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Opinião: Criador do bitcoin pode ter sido uma mulher, por que não?

Movimento criado por mulheres no mercado de criptomoedas luta por igualdade e defende possibilidade de criador anônimo do bitcoin ter sido uma mulher

Movimento ficou conhecido como "Satoshi is female" (Reprodução/Reprodução)

Movimento ficou conhecido como "Satoshi is female" (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 8 de março de 2023 às 19h00.

Última atualização em 9 de maio de 2023 às 19h54.

Por Maggie Wu*

Se você está a tempo o suficiente no mundo cripto e frequentou eventos, é bem capaz que já tenha visto frases como; "Satoshi é uma mulher" estampando camisetas, ou até mesmo sendo comentada entre influenciadoras do meio. À primeira vista elas podem apenas parecer apenas uma frase de impacto e algo para gerar polêmica dentro do mercado cripto, mas na verdade, entendo que há mais significado do que apenas afirmar que a criadora do bitcoin é uma mulher.

Satoshi Nakamoto é o pseudônimo usado pela pessoa/pessoas que criaram o bitcoin e consequentemente a primeira blockchain. Desde sua primeira aparição, ninguém sabe ao certo a sua verdadeira identidade, mas dentro da comunidade, a imagem de Satoshi é atribuída a um homem.

Apesar disso, nada exclui a possibilidade de Satoshi ser de fato uma mulher. Não é segredo que o mercado financeiro ainda carrega um forte preconceito quando se trata de mulheres na indústria, questão que ainda assombra o mercado cripto.

Quando pensamos em um dos principais ideais para criação de blockchains, a descentralização, automaticamente trazemos a necessidade de mulheres dentro do mercado para distribuição igualitária de poder entre os dois gêneros. Isso pode ser pensado uma vez que o mundo cripto com apenas homens em posição de liderança e decisão significa que ainda não atingiu a maturidade necessária para colocar em prática o conceito da descentralização.

"Satoshi is Female", ou "Satoshi é uma mulher", surgiu como um movimento entre 2017-2018 com um grupo de hackers que tinha como principal objetivo desafiar e quebrar a cultura estritamente masculina, gerando assim maior inclusão dentro do mercado. Desde então tem se popularizado entre a comunidade feminina.

A frase faz mais sentido ainda quando pensamos em mulheres que escolheram usar pseudônimos masculinos a fim de não terem seu trabalho julgado com base no seu gênero. Mary Ann Evans e Amantine Dupin são duas das maiores romancistas europeias que publicaram seus trabalhos como George Eliot e George Sand respectivamente.

O que esse movimento trouxe para o mercado?

Uma pesquisa da Receita Federal Brasileira feita em 2021 apontou que 90% dos investidores criptos eram compostos por homens. Apesar disso, o cenário começa a apresentar sinais de melhora no sentido de inclusão.

Segundo pesquisa do Retail Investor Beat da eToro a porcentagem de posse de criptomoedas sntre mulheres passou de 29% no terceiro trimestre de 2022 para 34% no último trimestre. Além disso, segundo dados da Receita Federal destacam criptomoedas como segunda classe de ativos mais possuído entre mulheres.

O movimento ainda abre espaço para projetos interessantes como é o caso da Eve DAO e Her DAO, projetos focados em trazer inclusão para o mercado. Mulheres em posição de poder dentro do mercado também trazem essa abertura uma vez que, funcionam como decisoras e tem poder de mudança deste panorama pouco amigável para o público
feminino.

Estou presente no ecossistema ecossistema Web3 desde seu início, tendo fundado minha primeira empresa na área em 2017, mas atuando antes disso. Durante a quantidade de tempo em que estive consigo perceber uma clara evolução quando se trata de inclusão feminina. O mercado era conhecido por carregar um estigma de “bro culture” e ainda engatinhava para atingir público mais diverso. Esse tipo de situação afastava mulheres que poderiam ter algum tipo de interesse nesta forma de investimento e até mesmo na tecnologia blockchain no geral.

A cada bull e a cada bear market, consigo ver por experiência própria a evolução das mulheres que agora passaram a ocupar espaços onde nos fazem sentir como intrusas. Acredito que a palavra chave que devemos atribuir às investidoras deste ecossistema é resiliência, de persistir nas altas e baixas mas principalmente perseverar para que o mercado as reconheça como público alvo.

Como mulher em posição de liderança creio que causo impacto no mercado uma vez que minhas decisões impactam no ecossistema e consequentemente, posso trabalhar para evolução deste panorama. Ainda existem muitos desafios mas consigo ver claramente o que poder da união feminina pode causar de impacto na comunidade.

Enxergar “Satoshi is female” como uma possibilidade para além de um movimento é o que vai fazer com que mulheres se sintam confortáveis para ocupar espaços que ainda não são vistos como delas. O trabalho agora deve ser feito para que homens da comunidade possam agir como aliados para crescimento, uma vez que enquanto metade da população for excluída do movimento de revolução digital, pensar em uma adoção massificada é apenas uma ilusão.

*Maggie Wu é CEO e cofundadora da TruBit. Ela recebeu seu diploma de bacharel na Universidade de Xiamen e fez estudos avançados no MIT Sloan. Em 2017, ela fundou o Krypital Group, uma empresa de capital de risco e incubadora no espaço cripto.

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