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Após fazerem história, EUA e Cuba veem estrada esburacada

O abismo entre os dois lados ainda é grande, ilustrado pela ausência de bandeiras dos EUA e de Cuba na reunião cuidadosamente orquestrada no sábado

Barack Obama e Raúl Castro em encontro durante a Cúpula das América, no Panamá: eles se reuniram por mais de uma hora no sábado (REUTERS/Jonathan Ernst)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2015 às 09h15.

Cidade do Panamá - Cuba e os Estados Unidos acabam de fazer história. Agora vem a parte mais difícil.

Na primeira reunião do tipo em quase 60 anos, o presidente norte-americano, Barack Obama , e o líder cubano, Raúl Castro, se reuniram por mais de uma hora no sábado, em uma cúpula regional no Panamá, dando um passo a mais para restaurar os laços diplomáticos.

Foi o resultado de quase dois anos de negociações secretas e diplomacia silenciosa, e o clima foi positivo, tanto no local do encontro como fora, onde os líderes latino-americanos elogiaram Obama por acabar com décadas de hostilidade dos Estados Unidos para com a ilha comunista.

Obama vê claramente Cuba como uma possível história de sucesso em sua política de aproximação com inimigos dos Estados Unidos.

Em um momento de múltiplos riscos na sua trajetória em política externa –do programa nuclear iraniano e a guerra na Síria ao envolvimento da Rússia na Ucrânia e a violência do Estado Islâmico–, dar-se bem com Cuba parece algo relativamente fácil.

"A Guerra Fria acabou", disse Obama. "Acho que há uma forte maioria tanto nos Estados Unidos como em Cuba que diz que a nossa capacidade de engajamento, de abertura para o comércio e as viagens e de trocas entre as pessoas vai ser, por fim, boa para o povo cubano."

No entanto, o abismo entre os dois lados ainda é grande, ilustrado pela ausência de bandeiras dos EUA e de Cuba na reunião cuidadosamente orquestrada no sábado, em uma sala de conferências esparsamente mobiliada.

O embargo econômico dos EUA, que bloqueou quase todo o comércio entre as duas nações nas últimas cinco décadas, se mantém firme. A situação dos direitos humanos em Cuba ainda é desdenhada por Washington, e a política externa norte-americana é motivo de desprezo por parte de Havana.

"Não vamos nos enganar. Temos um monte de diferenças", disse Raúl, de 83 anos, um inimigo dos Estados Unidos durante a maior parte de sua vida e que ainda critica apaixonadamente as políticas passadas do governo norte-americano, apesar de elogiar Obama como "um homem honesto".

"Em outras palavras, estamos dispostos a falar sobre tudo com paciência, com muita paciência", acrescentou Raúl, que é general do Exército e irmão mais novo do líder revolucionário Fidel Castro.

Obama e Raúl anunciaram em dezembro que iriam trabalhar para restabelecer relações diplomáticas completas, cortadas em 1961, reabrir embaixadas nas capitais de ambos os países e liberalizar o comércio e as viagens.

O restabelecimento das relações diplomáticas é bastante fácil, exigindo pouco mais do que o acordo dos presidentes, mas as normalização das relações como um todo pode levar anos.

Cuba não tem dado sinais de que está disposta a permitir direitos políticos mais amplos.

O governo se refere aos dissidentes como mercenários, move-se rapidamente para sufocar a oposição e, além disso, Raúl deixou claro que não pretende permitir qualquer relaxamento do poder do Partido Comunista.

Embora Cuba busque atrair o investimento estrangeiro, quaisquer empresas norte-americanas que pretendam se instalar lá vão precisar da bênção do governo. O governo de Raúl se move com cautela, como tem mostrado com próprias reformas econômicas de abertura ao mercado nos últimos anos.

No curto prazo, Cuba ainda está esperando ser removida da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, uma designação unilateral do Departamento de Estado dos EUA, que o governo cubano considera injusta.

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Cidade do Panamá - Cuba e os Estados Unidos acabam de fazer história. Agora vem a parte mais difícil.

Na primeira reunião do tipo em quase 60 anos, o presidente norte-americano, Barack Obama , e o líder cubano, Raúl Castro, se reuniram por mais de uma hora no sábado, em uma cúpula regional no Panamá, dando um passo a mais para restaurar os laços diplomáticos.

Foi o resultado de quase dois anos de negociações secretas e diplomacia silenciosa, e o clima foi positivo, tanto no local do encontro como fora, onde os líderes latino-americanos elogiaram Obama por acabar com décadas de hostilidade dos Estados Unidos para com a ilha comunista.

Obama vê claramente Cuba como uma possível história de sucesso em sua política de aproximação com inimigos dos Estados Unidos.

Em um momento de múltiplos riscos na sua trajetória em política externa –do programa nuclear iraniano e a guerra na Síria ao envolvimento da Rússia na Ucrânia e a violência do Estado Islâmico–, dar-se bem com Cuba parece algo relativamente fácil.

"A Guerra Fria acabou", disse Obama. "Acho que há uma forte maioria tanto nos Estados Unidos como em Cuba que diz que a nossa capacidade de engajamento, de abertura para o comércio e as viagens e de trocas entre as pessoas vai ser, por fim, boa para o povo cubano."

No entanto, o abismo entre os dois lados ainda é grande, ilustrado pela ausência de bandeiras dos EUA e de Cuba na reunião cuidadosamente orquestrada no sábado, em uma sala de conferências esparsamente mobiliada.

O embargo econômico dos EUA, que bloqueou quase todo o comércio entre as duas nações nas últimas cinco décadas, se mantém firme. A situação dos direitos humanos em Cuba ainda é desdenhada por Washington, e a política externa norte-americana é motivo de desprezo por parte de Havana.

"Não vamos nos enganar. Temos um monte de diferenças", disse Raúl, de 83 anos, um inimigo dos Estados Unidos durante a maior parte de sua vida e que ainda critica apaixonadamente as políticas passadas do governo norte-americano, apesar de elogiar Obama como "um homem honesto".

"Em outras palavras, estamos dispostos a falar sobre tudo com paciência, com muita paciência", acrescentou Raúl, que é general do Exército e irmão mais novo do líder revolucionário Fidel Castro.

Obama e Raúl anunciaram em dezembro que iriam trabalhar para restabelecer relações diplomáticas completas, cortadas em 1961, reabrir embaixadas nas capitais de ambos os países e liberalizar o comércio e as viagens.

O restabelecimento das relações diplomáticas é bastante fácil, exigindo pouco mais do que o acordo dos presidentes, mas as normalização das relações como um todo pode levar anos.

Cuba não tem dado sinais de que está disposta a permitir direitos políticos mais amplos.

O governo se refere aos dissidentes como mercenários, move-se rapidamente para sufocar a oposição e, além disso, Raúl deixou claro que não pretende permitir qualquer relaxamento do poder do Partido Comunista.

Embora Cuba busque atrair o investimento estrangeiro, quaisquer empresas norte-americanas que pretendam se instalar lá vão precisar da bênção do governo. O governo de Raúl se move com cautela, como tem mostrado com próprias reformas econômicas de abertura ao mercado nos últimos anos.

No curto prazo, Cuba ainda está esperando ser removida da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, uma designação unilateral do Departamento de Estado dos EUA, que o governo cubano considera injusta.

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