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Uso de NFTs como ingressos ganha força para evitar falsificação e cambismo

Além de prevenir crimes, ingressos em NFT podem proporcionar novo tipo de engajamento com o público e lucro para empresas

Ingressos podem virar NFTs (Getty Images/Reprodução)
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 11 de abril de 2023 às 17h23.

Última atualização em 12 de abril de 2023 às 10h33.

Os ingressos em papel estão com seus dias contados. Indo além, eles podem virar tokens não fungíveis ( NFTs ) para garantir o acesso a shows, partidas esportivas e diversos outros eventos com segurança.

Segundo especialistas, a tecnologia blockchain aplicada nos tokens não fungíveis pode resolver problemas como o cambismo e a falsificação de ingressos, por exemplo. Um novo tipo de engajamento com o público também é possível, a partir dos benefícios exclusivos que os NFTs já oferecem, como o acesso a experiências VIP, conhecer determinado artista, entre outros.

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Eventos que já adotaram os NFTs

No Festival de Cinema de Tribeca, em Nova York, o acesso será garantido por ingressos na forma de NFTs. Os convites oferecem acesso a áreas privativas e experiências especiais no evento que ocorre entre 7 e 18 de junho de 2023.

O cantor brasileiro Milton Nascimento, que se despediu dos palcos neste ano, também comercializou ingressos em NFT para a sua última turnê. Por R$ 1,2 mil cada um, os ingressos continham uma cópia de um desenho feito pelo próprio cantor que estampou o álbum "Geraes", de 1976.

A banda Capital Inicial também adotou os ingressos em NFT. Foram vários tipos, desde a pré-venda até o ingresso de Meet & Greet, que garante ao comprador a possibilidade de conhecer os membros da banda. Diversas categorias dos ingressos para os shows do Rio de Janeiro e Brasília esgotaram em menos de 24 horas.

O São Paulo Futebol Clube também estuda disponibilizar ingressos na forma de NFTs para as suas partidas através do hub inova.são, criado em julho de 2022.

Vantagens

“Uma solução que queira emplacar precisa antes de tudo trazer uma experiência melhor do que a que se tem atualmente antes de querer resolver os outros problemas, caso contrário não terá adesão do público, tanto de organizadores quanto de consumidores de eventos. Tendo isso, acredito que o potencial é enorme”, comentou Lucas Yamamoto, fundador da Passify, que desenvolve uma solução para ingressos em NFT.

Além da possibilidade de proporcionar ao público novas experiências com os artistas e times que gostam, empresas que adotarem o formato podem ter diversos outros benefícios, incluindo no lucro.

Segundo um levantamento feito pela Sportsvalue no ano de 2021, o futebol, esporte mais popular do mundo, movimentou valores acima de R$ 1 trilhão. O mesmo estudo aponta que só os clubes brasileiros podem arrecadar aproximadamente R$ 360 milhões com tokens, NFTs e novos ativos.

Problemas como cambismo, falsificação e falta de transparência em plataformas de compra de ingressos podem ser deixados para trás em uma nova realidade onde NFTs são a escolha perfeita para as empresas do setor de entretenimento.

“Atualmente vemos alguns problemas da indústria de ingressos que derivam de um mesmo fator. Muitos eventos como shows e jogos de futebol esgotam. Às vezes isso acontece muito rápido: em minutos. Isso pode ter várias razões, mas a falta de transparência muitas vezes levanta algumas dúvidas a respeito do processo de venda: cambistas possuem acesso antecipado ou facilitado? O organizador do evento ou a plataforma de venda tem algum interesse por trás? Com os registros de emissão e venda em um banco de dados público e transparente esse mistério seria solucionado de forma imediata”, esclareceu Yamamoto, à EXAME.

Apesar de existirem algumas plataformas que buscam resolver este problema atualmente, ele não é plenamente resolvido sem o envolvimento da descentralização e transparência do blockchain, segundo Yamamoto. Por meio da tecnologia, é possível garantir a autenticidade e exclusividade do ingresso.

“Hoje, temos algumas opções de mercado secundário como Stubhub, Via Gogo, mas apesar de eles proverem um ambiente de troca mais seguro que comprar com um desconhecido na rede social ou na rua, essas plataformas não conseguem garantir que os ingressos negociados são autênticos”, explicou.

“O fato é que apesar de você ter um intermediário que eventualmente vai mediar um conflito entre as partes, o que comprador quer é comparecer ao evento e não ser ressarcido em caso de problema com o ingresso. Com a tecnologia de blockchain também seria imediata a solução para a autenticidade dos ingressos sendo negociados”, acrescentou.

Controvérsias

Além dos ingressos, outros eventos já utilizaram os NFTs como uma nova forma de engajamento com o público. O Rock in Rio do ano passado, por exemplo, distribuiu NFTs de “pulseiras virtuais” do evento, gerando controvérsia entre os fãs. A nova turnê do cantor The Weeknd também fechou uma parceria com a Binance para a distribuição de NFTs.

"O termo NFT foi muito mal utilizado nos últimos anos. Atribuímos um sentido que não representa a sua utilidade, como se fosse um item que você coleciona para especular dinheiro por causa do seu alto valor, um item elitista, pouco democrático e sem valor na vida real. Hoje em dia é uma tecnologia que faz justamente o contrário, pois começa a romper essa perspectiva por melhorar serviços que já estão na vida das pessoas. Acho importante saber que a tecnologia também cria novos rumos e produtos”, disse Bruno Maia, especialista em inovação e tecnologia para a indústria do esporte.

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