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Dinheiro institucional leva bitcoin à novo recorde: ativo atinge US$23 mil

Maior ativo digital do mundo quebra novo recorde de preço e passa de 230% de alta no ano; para especialistas, tendência de alta pode continuar

 (Thomas Trutschel/Getty Images)

(Thomas Trutschel/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 15h47.

A disparada no preço do bitcoin continua. Depois de ultrapassar a marca de 20 mil dólares pela primeira vez na história na última quarta-feira, o ativo continua seu movimento de alta nesta quinta (17), negociado acima a 23 mil dólares no mercado internacional depois de chegar a 23.750 durante a manhã. Para os especialistas no assunto, o movimento tem explicação — e pode continuar.

Segundo João Canhada, CEO da exchange Foxbit, são alguns os motivos por trás do movimento altista: "Tem muito dinheiro institucional entrando no mercado, mais de 30% de todo dólar em circulação no mundo foi impresso esse ano, investidores estão buscando ativos que possam proteger seu poder de compra, muitas empresas e fundos anunciando publicamente posições ou futuras compras em larga escala em bitcoin...", disse à EXAME.

Ney Pimenta, CEO da BitPreço, por sua vez, citou também o halving do bitcoin para explicar a alta do ativo: "Existe uma forte pressão para a alta desde que a oferta de bitcoin foi reduzida no mercado pelo último halving, um evento que ocorre a cada 4 anos e reduz à metade a quantidade de bitcoins minerados por dia. Alguns meses depois, um gigante mundial em pagamentos, o Paypal, integrou criptomoedas ao seu sistema, tornando-as acessíveis a milhões de pessoas e disparando o processo de alta que estava reprimido. Este movimento está atraindo grandes fundos e empresas, que também estão entrando no mercado, gerando uma realimentação positiva, que impulsiona ainda mais os preços".

Canhada também afirma que, mesmo no seu topo histórico, ainda é uma boa hora para comprar o ativo digital, que, segundo ele, pode continuar subindo: "Apesar da alta de 15% nas últimas 24 horas, os fundamentos seguem sólidos no longo prazo e, se essa demanda forte continuar, podemos dizer que o bitcoin ainda está barato perto do potencial futuro".

Ele também afirma que a situação é diferente de 2017, quando a moeda chegou perto de 20 mil dólares mas, em menos de um ano, caiu para menos de 4 mil: "A alta de 2017 foi causada pelo movimento de pessoas físicas. A de 2020 é de pessoas jurídicas (empresas), que estão entrando no mercado de criptomoedas".

Para Nicholas Sacchi, head de criptoativos da EXAME, a entrada de grandes quantidades de dinheiro no mercado de criptoativos é relevante não apenas porque aumenta a demanda e faz os preços subirem, mas também porque ajuda a consolidar o mercado: "A entrada do capital institucional é um importante driver para os criptoativos. Em termos de preços, o impacto é direto, dado que o aumento na demanda com uma oferta fixa no curto prazo, leva também a um aumento nas cotações. Mas isso não é o mais importante, já que as instituições trazem, acima de tudo, a legitimação da classe de ativos e a maior profissionalização do mercado por meio de capital intelectual, o que, em prazos mais longos, leva ao surgimento de novos modelos de negócios".

Nicholas concorda com a análise de que a alta de 2020 é bem diferente do que foi visto em 2017, e também prevê que a tandência de alta pode se manter, mas faz uma ressalva: "Diferente de 2017, a alta nos preços desta vez é reflexo do progresso na frente institucional do mercado. Mesmo assim, é necessário cautela, já que momentos de grande euforia e ganância geralmente são sucedidos de correções de grandes proporções. O bitcoin encontra-se, atualmente, num patamar inédito na história, e é provável que o movimento de alta continue, mas ainda existem riscos inerentes à tecnologia e à regulação que podem impactar imediatamente a tendência. Portanto, nada de vender sua casa e trocar pelo ativo, combinado? (risos)".

O bitcoin começou 2020 cotado na faixa de 7 mil dólares. Com a alta das últimas 24 horas e uma série de recordes de preço quebradas em sequência, o ativo passa de 230% de alta acumulada no ano. Desde de o fim de setembro, quando era cotado a 10 mil dólares, a alta passa de 130% em apenas três meses.

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