Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:

Vamos esbarrar em muito pedregulho ainda no trajeto para a adoção em massa das criptomoedas. Mesmo que o cenário aponte boas perspectivas, como o recente avanço na queda de braço entre a SEC e as gestoras sobre ETFs spot de bitcoin, teremos de arrebentar travas importantes em esferas como educação, usabilidade, escalabilidade, regulamentação, etc.

O Brasil é um dos países na vanguarda da adoção. Vem atraindo, inclusive, investimentos externos significativos no setor de blockchain e Web3 em geral dada a nossa simpatia pela temática, um grande diferencial em relação à hostilidade demonstrada pelos reguladores americanos. O nosso entusiasmo pelo mercado não é à toa, já que temos encarado a tecnologia como solução para diversos problemas reais dos brasileiros, não como ameaça.

  • Cansou de tentar falar com alguém da sua Exchange? Conheça a Mynt, a única no Brasil com atendimento 24 horas e todos os dias, feito por pessoas reais. Abra agora sua conta.

A visão de utilidade se repete, em intensidade semelhante, em diversos países emergentes, que enxergam os ativos digitais e a tecnologia associada como formas de alterar o curso da história de suas economias, como combater a inflação e incluir no sistema financeiro a população desbancarizada.

O Brasil foi considerado o terceiro país mais preparado do mundo para a adoção cripto em levantamento recente da plataforma de educação HedgeWithCrypto. O método levou em consideração a taxa de adoção, a quantidade de caixas eletrônicos cripto em solo nacional e o número de buscas no Google.

Por aqui, em 2022, segundo o site, houve um aumento de 355% nas buscas mensais médias por criptomoedas. Quase um quarto da população (24%) possuía ou usava criptomoedas no ano passado, enquanto em 2020 a porcentagem era de apenas 13%.

Três anos atrás, inclusive, o Brasil também não tinha nenhum caixa eletrônico, mas desde então abriu 25. O texto cita ainda o Marco Legal dos Criptoativos como um dos principais impulsionadores da adoção. Para quem está curioso, os dois primeiros países do pódio são Austrália (1º), já bastante avançada em questões regulatórias, e os EUA (2º).

Recentemente, Jesse Pollak, personagem proeminente do setor e atual head de protocolos da corretora Coinbase, disse acreditar que estamos apenas no começo de uma gigante revolução. Na conferência da Ethereum (EthCC) em julho, em Paris, o engenheiro não economizou na previsão: para ele, até 8 bilhões de pessoas vão adotar cripto e blockchain na próxima década. O que significa praticamente toda a população mundial.

Imaginem que, para chegar a este patamar, precisaremos engatar a quinta marcha e ter sucesso em dominar a maioria dos entraves - se não todos. Será que dez anos são suficientes? A ver.

E quais seriam exatamente esses obstáculos?

Hoje, são contabilizadas aproximadamente 10 milhões de pessoas "on-chain", ou seja, usando ativamente moedas digitais ou participando de redes blockchain. O número pode parecer significativo, mas, quando Pollak menciona 8 bilhões de pessoas, fica evidente que só arranhamos a superfície do potencial que existe.

Desafios na conquista da adoção em massa

Atração de investidores institucionais

O embarque pesado dos investidores institucionais na criptoesfera é vital para a adoção em massa. E as perspectivas são boas. Eles acreditam esmagadoramente nos benefícios de longo prazo dos ativos digitais.

Ao menos foi o que mostrou um estudo recente da EY-Parthenon. Segundo o relatório, as instituições veem valor no potencial das criptos para diversificação de ativos, assim como em sua capacidade de gerar retornos assimétricos.

Considerando as mais de 250 instituições consultadas, 35% dos entrevistados disseram alocar entre 1% e 5% em ativos digitais e/ou produtos relacionados, com 60% indicando que alocavam mais de 1% de sua carteira. A maioria dos participantes afirmou a intenção de escalar os investimentos em ativos digitais nos próximos dois ou três anos.

O estudo justifica que o excesso de cautela dos institucionais decorre principalmente de três fatores: receio com incertezas regulatórias, dificuldade em identificar instituições confiáveis para se associar e necessidade de garantir a segurança e a custódia segura dos ativos.

Segurança e preocupações regulatórias

Com o número de usuários de criptomoedas crescendo de forma exponencial, serão imprescindíveis aprimorar e desenvolver novos recursos e tecnologias que assegurem a proteção dos ativos e as transações dos usuários. Os golpes e ataques se sofisticam com o tempo, e os protocolos precisam se esforçar para antecipar ameaças e corrigir falhas com a rapidez que o setor exige.

