
A familiaridade com a tecnologia cresce rapidamente. Mais de 92% dizem conhecer IA, e 56% afirmam entender bem o conceito. A ferramenta entrou no cotidiano: 62% usam para estudar, e 84% veem utilidade prática em tarefas diárias, de trabalho a organização pessoal.
Há também uma demanda por soberania digital. Para 71% dos entrevistados, os modelos deveriam ser treinados para falar português e compreender a cultura brasileira, algo que depende do uso de dados locais.
E 57% afirmam que direitos autorais não podem se tornar um obstáculo para treinar IA no país. Em paralelo, 70% defendem que o acesso seguro à tecnologia seja amplo e não restrito por taxas ou licenças.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o recado é direto: “O Brasil quer uma IA que faça sentido na vida real, que fale português, entenda o cotidiano e ajude no trabalho, no estudo, nas relações. A população quer participar das decisões que vão moldar esse futuro.”
Com 1.000 entrevistados e margem de erro de 3,1 pontos percentuais, o estudo mostra um país que não teme a IA — teme ficar fora dela.