Ideia é expandir o fornecimento a mineradoras de criptomoedas para cerca de 8 MW até o final do ano (Bloomberg/Getty Images)
A empresa estatal de energia YPF Luz, da Argentina, iniciou um projeto piloto para fornecimento de gás residual da exploração de petróleo, que seria desperdiçado, para ser utilizado na mineração de criptomoedas.
De acordo com a agência estatal de notícias Télam Digital, a operação ocorre na região de Vaca Muerta, um importante centro de produção de petróleo e gás natural na Argentina. A YPF atua na região extraindo as commodities.
O objetivo do projeto é redirecionar parte do gás natural residual do processo de extração de petróleo, também conhecido como "flare gas", para uma mineradora de criptomoedas na mesma região, permitindo a sua operação com uso de energia de baixíssimo custo.
O site Infobae informou que o fornecimento deverá ser de 1 megawatt (MW) e que a mineradora de criptomoedas é operada por um "cliente internacional" da YPF. O projeto está em desenvolvimento há cerca de três meses.
A ideia é expandir o fornecimento para cerca de 8 MW até o final do ano, segundo o CEO da YPF LUz, Martín Mandarano. “Começamos a desenvolver este piloto de geração para mineração de criptomoedas com uma visão de sustentabilidade e negócios a partir do gás natural residual, que não pode ser utilizado no momento da exploração e no início da produção de um campo de petróleo”, explicou à Télam.
O gás natural é uma fonte menos poluente que o petróleo e o carvão, e o uso por uma mineradora evita os impactos ambientais ligados a ele durante o processo de extração de petróleo.
Pelo projeto, as mineradoras pagarão à YPF pelo fornecimento, e esse pagamento poderá ser feito seguindo um preço do blockchain ligado à atividade ou seguindo um preço fixo.
A empresa não especificou quais criptomoedas seriam mineradas pelas participantes do projeto. A mineração do bitcoin, por exemplo, envolve a chamada prova de trabalho (proof-of-work), em que mineradores usam computadores potentes para resolver problemas matemáticos complexos e validar transações, criando novos blocos que registram movimentações financeiras.
Um levantamento da Universidade de Cambridge divulgado em 28 de setembro mostra ainda que, em 2021, o gás natural e a energia nuclear ganharam espaço como fontes de energia ligadas ao processo de mineração de bitcoin.
O carvão continua sendo a principal fonte, com 36,6% do total, enquanto a fonte hidrelétrica possui 14,9%. Já o gás natural teve alta de 12,8% em 2020 para 23% em 2021, enquanto a energia nuclear passou de 4% para 8,9%.
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