Criptomoedas: ainda dá tempo para uma 'temporada de altcoins' em 2024?
O que os ciclos anteriores nos ensinam: entenda como o mercado evolui até a altseason, momento de retornos explosivos com cripto. Será que está próxima?
Especialista em criptoativos
Publicado em 13 de outubro de 2024 às 11h00.
Voltamos ao momento “água de salsicha” no mercado cripto, como eu costumo chamar. Tivemos um breve momento de entusiasmo após o anúncio do corte de juros da economia americana, que conseguiu tirar a moeda do patamar dos US$ 55 mil.
Neste momento, porém, vemos o bitcoin oscilando entre US$ 58.000 e cerca de US$ 63.000 sem um movimento decisivo de alta.
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Enquanto isso, algumas altcoins, as criptos alternativas ao bitcoin, também começam a mostrar boas valorizações, como o blockchain de primeira camada SUI (SUI), que subiu mais de 170% só nos últimos 30 dias, e Bittensor (TAO), de protocolo de IA descentralizada, com mais de 110% de valorização em setembro.
Mas o investidor não vê a hora da volta dos ralis emocionantes, um atrás do outro, a exemplo dos que vivemos no ciclo de alta 2020-2021. Momento em que as altcoins apresentam valorizações explosivas com o aumento do interesse dos investidores de varejo, em uma temporada que ganha o nome de altseason.
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Não acredito que esse momento esteja distante. Nas análises que faço semanalmente, Indicadores importantes mostram que estamos batendo à porta de uma segunda pernada de alta, após aquela que culminou com um novo recorde de preço para o bitcoin em março deste ano.
Como é o caminho até a altseason?
O infográfico acima, “Caminho para a Altseason” (“Path to Altseason”), resume um padrão da trilha até a altseason considerando os ciclos de alta anteriores, como os de 2017/2018 e 2020/2021.
Na Fase 1 (Phase 1), o capital flui para o bitcoin causando um aumento no preço da cripto, que estabelece seu domínio de mercado, atraindo capital e atenção. Ainda na fase 1, os ganhos de bitcoin começam a se estabilizar e a atenção começa a ser desviada ao ether, levando à Fase 2, quando a cripto nativa da rede Ethereum começa a ter um desempenho melhor que o bitcoin.
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O movimento do ether “contamina” outras moedas entre as mais estabelecidas, de alta capitalização de mercado, conhecidas como “larges caps” ou “blue chips”. A Solana é um exemplo. Assim, chegamos à Fase 3, quando o ether performa melhor que o bitcoin e as large caps engatam ótimas valorizações.
Na Fase 4 (Phase 4), chega, enfim, a altseason. Vemos as blue chips rumar para um pico de valorização, muitas inclusive superando a performance de bitcoin e ether, enquanto criptos de portes menores - médio, baixo e micro market cap - tendem a subir praticamente ao mesmo tempo.
Nessa hora, a maioria das moedas, independentemente de sua capitalização de mercado e fundamentos, acaba tendo valorizações muito significativas. A euforia tomou conta do mercado: os investidores de varejo estão em peso no jogo, estimulados pelas notícias que pipocam na mídia e redes sociais sobre os retornos explosivos.
Mas isso significa que este ciclo de alta vai ser igualzinho?
Não. Cada ciclo tem as suas características específicas. Ainda assim, o infográfico é uma boa referência para entendermos um pouco a lógica da criptoesfera.
Um dos principais diferenciais deste ciclo é a significativa presença de investidores institucionais, que têm concentrado o capital em ativos considerados mais seguros, como bitcoin e ether. Isso resultou em uma diminuição importante do foco nas altcoins.
O grande motor dessa adesão institucional foi o surgimento dos ETFs à vista de bitcoin e ether. Com a adoção desses produtos, os investidores institucionais trouxeram dinheiro novo para o mercado.
O ETF é uma oportunidade de instituições e investidores de alto patrimônio investir em bitcoin sem as complexidades de comprar e armazenar o ativo diretamente, além de operar em ambiente regulado, já que são fundos vendidos em bolsa.
Essa dinâmica inédita neste ciclo alterou o fluxo de liquidez no mercado, direcionando mais capital para bitcoin e ether e, por consequência, gerando menos liquidez para as altcoins.
Enquanto isso, os investidores de varejo, ainda desolados com a forte correção que encerrou o ciclo de alta de 2021, se mantêm mais distantes do mercado e só um gatilho, como um novo ATH (All Time High) do bitcoin, por exemplo, pode trazê-los de volta.
