Por que a energia solar não está mais crescendo tanto nos EUA?
CEO de empresa do setor disse que via espaço para uma expansão de 3.200%, mas não foi bem assim
Repórter colaborador
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 06h17.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2024 às 16h27.
Depois de assumir as rédeas da SunPower Corp. há menos de três anos, Peter Faricy fez uma afirmação audaciosa. O setor de energia solar para telhados dos EUA tinha espaço para crescer mais de 3.200%. Ex-executivo da Amazon, ele tinha o objetivo de melhorar os apps que os consumidores usavam para monitorar seus painéis e simplificar o processo de comprar de energia solar. "Precisamos tornar a compra de energia solar tão fácil quanto comprar um livro na Amazon". disse ele a investidores em 2022.
Não foi bem isso que aconteceu com a empresa.
De acordo com a Bloomberg, a empresa, que vende principalmente sistemas para telhados, demitiu funcionários para cortar custos e teve de levantar US$ 200 milhões para aliviar uma crise de caixa. Após uma queda de 75% nas ações durante o ano passado, o antecessor de Faricy retornou como presidente-executivo nesta semana para ajudar a conduzir a SunPower durante a turbulência.
As dificuldades da SunPower refletem, em parte, os problemas do setor em geral.A Califórnia - o maior mercado de energia solar dos EUA - reduziu pagamentos a residências, escolas e empresas que vendem o excesso de energia de seus painéis para a rede. A decisão deixou o setor de energia solar em frangalhos, provocando falências e corte nos empregos.Dois terços daqueles que instalam energia solar residencial na Califórnia, onde a SunPower está sediada, estão lutando para gerar vendas suficientes para operar seus negócios.
As altas taxas de juros também encareceram os empréstimos para a instalação de painéis solares em telhados.
Mas a própria SunPower tem enfrentado desafios particulares. Em outubro, de acordo com a Bloomberg, a empresa declarou que superestimado o valor de componentes dos painéis e que precisava reformular seu balanço financeiro de 2022 e dos primeiros trimestres de 2023. Isso levou a um atraso na apresentação dos resultados do terceiro trimestre, provocando a inadimplência de uma subsidiária.
Para tentar aliviar a crise, a empresa anunciou na semana passada uma nova rodada de financiamento da empresa francesa TotalEnergies SE e da gestora de fundos Global Infrastructure Partners, que está sendo adquirida pela gigante BlackRock Inc.