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Stablecoins e as tendências de pagamentos em 2026

Stablecoins deixam de ser experimento e passam a operar como infraestrutura global de pagamentos, conectando Pix, cartões e transferências internacionais com liquidação quase instantânea

 (metamorworks/Getty Images)

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Da Redação
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Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 16h00.

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Por Hector Fardin*

A consolidação das stablecoins como infraestrutura financeira global é um dos movimentos mais relevantes do sistema de pagamentos contemporâneo. Em 2025, esse fenômeno deixou de ser experimental para operar em escala, com volumes anuais de transferências em stablecoins como USDT e USDC estimados em dezenas de trilhões de dólares, patamar comparável ao volume processado por redes globais como Visa e Mastercard. Mais do que um novo ativo digital, stablecoins passaram a cumprir funções clássicas do sistema financeiro, operando como alternativa funcional ao SWIFT em fluxos específicos de liquidação internacional.

Esse movimento aponta para 2026 como o ano em que stablecoins devem se consolidar como um arranjo de pagamentos alternativo não apenas ao SWIFT, mas também às bandeiras de cartão e até para arranjos locais como o ACH. O diferencial é estrutural: liquidação quase instantânea, custos significativamente menores, operação 24/7 e auditabilidade nativa, características inexistentes na infraestrutura financeira tradicional.

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Esse futuro já está em operação. Hoje, um argentino consegue viajar ao Brasil e pagar um QR Code Pix diretamente, sem conta bancária local ou CPF. Ao utilizar seu aplicativo financeiro no país de origem, o usuário lê o QR Code Pix e o pagamento é liquidado por uma infraestrutura baseada em stablecoins: o valor sai do peso argentino, é convertido em stablecoins em dólar, depois em stablecoins lastreadas em real e, por fim, é liquidado via Pix para o recebedor. Esse tipo de fluxo pode ocorrer em qualquer local com aceitação de Pix e já é comum em grandes centros urbanos e destinos turísticos, como Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo.

Na prática, estrangeiros já utilizam esse modelo para pagar consumo cotidiano em empresas como Uber, McDonald’s e Renner, além de hotéis e restaurantes. O que antes exigia casas de câmbio, cartões internacionais ou transferências lentas hoje acontece de forma invisível, barata e praticamente instantânea para o usuário final, com liquidação em segundos.

A expansão de soluções, como neobanks, carteiras digitais e contas globais, tende a acelerar em 2026 com o crescimento dos neobanks e fintechs que já nascem com infraestrutura construída sobre stablecoins. Diferentemente dos bancos tradicionais, esses players operam com o conceito de wallet como uma “conta global”. Em vez de abrir contas bancárias em cada país, o usuário mantém saldos em stablecoins representativas de diferentes moedas, como USDT ou USDC para o dólar e BRLA para o real, e assim por diante, tudo na mesma conta.

Pagamentos e transferências globais ocorrem de forma instantânea, 24 horas por dia, sete dias por semana, com custos marginais reduzidos e sem a complexidade operacional do sistema bancário internacional. Esse tipo de experiência só é possível porque empresas de infraestrutura financeira baseadas em stablecoins passaram a orquestrar a liquidação desses fluxos. Plataformas permitem que neobanks e fintechs que operam com wallets e stablecoins se conectem aos sistemas de pagamento locais de cada país, viabilizando pagamentos entre moedas locais de forma prática, segura e com custos significativamente menores. Nesse modelo, stablecoins em dólar funcionam como o principal ponto de liquidez entre moedas locais, enquanto infraestruturas conectam a camada blockchain aos sistemas regionais de pagamento — como Pix, ACH ou SEPA — garantindo uma experiência fluida, estável e regulada.

Criadores globais, fintechs globais

Assim como a internet permitiu que criadores de conteúdo já nasçam globais, o blockchain, por meio das stablecoins, permite que fintechs sigam o mesmo caminho. Um consumidor na Turquia pode pagar um criador brasileiro utilizando USDT ou USDC, desde que consiga converter sua moeda local em dólar digital, enquanto o recebedor realiza a conversão do dólar digital para real. Cada ponta interage apenas com sua moeda de referência, enquanto a liquidação ocorre em stablecoins.

Pix como precedente e stablecoins como próxima etapa

Se antes não era possível comprar uma pizza no fim de semana usando DOC ou TED, o Pix demonstrou como uma infraestrutura moderna pode reduzir custos, acelerar pagamentos e operar 24/7, redefinindo o comportamento econômico no Brasil. As stablecoins representam esse mesmo avanço em escala global. Elas não apenas facilitam pagamentos em uma única moeda, mas viabilizam a interoperabilidade entre países, transformando operações cambiais complexas em fluxos triviais de liquidação.

No plano regulatório, o cenário também evoluiu. Em 2025, houve avanço da regulação dos Prestadores de Serviços de Ativos Virtuais (PSAV) no Brasil, enquanto o Drex perdeu tração como solução de varejo, com indicação clara do Banco Central no sentido de regular emissores privados de stablecoins, criando previsibilidade jurídica para o desenvolvimento de soluções de mercado.

*Hector Fardin é cofundador da Avenia.

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