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Mais mineradora do que siderúrgica, ação da CSN sobe 75% no ano

Enquanto em 2017, 30% de sua geração de caixa vinham da mineração, no ano passado essa área já representava 50%

CSN (foto/Divulgação)

CSN (foto/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2019 às 09h22.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 15h35.

São Paulo - Mais mineradora do que siderúrgica nos últimos meses, a CSN tem se distanciado dos seus principais concorrentes, Gerdau e Usiminas, com a alta do preço do minério de ferro na esteira do desastre com a barragem da Vale, em Brumadinho (MG). As ações da empresa acumularam ganhos de 75% no ano, maior alta entre as ações listadas no Ibovespa. Assim, o valor da CSN passou de R$ 12,2 bilhões, no fim do ano passado, para mais de R$ 21 bilhões nesta semana.

O motivo por trás da alta foi o posicionamento estratégico da empresa. Enquanto em 2017, 30% de sua geração de caixa vinham da mineração, no último trimestre do ano passado essa área já respondia por 50% do lucro antes de impostos, depreciação e amortização.

Segundo analistas, o cenário para o minério tem peso fundamental para reduzir o endividamento da empresa - seu calcanhar de Aquiles. Medida pela relação entre a dívida líquida sobre a geração de caixa, no fim de 2018, a alavancagem da empresa era de 4,55 vezes. Na Gerdau e na Usiminas essa relação é de menos de duas vezes.

Além dos fornos

O ânimo do mercado com a CSN se explica pela perspectiva de redução do endividamento. "De fato, (a CSN) é a segunda maior mineradora do Brasil", diz Daniel Sasson, analista de siderurgia do Itaú BBA, ressaltando que ela não tem espaço para aumentar a produção de minério.

Porém, com a redução de produção da Vale, o cenário é favorável. "A expectativa é de preço mais alto o ano todo", afirma Sabrina Cassiano, da Coinvalores. "Também faz com que a perspectiva de resultado, principalmente no primeiro trimestre, seja mais forte." Para ela, é importante ainda a perspectiva de alta para o consumo de aço no Brasil, por conta dos sinais de retomada da economia.

Há, ainda, outros motivos para o ânimo dos investidores. "Os resultados do quarto trimestre foram bons, melhores do que os concorrentes, mas, mais importante, foi a empresa ter anunciado uma pré-venda de minério", afirma Sasson, sobre o contrato assinado com a Glencore, que prevê venda de US$ 500 milhões.

Com o recurso, que deve entrar no caixa da empresa até o fim do segundo trimestre, a alavancagem vai cair para 4,1 vezes. "Ainda é alto, mas ela tem outros ativos que podem ser vendidos", afirmou.

A CSN conseguiu ainda reestruturar sua dívida, reduzindo vencimentos de 2019 e alongando prazos. "Antes da mudança, quase 30% da dívida bruta vencia em 2019", diz Sabrina. "Agora, é menos de 17%."

Análises

De acordo com Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, a CSN tem aprofundado mais os negócios com mineração. Recentemente, a siderúrgica contratou o banco Citi como assessor financeiro para avaliar opções estratégicas para a venda antecipada de minério de ferro. A empresa, no entanto, afirmou que é "prematura qualquer elaboração de cenários sobre o resultado deste processo".

Apesar da sinalização favorável, porém, Sasson diz que o maior peso da mineração também pode representar ônus. Dois dias atrás, por exemplo, o Ministério Público de Minas Gerais determinou que a empresa elabore um plano para a remoção voluntária dos moradores de bairros vizinhos à barragem da Mina de Casa de Pedra.

"Esse momento de apreensão com as operações de mineração tem riscos adicionais", afirma. Ele destaca, entretanto, que a CSN não usa barragens com à montante das que se romperam em Brumadinho e Mariana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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