Exame Logo

Deepfake: hackers criam vídeo falso com diretor de corretora cripto para roubar investidores

Montagem de vídeo com diretor da Binance tentava enganar e roubar empreendedores do mercado cripto com falsa listagem de tokens na corretora

Hackers usaram técnica conhecida como "deepfake" para desenvolver golpe com criptomoedas (NatalyaBurova/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 12h24.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 12h49.

Golpes e fraudes acontecem em todos os setores da sociedade. Dos eletrônicos falsificados aos elaborados golpes de roubo de acesso a contas bancárias, criminosos estão por toda parte. No mercado cripto, que envolve uma tecnologia com a qual a maioria das pessoas ainda não está totalmente habituada, isso não poderia ser diferente. São vários os tipos de golpe neste setor, e a lista acaba de crescer com um método tão complexo quanto convincente: o uso de vídeos falsos, os chamados "deepfakes".

No último fim de semana, o diretor de comunicação da Binance, Patrick Hillmann, publicou um artigo no qual conta ter sido alvo de um hacker que se passou por ele usando a técnica de montagem de vídeo. O objetivo, diferente da maioria dos golpes, que visa obter acesso às carteiras dos investidores, era enganar executivos envolvidos no lançamento de criptomoedas.

Veja também

-(Mynt/Divulgação)

Os golpistas se passavam pelo diretor da corretora cripto oferecendo a listagem da criptomoeda na plataforma e exigiam um pagamento para que isso fosse concretizado. Como tem o maior volume de negociação do mundo, a listagem de um token na Binance pode gerar um enorme fluxo financeiro para o projeto, e é daí o apelo dos criminosos.

"Ao longo do último mês, recebi várias mensagens me agradecendo por dedicar um tempo para me reunir com as equipes de projeto sobre possíveis oportunidades de listagem de seus ativos na Binance. Isso foi estranho, porque eu não faço nenhuma supervisão ou tenho qualquer conhecimento das listagens da Binance, nem me encontrei com nenhuma dessas pessoas antes", contou Hillmann.

Ele, então, explicou como o golpe foi criado: "Uma sofisticada equipe de hackers usou entrevistas anteriores e aparições minhas na TV, ao longo dos anos, para criar um 'deepfake'. Além dos 15 quilos que ganhei durante a pandemia estarem visivelmente ausentes, esse 'deepfake' era refinado o suficiente para enganar vários membros altamente inteligentes da comunidade cripto".

Hillmann compartilhou, ainda, uma troca de mensagens em que o seu interlocutor afirma ter recebido convite para uma reunião online em que o diretor de comunicação da Binance aparecia com a câmera ligada — mas não era ele, e sim a montagem de vídeo.

O funcionário da Binance também afirmou que tem aumentado o número de criminosos que tentam se passar por colaboradores da corretora em plataformas como LinkedIn, Twitter e outras redes sociais, e listou uma série de dicas para evitar cair em golpes comuns do mercado cripto, como o "phishing", que rouba credenciais de acesso utilizando sites e e-mails falsos, sugerindo verificações de segurança básica, como conferir endereços de e-mail e URLs de sites.

"Seja você um usuário da Binance ou um fundador de uma startup em blockchain, a vigilância é a arma mais poderosa. Os criminosos não precisam de habilidades técnicas avançadas para roubar seus fundos — basta fazer você acreditar neles", disse, complementando que consumidores devem sempre desconfiar de mensagens que peçam transferências financeiras ou o compartilhamento de dados e informações privadas.

Apesar de ainda ser um terreno fértil para criminosos e golpistas, o mercado cripto tem uma vantagem em relação a outros setores da sociedade: a rastreabilidade e imutabilidade dos dados que circulam em blockchain. No entanto, apesar disso tornar mais simples a perseguição de autoridades aos criminosos, ainda está longe de garantir que roubos e outros crimes não possam acontecer. Não por acaso, mesmo que um relatório recente da Chainalysis mostre que o número de golpes neste mercado diminuiu consideravelmente no último ano, esse tipo de atividade ilegal ainda movimenta bilhões de dólares todos os anos.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasFake newsFraudesHackers

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Future of Money

Mais na Exame