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China, EUA e tensão no mercado: preço do bitcoin despenca para US$ 43 mil

Os preços do bitcoin enfrentam quedas significativas ligadas S&P500, Federal Reserve e Evergrande Group. Contudo, especialistas apontam possibilidade de novas altas

Quedas de setembro abriram o caminho para longos períodos de alta em 2013 e 2017 (Yuriko Nakao/Getty Images)

Quedas de setembro abriram o caminho para longos períodos de alta em 2013 e 2017 (Yuriko Nakao/Getty Images)

Coindesk

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Publicado em 20 de setembro de 2021 às 11h58.

O preço do bitcoin e da maioria dos criptoativos começou a semana com fortes quedas. A preocupação com a China e a próxima conferência do Federal Reserve fizeram com que o índice de futuros de ações norte-americanas caísse. A especulação de que o governo pode declarar que as stablecoins representam um risco para o sistema econômico pode adicionar mais incerteza no mercado de criptomoedas.

Principal criptomoeda do mundo, o bitcoin é cotado atualmente em 43.363, com 8% de queda nas últimas 24 horas. O mercado mais amplo também é um "mar vermelho", com ether, cardano e solana representando perdas de mais de 10%, segundo dados do CoinMarketCap.

Contratos futuros relacionados ao S&P 500, principal índice de Wall Street e referência global para ativos de risco, estão com quedas de 1% em conjunto com perdas similares nos índices de ações europeus em Hong Kong e Japão.

“Investidores buscam remover o risco de suas carteiras, com medo de que a crise da Evergrande Group na China pode se tornar um problema sistêmico aos mercados globais”, afirmou Pankaj Balani, CEO da Delta Exchange. “Os mercados também buscarão pelos comentários do Fed essa semana para ter certeza de que não existem mudanças na liquidez do banco central”.

Evergrande caiu mais de 10% em Hong Kong no início do dia, fazendo com que a queda anual representasse 85% em preocupações de que a empresa possa não cumprir com os pagamentos de 83,5 milhões de dólares em juros até a próxima quinta-feira, 23. As autoridades chinesas já contaram a importantes credores que a Evergrande provavelmente não realizará os pagamentos. Enquanto alguns observadores chamaram a crise de “momento Lehman”, Mira Christanto da Messari afirma que tais medos são exagerados.

A conferência do Fed irá durar dois dias e termina na próxima quarta-feira, 22. O evento será fortemente acompanhado pelos investidores em busca de clareza nos planos do banco central norte-americano para reduzir ou afunilar o programa de estímulos à liquidez.

Comunicados dos membros do Fed foram radicais nas últimas semanas, com muitos pedindo pelo afunilamento do programa de estímulos até o fim deste ano. Os preços do bitcoin e outros ativos podem, no geral, enfrentar uma pressão vendedora se a conferência dessa semana confirmar que o afunilamento no programa de estímulos começa em outubro ou novembro.

Conforme a conferência do Fed se aproxima, os preços do dólar americano sobem, refletindo a busca por segurança e a especulação de que o banco central confirmará o afunilamento para outubro ou novembro. O índice do dólar, que rastreia o valor da moeda contra outras grandes moedas fiduciárias, saltou para 93,34 dólares e estendeu seu período de alta que já durava dois dias, de acordo com o TradingView.

Além dos macro fatores, a ação regulatória pendente sobre as stablecoins, criptomoedas lastreadas pelo dólar que prometem estabilidade e agem como um portal para os mercados cripto, podem aumentar a pressão vendedora sobre o bitcoin.

Um artigo publicado pelo The New York Times no último domingo, 19, afirmou que os reguladores norte-americanos estão preocupados que as stablecoins possam se tornar uma fonte de volatilidade e devem trazer as moedas lastreadas pelo dólar sob sua alçada ao declará-las um risco para o sistema econômico, ou então tratá-las como valores mobiliários, fundos de investimento do mercado monetário ou bancos. Enquanto o desconforto de Washington sobre as stablecoins não é novidade, o fato de que a grande mídia fez uma matéria de capa sobre isso sugere que a regulação ocorrerá em breve.

Uma notícia recente da Bloomberg afirmou que agentes consideram lançar uma revisão formal pelo Conselho de Supervisão de Estabilidade Financeira (FSOC) dos EUA sobre como as stablecoins estabelecem uma ameaça econômica, um processo que poderia gerar uma supervisão mais severa na indústria. O valor de mercado total de todas as stablecoins, incluindo o tether, cresceu mais de 10 vezes nos últimos 12 meses e agora está em 115 bilhões de dólares. Medidas repressivas podem gerar dificuldades aos mercados de criptomoedas no curto-prazo.

Esses problemas, em conjunto com o vencimento das opções trimestrais do bitcoin na próxima sexta-feira, 25, podem manter a volatilidade da criptomoeda nesta semana. Balani afirma, no entanto, que a tendência subjacente continua otimista enquanto o bitcoin estiver acima da faixa dos 40 mil dólares.

Dados do passado demonstram que as quedas ocorridas nos meses de setembro abrem o caminho para períodos de alta mais longos, particularmente aqueles que acontecerem após um ano de halving. O bitcoin passou pelo seu terceiro halving em maio do ano passado. O primeiro ocorreu em 2012, e o segundo em 2016.

(TradingView)

Os preços do bitcoin caíram 1,37% em setembro de 2013, apenas para subir de 100 dólares para 1.100 nos dois meses seguintes. O mesmo ocorreu em 2017 após quedas de 8% em setembro daquele ano.

Texto traduzido e republicado com autorização da Coindesk

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