Revolução dos títulos verdes na Europa pode fortalecer o euro
Standard Bank prevê valorização do euro para US$ 1,30 em 12 meses em parte pelo plano da União Europeia de vender 225 bilhões de euros em dívida verde
Leo Branco
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 16h39.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 12h13.
A Europa está prestes a se tornar líder mundial na emissão de títulos verdes e um dos efeitos colaterais pode ser o fortalecimento do euro.
Este é o entendimento do Standard Bank, que prevê valorização da moeda para 1,30 dólar dentro de um ano, embalada em parte pelo plano da União Europeia de vender 225 bilhões de euros em dívida verde como parte de seu fundo de recuperação da pandemia .
Com a disparada da demanda dos investidores por ativos favoráveis ao meio ambiente , isso pode estimular as entradas de recursos denominados na moeda comum, afirmou o banco.
“Suspeitamos que, se um país ou região puder realmente liderar nesse tipo de investimento, poderá levar sua moeda junto”, escreveu Steve Barrow, estrategista-chefe de câmbio da instituição, em nota enviada a clientes na terça-feira. “Por outro lado, os que estão atrás podem ficar para trás, não apenas em termos de suas credenciais ESG mas também em termos de desempenho cambial”, acrescentou o estrategista, referindo-se à sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança.
O fundo de recuperação planejado pela UE já ajudou a impulsionar o euro, que caminha para registrar seu primeiro ganho anual em três anos. A moeda subiu 5,1% em 2020 para 1,1786 dólar.
A emissão de dívida verde pela UE só começa no ano que vem, mas o bloco pretende começar a vender títulos sociais para custear um programa de apoio ao emprego neste mês. Integrantes da UE, como a França, já assumiram posição de liderança em finanças sustentáveis. A Alemanha vendeu seu primeiro título soberano verde no mês passado.
Comparativamente, os Estados Unidos ficaram para trás. Nem uma vitória do candidato democrata Joe Biden — que propõe 2 trilhões de dólares em gastos com energia limpa — na eleição presidencial em novembro seria suficiente para acabar com essa desvantagem, de acordo com o Standard Bank.