Um novo olhar sobre perguntas e riscos: o que IA e inovação nos ensinam?
Não fomos educados para criar hipóteses, nem para fazer perguntas, habilidades que estão se tornando imprescindíveis no cotidiano da inovação e do uso de inteligência artificial
Redação Exame
Publicado em 2 de julho de 2023 às 10h00.
Por Regina Migliori*
Diante da inteligência artificial, do ChatGPT e congêneres, somos desafiados a fazer perguntas, pois sem a pergunta adequada, a resposta não virá de forma satisfatória.
Nos ecossistemas de inovação, seja como startup, corporate, investidor, venture capital, venture builder, somos diariamente desafiados a decidir com base em hipóteses e riscos. Não há resposta certa previamente estabelecida, só possibilidades.
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E aí nos deparamos com um imenso problema: o condicionamento da educação tradicional através do intenso treino para repetir a resposta certa, em uma constante busca, quase desesperada, pela resposta que resulte na nota necessária para obter um diploma. Uma boa memória muitas vezes era suficiente. São décadas de vidas dedicadas ao treino de repetir a certeza das respostas e não em desenvolver a capacidade de fazer perguntas e criar hipóteses inovadoras.
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Mas de repente, um novo mundo se apresenta: impermanente, veloz, interdependente, onde as habilidades exigidas não passam pela estabilidade da certeza de resposta, e sim pela necessidade de arriscar ou pelo menos de saber perguntar para poder decidir.
Convivo de perto com o universo da inovação e dos investimentos, e acompanho um cenário muitas vezes desconcertante: no Brasil há milhões de startups propondo soluções inovadoras. Por outro lado, há pouco mais de 7.000 investidores anjo, ou seja, um número bem pequeno para investir no risco da inovação. Este é o retrato de uma mentalidade que busca certezas, brecando a inovação.
O futuro deixou de ser uma linha reta, onde os eventos se sucedem e vão chegando até nós e passou a se constituir em um mar de possibilidades, onde nossas escolhas constroem o que virá.
Saber perguntar para IA e analisar respostas, ou decidir investir no risco da proposta inovadora de uma startup, fazem parte deste novo olhar. É preciso ter habilidades que consigam lidar com a infinidade de riscos, com a necessidade de questionar, de interagir com múltiplas possibilidades e com a responsabilidade de saber decidir.
Está difícil para todo mundo. Mas é ponto de não retorno. O mundo estável da segurança das respostas se foi para sempre!
*Regina Migliori é presidente do conselho da Mubius WomenTech Ventures, a primeira WomenTech do Brasil. Parte da FCJ Venture Builder, criada em 2013, em Belo Horizonte, a Mubius WomenTech Ventures é a primeira WomenTech do Brasil. Com metodologia própria e validada no mercado de startups, a companhia busca investir em lideranças femininas por acreditar que se trata de um novo olhar e de uma nova forma de se relacionar e de fazer negócios.
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