Futebol pode se beneficiar de soluções em blockchain (Fernando Torres/CBF/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2022 às 11h39.
O futebol não gosta de inovação. O futebol gosta de dinheiro novo, mesmo que ele não entenda o que ele está vendendo. Isso vale para quase todo o mercado mundial e ainda mais para o mercado brasileiro.
Quando escrevi o "Inovação é o Novo Marketing" (2020), depois de ter passado pelo cargo de VP de Marketing do Vasco da Gama, já partia bastante desse insight para cravar que o futebol mudaria em 10 anos o que não havia mudado em 100.
Não afirmava isso por ver um viés vanguardista ou uma vontade de se atualizar, mas porque havia muito dinheiro para se fazer no futebol com negócios digitais e o dinheiro não aceita ofensa muito tempo. Ele ia acabar invadindo o esporte pela sua própria força e levar as mudanças a acontecerem.
O modelo de patrocínio é o modelo de "marketing", que entrou no futebol nos anos 70 e 80, e baseia boa parte da capacidade de geração de novas receitas até hoje. Quando escolho o título que dei ao livro citado era justamente por crer que a inovação era um novo campo de entrada de capital a ser descoberto e explorado pelo esporte.
Por isso, também não é estranho ver como boa parte dos produtos digitais comecem a se posicionar como contrapartidas de... patrocínios. Em vez de serem entendidos como fontes de receita em si, eles são inicialmente um apêndice.
Não tenho dúvida de que esse jogo vira, pela mesma razão que descrevi acima: o dinheiro não aceita ofensa muito tempo. O problema desse início "inadequado", faz com a rota seja mais longa para se chegar a um mesmo lugar.
A inovação e os produtos digitais são, por princípio, meios transacionais diretos, com menos intermediários, facilitando a vida do consumidor e do provedor. Os clubes, em especial, ainda não entenderam tão bem o potencial que teriam como pólos centrais de inteligência geradora e criadora dessas oportunidades.
O avanço das soluções em blockchain tende a acelerar isso. O sucesso mais rápido de quem for bem por esse caminho também acabará pautando o mercado. Vai chegar.
E ainda assim, apesar de todos os percalços, dois anos depois de ter dito isso pela primeira vez, não mudo em nada a minha previsão: o futebol vai mudar em 10 anos (dos quais já se passaram dois), o que não mudou em 100.
*Bruno Maia é especialista em inovação e novas tecnologias do esporte e entretenimento e sócio da Feel The Match, desenvolvedora de propriedades intelectuais para Web3 e Streaming. Autor do livro 'Inovação é o Novo Marketing', em 2020, e produtor e diretor de séries audiovisuais na Globoplay, como 'Nos Armários do Vestiários', e do filme 'Romário - O Cara' para HBO MAX (previsão de lançamento para 2023).
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