Apoio:
Parceiro institucional:
Genebra, na Suíça: governo estima que receita de novo imposto gere de 1 bilhão a 2,5 bilhões de francos suíços no primeiro ano (Mike Hewitt / Staff/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 18 de junho de 2023 às 12h18.
Os suíços votaram neste domingo, 18, em referendo a favor do objetivo da neutralidade do carbono em 2050, em um país que sofre o impacto do aquecimento global no derretimento de suas geleiras.
As primeiras estimativas do instituto gfs.bern indicam que 58% dos eleitores foram a favor da nova lei, que obrigará o país alpino a reduzir drasticamente sua dependência das importações de petróleo e gás.
A nova norma também implica apostar no desenvolvimento de alternativas mais ecológicas e de produção própria.
Em um segundo referendo, 79% dos cidadãos também apoiaram o estabelecimento de um imposto de 15% para grandes empresas multinacionais, segundo as primeiras pesquisas de boca de urna.
Pesquisas recentes mostraram forte apoio à proposta de neutralidade de carbono, apesar das advertências do Partido do Povo Suíço (UDC), de direita, de que tal lei poderia prejudicar a economia.
Os defensores da "Lei Federal de Metas de Proteção do Clima, Inovação e Fortalecimento da Segurança Energética" argumentam que a legislação era necessária para garantir a segurança energética.
Eles também afirmam que isso ajudaria a lidar com o impacto da mudança climática, evidenciado pelo dramático derretimento das geleiras nos Alpes suíços, que perderam um terço de seu volume entre 2001 e 2022.
A Suíça importa cerca de três quartos de sua energia, incluindo todo o petróleo e gás natural.
A princípio, os ativistas climáticos pressionaram pela proibição total do consumo de petróleo e gás até 2050 na Suíça. Mas o governo produziu uma contraproposta que descartou essa proibição e incluiu alguns elementos do projeto de lei original.
Especificamente, o texto propõe um apoio financeiro de 2 bilhões de francos suíços (US$ 2,2 bilhões, R$ 10,6 bilhões na cotação atual) ao longo de uma década para promover a substituição da calefação a gás ou petróleo por alternativas favoráveis ao clima, assim como ajudar as empresas a avançar em direção às inovações verdes.
Quase todos os grandes partidos apoiaram o projeto, com exceção do UDC, o maior do país.
O partido assegurou que o objetivo de alcançar a neutralidade do carbono até 2050 implicaria a proibição dos combustíveis fósseis, o que, na sua opinião, colocaria em risco o acesso à energia e encareceria a eletricidade.
O líder do UDC, Marco Chiesa, chamou o projeto de "utópico" e alertou que "não teria impacto" no clima global.
O partido teve sucesso no passado ao promover esse tipo de mensagem. Em 2021, conseguiu impedir a aprovação de uma lei que teria reduzido as emissões de gases causadores do aquecimento global.
Mas observadores alertaram que convencer os cidadãos seria mais difícil desta vez, devido aos esforços da população para reduzir sua dependência de fontes estrangeiras de energia após a invasão russa da Ucrânia.
Os suíços também votaram neste domingo por um aumento no imposto às grandes empresas.
A nova legislação permite alterar a Constituição para que a Suíça faça parte de um acordo internacional liderado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O pacto visa introduzir um imposto global mínimo de 15% para as corporações multinacionais. A ideia é aplicar o novo imposto a todas as empresas sediadas na Suíça que faturam mais de 800 milhões de dólares por ano (3,8 bilhões de reais, na cotação atual).
Até agora, muitos dos 26 cantões suíços têm algumas das taxas de imposto corporativo mais baixas do mundo, o que consideravam necessário para atrair empresas devido aos altos salários no país.
O governo suíço estima que a receita desse novo imposto gere de 1 bilhão a 2,5 bilhões de francos suíços no primeiro ano (5,3 bilhões a 13,4 bilhões de reais, na cotação atual).