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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2020 às 22h24.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 19h30.
Bitcoin, a criptomoeda mais famosa do mundo, tem gerado bastante discussão entre especialistas e também chamado a atenção do público como uma importante possibilidade de investimentos na carteira brasileira de digital assets.
É difícil prever a longevidade do bitcoin, afinal, estamos falando de uma criptomoeda de alta volatilidade quanto à flutuação cambial, mas há algo nela que merece toda a nossa atenção: o blockchain.
Bitcoin e a tecnologia blockchain costumam ser mencionadas quase sempre juntas. No entanto, a tecnologia blockchain vai muito além dessa criptomoeda, como já tratamos em outros artigos aqui no Future of Money.
A pergunta que fica é: como trabalhar com blockchain? Como utilizar essa tecnologia no dia a dia da empresa ou de uma instituição governamental para ampliar a segurança dos dados e melhorar sua gestão?
A primeira coisa que precisa ficar clara para quem quer aprender sobre como trabalhar com blockchain: a tecnologia veio para ficar.
Essa não é apenas mais uma inovação tecnológica que dará lugar a alguma outra em breve. Em nível de importância disruptiva, ela é comparada com o surgimento da internet, por exemplo.
Trabalhar com blockchain fornece soluções práticas para muitos problemas funcionais do dia a dia de uma empresa, como a gestão de dados, a autenticação de usuários em uma plataforma e a segurança digital desses usuários, entre outros.
A grande questão aqui é descobrir: qual problema funcional você precisa resolver primeiro? Pode apostar que a maioria deles poderá ser solucionado por meio do blockchain.
Algumas das possibilidades e aplicações da tecnologia blockchain podem mudar o rumo da sua empresa em relação à eficiência e agilidade. Mais quais pontos precisam ser considerados na hora de incorporar a tecnologia no dia a dia corporativo?
Avaliar cases de sucesso em outras empresas é um primeiro passo. Com essa avaliação, é possível estruturar um planejamento para sua implementação considerando obstáculos que já foram superados, para que não se repitam.
O próximo passo é a definição de um conjunto de diretrizes que expliquem os parâmetros de estruturação do seu projeto. Depois, o caminho é desenvolver os códigos de programação, a arquitetura de informação, o design e a experiência do usuário na plataforma. Por fim, você chega a um MVP – minimum viable product, ou mínimo produto viável -, com algumas das funcionalidades básicas do blockchain.
Também é necessário escolher muito bem quais tipos de permissão serão oferecidos para os colaboradores da empresa e quais parcerias externas de tecnologia serão realizadas para auxiliar no projeto.
A Internet das Coisas (IoT) também é um campo fértil para aplicação da blockchain, por exigir redes e aplicações descentralizadas. E por isso precisamos abandonar a ideia de que a “blockchain é uma aplicação” e considerarmos que a “blockchain é a âncora de confiança”.
A tecnologia blockchain, na realidade, traz soluções para os desafios de escalabilidade, privacidade e confiabilidade da IoT.
Cerca de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados à Internet das Coisas em 2020, de acordo com a Cisco. E com essas novas conexões, uma quantidade gigantesca de dados será transmitida pelas redes e armazenadas para utilização e verificação de informações, o que vai gerar a necessidade de uma base rápida, segura e eficiente para a transmissão dos dados.
A tecnologia blockchain pode ser uma das opções para resolver esse problema de rastrear bilhões de dispositivos conectados, transmitir dados e processar essas transmissões, além de coordenar dispositivos, em uma abordagem descentralizada, criando um ecossistema realmente conectado.
Os algoritmos criptográficos dos blockchains também ajudariam a tornar os dados dos usuários mais privados. Os benefícios da descentralização da IoT são numerosos e notavelmente superiores aos atuais sistemas centralizados.
Algumas administrações públicas ao redor do mundo já começaram a explorar o potencial das aplicações de blockchain. Em Uganda, por exemplo, o governo local está utilizando a tecnologia para verificar a distribuição de remédios no país. Cerca de 10% de todos os medicamentos do país são falsificados, o que gera um grave problema de saúde pública.
A tecnologia blockchain também é usada como infraestrutura tecnológica para um programa governamental da Estônia, chamado e-Estonia. O projeto integra dados judiciários, de saúde, legislativos, entre outros, e os protege de corrupção e mal uso de informações.
O governo de Dubai também investe pesado na blockchain: até 2020, o poder público local pretende conduzir todas as suas principais atividades como pagamentos de contas, emissão de vistos e passaporte, renovações de licenças, entre outras, usando a tecnologia como base.
A estimativa é economizar cerca de 5,5 bilhões de dirham (moeda local), o equivalente a 1,1 bilhões de libras em processamento de documentos. Além disso, há uma grande economia de 114 milhões de toneladas de emissões de CO2 com redução de viagens e a redistribuição de 25 milhões de horas produtivas de funcionários do governo.
A primeira funcionalidade do blockchain foi a de fazer pagamentos com criptomoedas, mais especificamente o bitcoin. Já imaginou pagar os colaboradores da sua empresa com criptomoedas, tudo via blockchain, sem riscos de segurança (roubos, alegações de não pagamento ou qualquer outro problema financeiro) e com agilidade e praticidade?
O fato é que incorporar os pagamentos de salários em uma rede blockchain pode representar uma economia significativa de custos, já que diminui as etapas do processo de pagamento, reduz a necessidade de intermediários e auditorias, corta taxas bancárias e permite, ainda, transferir criptomoedas internacionalmente, o que é ótimo para empresas que possuem times trabalhando remotamente.
Antes das empresas implementarem blockchain, é essencial identificar primeiro qual é o uso mais relevante da tecnologia para fundamentá-la como um ativo digital lucrativo e não como um passivo caro. Em outras palavras, é preciso enxergar claramente os objetivos do uso dessa inovação no ambiente corporativo, a fim de aproveitar ao máximo seus benefícios para os negócios.