O gráfico abaixo, do Google Trends, mostra o interesse das pessoas na palavra-chave “Criptomoedas” do fim de 2020 até o momento atual.
A leitura nos diz que estamos ainda distantes do pico de interesse dos investidores de varejo no tema. Observamos dois picos mais altos à esquerda: o primeiro corresponde ao final de maio de 2021 e o segundo, a janeiro de 2022. Em março deste ano (vejam no gráfico o retângulo com as informações), tivemos um retorno um pouco maior desse interesse. Foi o mês em que o bitcoin alcançou um novo recorde histórico de preço, US$ 74 mil. Mas não durou muito a animação e as altcoins ainda estavam em tendência de queda.
Como falei há pouco, o fluxo de dinheiro institucional, inicialmente concentrado no bitcoin e no ether, drenou a liquidez das altcoins em geral, mas o fenômeno pode não durar muito e uma altseason estar no horizonte.
Dominância do bitcoin
Uma altseason fica mais próxima à medida que a dominância do bitcoin diminui. Isso significa que os investidores estão mais confiantes no mercado cripto para sair em busca de ativos mais arriscados, com o intuito de multiplicar ainda mais seus retornos. O foco começa a se deslocar para altcoins.
No último ciclo, 2020-2021, a dominância do bitcoin caiu de 73% para cerca de 40% do mercado total, enquanto as altcoins mais que dobraram sua participação, de 30% para 60%.
Nesse período, vimos a popularização de memecoins como a Shiba e o frisson em torno dos NFTs, os tokens não fungíveis, que mudaram a cena cripto com novas possibilidades para artistas e colecionadores digitais.
Investidores de varejo
A entrada dos investidores de varejo no jogo é um sinal claro de que a altseason está se aproximando.
Na história dos ciclos, os investidores de varejo começam a retornar ao mercado quando o bitcoin atinge novos recordes de preço. O movimento gera otimismo e uma euforia que “contamina” outras criptomoedas, fortalecendo a confiança geral e atraindo uma entrada massiva do varejo.
Confiantes, os investidores vão em busca de ativos que gerem oportunidades de ganhos explosivos e uma altseason pode se formar.
Esse período é marcado por um aumento generalizado do burburinho em redes sociais como Twitter, Telegram e Discord sobre projetos de market cap menores e memecoins.
Notícias sobre grandes valorizações de altcoins começam a circular na mídia, desencadeando o "efeito manada". Esses relatos de retornos explosivos alimentam o FOMO (medo de ficar de fora), atraindo cada vez mais investidores em busca de oportunidades rápidas de lucro.
Assim, observamos um aumento no volume de negociação das altcoins, acompanhado por maior liquidez tanto em Exchanges Centralizadas (CEX) quanto em Exchanges Descentralizadas (DEX). Esse movimento nas DEX indica que mais investidores estão buscando tokens menos conhecidos, geralmente encontrados nessas plataformas.
O período também é marcado pelo lançamento de diversos novos projetos e ICOs (Initial Coin Offerings). Um ICO é uma forma de levantar capital comum entre novos projetos cripto, que vendem tokens para investidores como uma maneira de financiar seu desenvolvimento. O modelo é semelhante ao IPO no mercado tradicional.
Ao mesmo tempo, a altseason coincide com um aumento no investimento de venture capital (VC) em projetos cripto. Esses investidores buscam aproveitar as oportunidades de valorização e inovação que as iniciativas oferecem.
Um termômetro de altseason é o Altcoin Season Index. O indicador analisa o desempenho das 50 maiores criptomoedas do mercado em relação ao bitcoin em um intervalo de 90 dias.
Quando o índice está abaixo de 25, indica que o mercado está focado no bitcoin, ou seja, é temporada de bitcoin. Agora, quando o índice está acima de 75, indica que mais de 75% das altcoins estão superando o bitcoin, sinalizando uma altseason.
Temos alguns potenciais catalisadores que podem nos trazer uma nova pernada de alta. Um dos mais fortes - talvez o mais forte no curto prazo - são as eleições presidenciais americanas.
Historicamente, eventos eleitorais nos Estados Unidos têm tido impactos importantes sobre os preços das criptomoedas. Falei um pouco sobre isso na coluna anterior, que você pode ler aqui.
O momento é de estar posicionado em cripto à espera da grande alta. Mas ainda existem oportunidades, estude e faça a sua própria pesquisa hoje, porque amanhã já pode ser tarde!
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