Super Bowl: Outra enorme atração do evento, que já virou uma marca registrada, é o Show do Intervalo (Christian Petersen/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2023 às 07h00.
Neste domingo, 12, às 20h30, acontece mais uma edição do Super Bowl, que chega em sua 57ª edição e pela primeira vez será realizado no estado do Arizona, entre o Philadelphia Eagles e o Kansas City Chiefs.
No Brasil, o futebol americano passa longe de ser popular, mas goste ou não, a competição é vista no mundo dos negócios como uma das maiores não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
"O Super Bowl é o estado da arte do sportainment. Envolve todos os aspectos possíveis - de bilheteria à música, de patrocínios à audiência global - e busca, a cada ano, superar o que já foi feito antes. E o mais incrível: é um evento global ligado a um esporte que só é praticado nos Estados Unidos, o que torna os resultados ainda mais impressionantes", afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios do esporte.
É estimado que as empresas interessadas em anúncios vão desembolsar a quantia de US$ 7 milhões por apenas 30 segundos comerciais, quebrando o recorde de 2022, quando o valor chegou a US$ 6.5 milhões (R$ 33,8 milhões).
Na última edição do evento, foram vendidos cerca de 58 anúncios, que é o limite comercial total, chegando a estratosférica conta de mais de US$ 10 bilhões.
"A organização do Super Bowl sempre foi referência para outras grandes competições mundiais, não apenas pelas cifras envolvidas, mas a excelência na entrega e organização junto às marcas parceiras, que deve sempre ser uma premissa", aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.
Os comerciais são atrativos à parte nos EUA, gerando expectativas até para quem não gosta do esporte, pois as produções são verdadeiras obras de Hollywood. No Brasil, com acordos diferentes, as propagandas costumam ser as mesmas já veiculadas ao longo de todo ano.
Outra enorme atração do evento, que já virou uma marca registrada, é o Show do Intervalo, quando grandes nomes da música se fazem presentes para uma participação curta, mas especial. Para este ano, quem vai marcar presença é a cantora Rihanna, que não faz uma aparição em público desde o Grammy de 2018.
Na edição do ano passado, Dr. Dre, Snoop Dogg, Mary J. Blige, Kendrick Lamar e 50 Cent fizeram o show no intervalo do evento. O vídeo oficial do evento, divulgado pela NFL há 11 meses, foi visto por mais de 160 milhões de pessoas em todo o mundo.
"Tudo é pensado e projetado da melhor forma possível para o público que está presente fisicamente e também em casa, visto que a audiência simultânea atinge a casa dos milhões mundo afora, especialmente nesta Era do streaming. O Super Bowl é um dos melhores exemplos de como a experiência de um evento desta magnitude ultrapassa os limites das próprias arenas, chegando aos fãs do esporte uma cobertura completa via TV ou internet, na busca por um engajamento, interação e conversão cada vez maiores", explica Renê Salviano, especialista em marketing esportivo.
Dados divulgados nesta última semana pela Associação Americana dos Jogos de Azar (AGA) apontam que as apostas esportivas para a final do Super Bowl deste ano devem bater um novo recorde, devendo chegar a 16 bilhões de dólares e superando a final de 2022, que registrou US$ 7,6 bilhões.
No Brasil, o hábito por apostas na NFL ainda é pequeno, mas vem crescendo nos números anos, de acordo com a plataforma Esportes da Sorte. De acordo com Darwin Filho, CEO da empresa, o Super Bowl 2022 registrou um aumento de 22% em relação aos anos anteriores. "É um esporte que vem ganhando novos adeptos no país, mas ainda não chega no nosso Top 5 de apostas principais", revela o executivo.
Nas principais casas de apostas do país, o Philadelphia Eagles é considerado o favorito e paga, em média, R$ 1.75 para cada R$ 1 real gasto. Já o Kansas City Chiefs paga R$ 2.10 para cada R$ 1 real gasto, de acordo com os portais galera.bet, Esportes da Sorte e Casa de Apostas.
Assim como acontece em todos os anos, o Super Bowl traz inúmeras novidades quando o assunto é tecnologia. Uma delas é o State Farm Stadium, uma super rede de dados que vai permitir uma velocidade de até 65% maior na utilização dos usuários, com quase mil novos pontos de wi-fi.
Falando especificamente sobre transmissão, a organização do evento vai realizar a filmagem no formato High Dynamic Range (HDR), com aprimoramento para transmissão em 4K para usuários com TVs compatíveis com 4K HDR.
Para os fãs presentes no estádio, será utilizado uma plataforma em inteligência artificial, por meio do DNA Center Cisco, que vai permitir que os organizadores da NFL identifiquem quase que automaticamente problemas a serem resolvidos durante o evento.
"A NFL é uma das principais centrais de desenvolvimento de tecnologias no esporte há anos. A liga investe em startups e se abre à experimentações e pioneirismos de grandes marcas. A NFL entende o tamanho que tem, mas sabe que o segredo para manter isso passa por estar na vanguarda, não só para atrair os fãs, mas também para conhecer novas possibilidades e gerar novos negócios antes dos outros", analisa Bruno Maia, CEO da Feel The Match, desenvolvedora de propriedades intelectuais voltada para streaming e blockchain, e executivo de inovação e novas tecnologias no esporte e entretenimento.
Outra novidade também tem a ver com os torcedores que vão assistir ao jogo: uma parceria entre a Waymo e o Arizona Super Bowl Host Committee vai permitir que os usuários façam viagens de forma autônoma dentro de uma Jaguar, por meio de uma reserva chamada 'Motorista Waymo'.
Por fim, os atletas de Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs estarão sem segurança por meio da tecnologia Q-Collar. Trata-se de um dispositivo que vai protege-los ainda mais diante dos fortes impactos sofridos na cabeça duranrte o jogo. Ele funciona como se fosse um colar, reprimindo as veias do pescoço e fazendo acelerar o volume de sangue nos vasos do crânio, deixando o cérebro mais firme e, assim, diminuindo os riscos de incidentes.
Para Fernando Patara, Head de Inovação e Cofundador do Arena Hub, principal centro de fomento à inovação em esporte, entretenimento e mídia da América Latina, que recentemente lançou o Movimento Inova Esporte, o Super Bowl é um exemplo clássico do conceito de sportainment, uma mescla de esporte com entretenimento, caminho que a indústria está seguindo cada vez mais.
"Há uma série de aspectos que podem ser aprendidos com o Super Bowl. Em termos de audiência e publicidade, tornou-se o principal evento da TV americana, fato que ajuda a criar uma expectativa nacional em torno de fatores secundários, como os comerciais e o halftime show, por exemplo. Já do ponto de vista de organização, mobilização, envolvimento e engajamento da cidade-sede, é um exemplo de sucesso absoluto, pois engaja o público local não apenas com os times que disputarão o jogo, mas também com a modalidade", explica.
O executivo do Arena Hub complementa com uma questão que ainda é mais sensível, sem no entanto ser tão perceptível: a adoção das comunicações wireless, que tanto são utilizadas pelos técnicos durante os jogos, como toda comunicação de segurança e o impacto disso no halftime show. "Sem essa tecnologia, simplesmente não teria um show montado e desmontado tão rapidamente. Inovação boa é aquela que além de beneficiar uma prática, vem pra ficar e muda o consumo", finaliza Patara.
A partida entre Philadelphia Eagles e o Kansas City Chiefs será transmitido pela RedeTV na TV aberta, ESPN na TV fechada e online pelo Star+ e NFL Game Pass.