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Mineradora de bitcoin quer construir parque solar de R$ 4 bilhões nos EUA

Projeto prevê criação do quarto maior parque solar do país, com tamanho equivalente a 900 campos de futebol, mas pode esbarrar em rejeição de moradores

 (Bloomberg/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 28 de maio de 2021 às 14h21.

Última atualização em 28 de maio de 2021 às 16h09.

A empresa americana Madison River Equity LLC entrou com pedido para a construção de um parque solar para viabilizar uma operação de mineração de bitcoin no estado de Montana, nos Estados Unidos. Se aprovado, o parque ocupará 6,5 quilômetros quadrados, equivalente a mais de 900 campos de futebol. O investimento total é estimado em 800 milhões de dólares, ou mais de 4 bilhões de reais.

A Madison River Equity LLC é uma subsidiária da FX Solutions, empresa que também controla a mineradora de bitcoin Atlas Power. A ideia é que o novo parque, chamado Basin Creek Solar Project, seja capaz de produzir 300 megawatts (MW) de energia renovável por ano, o que faria dele o quarto maior do país. Do total, 75 MW seriam destinados à operação com criptomoedas e o restante disponibilizado para outros consumidores da região.

A Atlas Power, que atualmente trabalha para trocar suas máquinas ASIC por processadores GPU, a fim de otimizar sua operação, consome atualmente 25 MW por ano. No novo parque, a ideia é construir oito prédios para abrigar os novos equipamentos e diversificar a operação — as GPUs também podem ser usadas para inteligência artificial e oturas aplicações.

No futuro, se a empresa de mineração prosperar e licenças de ampliação forem emitidas, a ideia é adquirir o parque solar e usar toda sua produção de energia. "A demanda por energia sustentável só cresce. Estaremos trabalhando com qualquer um que esteja interessado no excedente energético. O projeto é feito obviamente para viabilizar a expansão do nosso data center, mas também nos permitirá colocar mais energia sustentável na rede de distribuição", disse o porta-voz do projeto, Matt Vincent, ao Gizmodo.

Apesar de estar alinhado às necessidades de adaptação das empresas de mineração de bitcoin às questões ambientais, o projeto tem causado desconforto entre os moradores da região de Butte, cidade onde o parque será construído. Para ter noção da dimensão do projeto, a cidade tem atualmente cerca de 14.000 residências. Apenas o excedente energético, descontados os 75 MW que serão utilizados pela mineradora, é suficiente para abastecer mais de 30.000 residências.

"Nós estamos aqui por causa da vista", disse ao jornal local Montana Standard o casal Paula e Malcolm Gustafson, que vive numa propriedade vizinha à de onde será construído o parque, numa região montanhosa e cheia de animais selvagens, como antílopes e cervos. "Se isso for aprovado, tudo o que veremos é um enorme mar negro", completou John Sandi. "O preço de nossas propriedades vai despencar", completou.

Para a maioria dos habitantes de Butte, o uso de energias renováveis é louvável, o que os incomoda é a magnitude do projeto. Já o porta-voz da empreitada diz que o complexo produzirá dezenas de empregos e trará desenvolvimento à região, que ele acredita que se tornará um "hub" de energia sustentável no país e permitirá a venda do excedente energético inclusive para outros estados americanos.

A definição sobre a aprovação ou não do projeto será definida no próximo dia 17 de junho e poderá ter enorme impacto no mercado de criptoativos, já que sua rejeição poderá indicar que a migração da mineração de bitcoin e outras criptomoedas para uso exclusivo de energia de fontes renováveis é ainda mais complexa do que se imaginava.

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