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Draft da NBA 2023 tem o maior prospecto da história e um único brasileiro na briga

Especialistas analisam impacto que Victor Wembanyama, francês garantido na escolha número um, e Márcio Henrique, ala do Franca-SP, busca uma das 58 vagas

A presença de Victor Wembanyama promete sacudir o mundo do basquete imediatamente (Liewig - Corbis/Getty Images)

A presença de Victor Wembanyama promete sacudir o mundo do basquete imediatamente (Liewig - Corbis/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 22 de junho de 2023 às 15h19.

Final encerrada e Denver Nuggets campeão, agora mais um ciclo se inicia na NBA. O primeiro passo é a chegada da nova geração de atletas na liga. E a atual classe de promessas é bastante especial. A presença de Victor Wembanyama promete sacudir o mundo do basquete imediatamente. O francês de 2,26 m e 99 kg parece capaz de tudo com a bola laranja, sem pontos fracos, e é apontado por ex-jogadores e jornalistas norte-americanos como o maior prospecto da história, superando LeBron James, que também havia gerado enorme expectativa em 2003.

Dono da escolha número um no Draft, o San Antonio Spurs já recebeu diversas propostas tentadoras para ceder seu direito, mas refutou todas e deverá confirmar Victor como reforço na noite desta quinta-feira (22), a partir das 21h (de Brasília), com transmissão da ESPN e Star+.

O que dizem os especialistas?

“Trata-se da maior promessa desde Kareem Abdul-Jabbar (Draft de 1969)”, analisa Jalen Rose, ex-jogador da NBA e hoje comentarista. “Se fosse dirigente de outras franquias, trocaria qualquer um por ele, com exceção de Giannis (Antetokounmpo, dos Bucks), Jokic (dos Nuggets) e Luka (Doncic, dos Mavs). Todos os outros gerentes deveriam estar no telefone agora com os Spurs do outro lado da linha”, completa, perguntado sobre possíveis negócios, mesmo eles envolvendo LeBron James e Kevin Durant.

Não coincidentemente todos os citados por Jalen Rose são estrangeiros. O domínio internacional neste esporte norte-americano nunca foi tão evidente como agora. O atual campeão, Denver Nuggets, é liderado por um atleta de fora dos Estados Unidos, o sérvio Nikola Jokic. O grego Giannis é considerado por muitos o melhor jogador do planeta na atualidade. E o esloveno Luka Doncic é visto como o futuro da liga. E Rose ainda não mencionou o MVP da última temporada, o camaronês Joel Embiid.

A chegada de Wembanyama aumentará ainda mais a força dos imigrantes no principal campeonato de basquete do planeta. Victor, defendendo seu clube na França, o Metropolitans 92, registrou médias de 21,6 pontos por jogo, 10,4 rebotes e 3 tocos, números que ajudaram a sua eleição como o melhor jogador do torneio francês.

“A NBA aproveita muito bem essa hegemonia estrangeira em seu território para amplificar o seu poder de capitalização, explorando outros mercados gigantescos, como o chinês e o próprio brasileiro, que triplicou sua base de fãs nos últimos anos, segundo estudo da SportsValue. Os melhores jogadores da liga hoje são de fora dos Estados Unidos e a NBA soube muito bem globalizar o seu produto”, avalia Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

Com exceção de Doncic e Embiid, escolhidos em terceiro nos Drafts de 2018 e 2014, respectivamente, os outros foram grandes descobertas. Antetokounmpo foi selecionado somente na 15ª posição em 2013, enquanto Jokic apenas em 41º também em 2014. A noite desta quinta-feira é grande esperança de mudança para todas as 30 equipes da competição.

“Descobrir e identificar o talento à frente significa ter acesso com um custo muito mais baixo. E uma equipe vencedora, de alto nível, não é feita sem grandes jogadores, necessita uma matéria-prima mais rica, refinada. Mas, para render os frutos esperados, dar resultado, é preciso também um bom projeto de desenvolvimento individual. Isso faz toda a diferença para o talento ser otimizado e atingir todo o seu potencial”, destaca Sandro Orlandelli, diretor-técnico com passagens por Internacional, Arsenal e Manchester United, responsável pela descoberta de alguns importantes valores no futebol, como o holandês Robin van Persie e o espanhol Cesc Fàbregas.

O Brasil também estará representado e poderá aumentar seu elenco dentro da NBA. Se entre 2015 e 2017 o basquete nacional contou com nove integrantes no maior campeonato do mundo, hoje resta apenas um: Raulzinho, armador do Cleveland Cavaliers. Márcio Henrique, que defende o Franca, é um dos 194 inscritos para buscar uma das 58 vagas - 76ers e Bulls foram punidos com a perda de suas escolhas de segundo round. Márcio é campeão do NBB e já compõe o elenco da seleção brasileira principal. Ele também é campeão e MVP do Sul-Americano sub-17 em 2019.

“A história do Márcio reflete bem qual é a nossa missão junto aos clubes: ajudá-los a formar atletas de qualidade para o esporte olímpico brasileiro. Para o país, é fundamental ter atletas em ligas de renome, como a NBA, e que também representem a nossa Seleção. Que a trajetória dele sirva de exemplo e que, cada vez mais, possamos ter talentos nacionais brilhando nas principais competições do planeta”, projeta Paulo Maciel, presidente do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), que possui o Programa de Formação, do qual o Franca faz parte.

Se Victor Wembanyama já está assegurado como a escolha número um, as outras estão abertas e são fundamentais. A parte financeira dos atletas são afetadas de acordo com a ordem das escolhas. O primeiro ganha um salário, o segundo um pouco abaixo e, assim, sucessivamente. De acordo com algumas das principais plataformas de apostas esportivas, como Esportes da Sorte, Odds&Scouts, Casa de Apostas e Galera.bet, o mais cotado para ser escolhido na segunda posição é Brandon Miller, pelo Charlotte Hornets, com Scoot Henderson na sequência, pelos Blazers.

“Como a posição final de cada um dos candidatos no Draft interfere diretamente no valor que eles receberão em suas primeiras temporadas, a remuneração torna-se uma motivação a mais para os atletas. Além de ter a chance de fazer parte da NBA, que é a principal liga de basquete de mundo, os jogadores sabem que essa é uma oportunidade única que pode mudar a vida deles também em termos financeiros”, observa Rogério Neves, CEO da Motbot, plataforma que atua com crowdfunding esportivo.

A noite do Draft também é marcada por trocas importantes. Kobe Bryant foi escolhido pelos Hornets em 1996, mas foi negociado com o Los Angeles Lakers pelo pivô Vlade Divac. Scottie Pippen podia ter defendido o Seattle Supersonics e rivalizar com Michael Jordan, mas acabou em Chicago antes mesmo do Draft de 1987 se encerrar. A edição atual promete ser quente da mesma forma. Rumores apontam que os Blazers querem trocar sua escolha de número três e estão de olho em Paul George, dos Clippers. Outros times também buscam subir no ranking, em troca de escolhas futuras.

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