Se elevar os juros, BC vai quebrar a economia, diz Marconi
Marconi afirmou que haverá pressão no dólar em função da saída de recursos do país e destacou que o crédito externo também ficará mais caro para as empresas
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 12h08.
São Paulo - O economista Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) , alerta que, se o Banco Central decidir elevar juros para combater os efeitos da perda do grau de investimento, a situação econômica do país poderá piorar ainda mais.
Entre os impactos gerados pelo rebaixamento do Brasil, ele citou que haverá pressão no dólar em função da saída de recursos do país e destacou que o crédito externo também ficará mais caro para as empresas.
"Isso pode levar ao aumento da taxa de juros. Mas acho que se o Banco Central seguir esse caminho, poderá piorar ainda mais a economia e agravar a situação fiscal. Uma alta de 1 ponto ou 1,5 ponto já provocará um problema sério.
Além do impacto nas despesas com juros, isso dificultaria a retomada de investimentos", avaliou Marconi.
De acordo com ele, o governo terá de fazer um esforço brutal para conseguir um superávit em 2016.
"Para sair desse imbróglio, o governo não pode deixar o câmbio se valorizar, pois precisa estimular as exportações; tem de fazer o ajuste fiscal e não pode elevar mais os juros porque senão vai jogar a economia num buraco e a arrecadação cairá mais ainda", disse.
"O governo precisa mostrar firmeza na direção de conseguir montar um orçamento que indique superávit em 2016 e que vai melhorar a relação dívida/PIB. Aumentar impostos não é a melhor saída. Há espaço para cortar gastos."
Questionado se seria possível fazer superávit sem aumentar impostos, Marconi respondeu que, se pensar no horizonte de um ano, é possível. "No curto prazo não dá", ressaltou.
Sobre o caminho para retomar o grau de investimento, o economista disse que o principal indicador que as agências olham é a fragilidade fiscal do país que está representada pela relação dívida/PIB.
"Isso porque os fundos vêm aqui e investem em títulos públicos. Então eles querem saber se a nossa capacidade de pagamento é boa. Se tiver uma melhoria nessa relação, ou estabilidade, temos condições de recuperar. Claro que eles vão olhar o crescimento da economia e o cenário político, que está travando uma série de decisões importantes no executivo e no Congresso e está inibindo investimentos", avaliou.
Indagado se o rebaixamento poderia acelerar algumas medidas, Marconi respondeu: "Há duas possibilidades: ou o Congresso vai aproveitar para tentar derrubar - colocar mais pra baixo - o governo e forçar uma mudança. Ou eles vão ver que estão ajudando a quebrar o país. Está indo todo mundo para o buraco junto."
Sobre erros cometidos pela gestão atual, Marconi disse que, na época de bonança das commodities, o governo não poderia ter deixado o câmbio se valorizar muito. Segundo ele, isso provocou um vazamento da demanda para o exterior e a produção nacional caiu.
"Quando as commodities começaram a cair isso ficou visível. O governo tentou recuperar via política fiscal. Mas, num cenário de aumento de gasto, câmbio fora do lugar e inflação subindo, é difícil manter essa política. O governo errou quando fez a política fiscal expansionista em 2013. Agora está num buraco que tem de cortar despesa com arrecadação mais baixa", comentou.
São Paulo - O economista Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) , alerta que, se o Banco Central decidir elevar juros para combater os efeitos da perda do grau de investimento, a situação econômica do país poderá piorar ainda mais.
Entre os impactos gerados pelo rebaixamento do Brasil, ele citou que haverá pressão no dólar em função da saída de recursos do país e destacou que o crédito externo também ficará mais caro para as empresas.
"Isso pode levar ao aumento da taxa de juros. Mas acho que se o Banco Central seguir esse caminho, poderá piorar ainda mais a economia e agravar a situação fiscal. Uma alta de 1 ponto ou 1,5 ponto já provocará um problema sério.
Além do impacto nas despesas com juros, isso dificultaria a retomada de investimentos", avaliou Marconi.
De acordo com ele, o governo terá de fazer um esforço brutal para conseguir um superávit em 2016.
"Para sair desse imbróglio, o governo não pode deixar o câmbio se valorizar, pois precisa estimular as exportações; tem de fazer o ajuste fiscal e não pode elevar mais os juros porque senão vai jogar a economia num buraco e a arrecadação cairá mais ainda", disse.
"O governo precisa mostrar firmeza na direção de conseguir montar um orçamento que indique superávit em 2016 e que vai melhorar a relação dívida/PIB. Aumentar impostos não é a melhor saída. Há espaço para cortar gastos."
Questionado se seria possível fazer superávit sem aumentar impostos, Marconi respondeu que, se pensar no horizonte de um ano, é possível. "No curto prazo não dá", ressaltou.
Sobre o caminho para retomar o grau de investimento, o economista disse que o principal indicador que as agências olham é a fragilidade fiscal do país que está representada pela relação dívida/PIB.
"Isso porque os fundos vêm aqui e investem em títulos públicos. Então eles querem saber se a nossa capacidade de pagamento é boa. Se tiver uma melhoria nessa relação, ou estabilidade, temos condições de recuperar. Claro que eles vão olhar o crescimento da economia e o cenário político, que está travando uma série de decisões importantes no executivo e no Congresso e está inibindo investimentos", avaliou.
Indagado se o rebaixamento poderia acelerar algumas medidas, Marconi respondeu: "Há duas possibilidades: ou o Congresso vai aproveitar para tentar derrubar - colocar mais pra baixo - o governo e forçar uma mudança. Ou eles vão ver que estão ajudando a quebrar o país. Está indo todo mundo para o buraco junto."
Sobre erros cometidos pela gestão atual, Marconi disse que, na época de bonança das commodities, o governo não poderia ter deixado o câmbio se valorizar muito. Segundo ele, isso provocou um vazamento da demanda para o exterior e a produção nacional caiu.
"Quando as commodities começaram a cair isso ficou visível. O governo tentou recuperar via política fiscal. Mas, num cenário de aumento de gasto, câmbio fora do lugar e inflação subindo, é difícil manter essa política. O governo errou quando fez a política fiscal expansionista em 2013. Agora está num buraco que tem de cortar despesa com arrecadação mais baixa", comentou.