Criptoativos

Saída de mineradores de bitcoin da China é positiva, dizem especialistas

Após proibição do governo chinês, mudança das empresas para outros países pode ajudar a reduzir o impacto ambiental do bitcoin

 (NurPhoto/Getty Images)

(NurPhoto/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 22 de junho de 2021 às 15h15.

Última atualização em 22 de junho de 2021 às 15h46.

A pressão do governo da China contra as criptomoedas teve seu capítulo mais recente na segunda-feira, 21, quando três das principais regiões onde se concentram as empreas de mineração de bitcoin proibiram a atividade. A notícia teve grande impacto no mercado de criptomoedas e o preço dos ativos digitais despencou. Mas, segundo especialistas, a mudança não é necessariamente ruim.

A China é, historicamente, devido ao baixo custo de equipamentos e de energia, o principal centro de mineração de bitcoin do planeta. Até dezembro, a proporção do poder computacional da rede Bitcoin produzido no país era de algo entre 60% e 70%. As mineradoras ocupavam principalmente as regiões de Xinjiang, Mongólia Interior, Sichuan e Yunnan — as três primeiras já proibiram a atividade e a última deve fazê-lo em breve.

Com a decisão, as empresas de mineração de bitcoin devem migrar para outros países. Esse processo fez com que o poder computacional da rede despencasse. Apesar disso, especialistas afirmam que os acontecimentos podem ter um resultado positivo para o mercado de criptomoedas.

"Como a mudança do poder de mineração de bitcoin para os Estados Unidos e o Ocidente é uma coisa ruim? Na minha opinião, a China derrubar os mineradores é um grande avanço para o bitcoin", disse David Marcus, líder do projeto F2, do Facebook, e também por trás de projetos como o Facebook Pay e o PayPal.

O analista Nic Carter, da Castle Island Ventures, tem opinião parecida: "Para as pessoas que acham que a proibição da mineração na China vai matar o bitcoin, os blocos serão mais lentos por um tempo e é isso. Banir a mineração em um lugar não faz o bitcoin menos seguro", disse, em abril, quando a província de Xinjiang baniu as mineradoras.

Recentemente, em um vídeo no YouTube, ele voltou a falar do assunto após Sichuan seguir pelo mesmo caminho. Para ele, "mesmo que a hashrate [poder computacional] caia 50%, e especialmente se essa queda for temporária, a segurança do bitcoin permanece intacta".

Carter também afirma que a migração para outros países pode ser exatamente o que o bitcoin precisa para continuar crescendo: "É muito positivo, tanto pela perspectiva da narrativa ecológica quanto pela perspectiva de eliminar esse fator de risco que é a exposição a ataques do governo. É um ponto de virada, e na minha opinião uma grande oportunidade, tanto para os mineradores quanto para os entusiastas do bitcoin, de reescrever essas narrativas que são usadas contra o bitcoin".

Ao citar narrativas usadas contra o bitcoin, o especialista se refere principalmente às discussões sobre o impacto ambiental causado pela mineração de bitcoin, que demanda imenso consumo energético. Regiões como a Mongólia Interior e Xinjiang são famosas por suas termelétricas, que produzem energia da queima de carvão e, por isso, causam danos ao meio ambiente. As duas regiões já proibiram mineradores, e a mudança dessas empresas para outros países pode aumentar a proporção do uso de energia "limpa" no processo de geração de novos bitcoins.

Nesta semana, algumas grandes mineradoras de bitcoin já escolheram outros países. Estados Unidos, Canadá e Cazaquistão aparecem com os principais destinos, mas outras regiões também poderão receber empresas desse mercado bilionário.

No curso Decifrando as Criptomoedas, da EXAME Academy, Nicholas Sacchi mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.

Acompanhe tudo sobre:BitcoinChinaCriptomoedas

Mais de Criptoativos

Trump anuncia NFTs colecionáveis de si mesmo

Criptomoedas: o que muda com a regulamentação das moedas virtuais aprovada pelo Congresso

Estado de Nova York proíbe 'mineração' de criptomoedas; entenda