Os governos e reguladores também terão de colocar a mão na massa para estabelecer uma estrutura legal e diretrizes transparentes eficazes em fomentar o crescimento responsável, mas sem atrapalhar o fluxo da inovação.

Privacidade vs. transparência

O equilíbrio entre a privacidade do usuário e a transparência necessária para a conformidade regulatória é um dilema constante.

A transparência permite a rastreabilidade e auditoria das transações, sendo útil para fins regulatórios e de conformidade. Ela colabora para construir confiança na tecnologia, além de ajudar no combate a fraudes e atividades ilícitas.

Do outro lado dos benefícios, está a alta exposição do usuário, que pode sofrer o abuso de seus dados e prejuízos financeiros. Existem projetos que se debruçam especialmente sobre a questão da privacidade e, entre as tecnologias mais promissoras, está a baseada em prova conhecimento zero ou zero-knowledge (ZK). Essa metodologia permite provar algo sem revelar o que é.

Escalabilidade

A escalabilidade é a capacidade de uma blockchain ou rede lidar com um grande volume de transações de forma eficiente e rápida.

O assunto está na pauta prioritária dos desenvolvedores, que vêm avançando no tema, mas congestionamento e lentidão ainda são realidade nas redes. Isso resulta em baixo desempenho e taxas altas, o que colabora para tornar as criptomoedas menos atraentes para uso em transações cotidianas. Acontece bastante de as taxas superarem o valor do ativo que o usuário deseja comprar.

Interoperabilidade deficiente

Para quem ainda não está familiarizado com o termo, a interoperabilidade se refere à capacidade de as diferentes blockchains se comunicarem, compartilharem informações e executarem ações entre elas de forma eficiente e harmoniosa.

Imaginem o e-mail. Você tem uma conta no Google e o seu Gmail permite que envie mensagem para qualquer pessoa com uma conta no Hotmail (hoje se chama Outlook), para o endereço corporativo do seu amigo ou outro de qualquer natureza.

Na blockchain, não funciona assim, embora existam alguns pequenos avanços.

A dificuldade de interoperabilidade acaba se tornando um obstáculo à integração e fluidez dos movimentos e transações. A solução desse quebra-cabeça tecnológico é vital para a expansão massiva.

Educação

Não sei se você já sabe, mas eu sou professor. Tenho dedicado os últimos anos a ensinar milhares de pessoas sobre o universo das criptomoedas.

Quando você se educa, derruba barreiras individuais e culturais que normalmente nos impedem de evoluir.

No meio dos ativos digitais, acredito que não haverá adoção em massa sem educação, porque estamos tratando aqui de tecnologias disruptivas e precisamos nos preparar para explorar o melhor delas.

Um investidor sério é aquele que enxerga o potencial de longo prazo dos ativos digitais e tem um plano de ação. Conhecimento, experiência e prática são indissociáveis do sucesso neste mercado. Portanto, se você não está disposto a aprender, eu recomendaria nem começar a investir em cripto.

Cansou de tentar falar com alguém da sua Exchange? Conheça a Mynt, a única no Brasil com atendimento 24 horas e todos os dias, feito por pessoas reais. Abra agora sua conta.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | Tik Tok

Créditos

Últimas Notícias

ver mais
CPI das Pirâmides Financeiras quebra sigilo bancário de corretoras de criptomoedas
Future of Money

CPI das Pirâmides Financeiras quebra sigilo bancário de corretoras de criptomoedas

Há 12 horas
Shows de The Weeknd em SP e RJ terão realidade aumentada, NFTs e benefícios exclusivos
Future of Money

Shows de The Weeknd em SP e RJ terão realidade aumentada, NFTs e benefícios exclusivos

Há 13 horas
Maior corretora de criptomoedas do mundo anuncia fim de operações na Rússia
Future of Money

Maior corretora de criptomoedas do mundo anuncia fim de operações na Rússia

Há 13 horas
‘Bye bye bitcoin e dólar’: autor de 'Pai Rico Pai Pobre' está otimista com nova moeda; descubra qual
Future of Money

‘Bye bye bitcoin e dólar’: autor de 'Pai Rico Pai Pobre' está otimista com nova moeda; descubra qual

Há 13 horas
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais