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Paulo Artaxo, na Universidade de Columbia, em entrevista à EXAME (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 13 de setembro de 2023 às 06h00.
Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 10h48.
De Nova York*
O primeiro Global Stocktake, um inventário global das ações contra a crise climática, preparado para a COP28, revela dados alarmantes sobre as mudanças climáticas: o aquecimento previsto da temperatura média global é de 2,4°C a 2,6°C quando comparado aos níveis anteriores à Revolução Industrial. Isto é acima do limite de 2ºC estabelecido, no Acordo de Paris, como o limite para evitar as tragédias decorrentes das mudanças climáticas.
Para o cientista brasileiro Paulo Artaxo, no entanto, a luta global contra as consequências das emissões desenfreadas de carbono carecem de um aspecto fundamental: governança. Para o professor, um dos mais citados cientistas climaticos do mundo, é preciso construir um sistema de governança para estabilizar o clima do planeta.
Este sistema seria responsável por coordenar ações urgentes e influenciar os países no cumprimento de metas. O cientista, que falou com exclusividade à EXAME, participou do evento Diálogo Estratégico sobre Ação Climática, Conservação da Biodiversidade e Investimento Sustentável na América Latina, na Universidade de Columbia.
"Não existe um sistema de governança que possa dirigir o planeta como um todo para o caminho da estabilidade climática, e isto não vai ocorrer nos próximos dez anos. A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, foi criada no pós-guerra para redistribuir o poder entre as nações, mas ela não tem mandato para lidar com as questões das mudanças climáticas. O que estão tentando fazer é reformar o sistema ao montar, por exemplo, a Convenção Climática, que não é suficiente ainda para a questão", diz.
Além disto, a questão do fim das emissões dos gases de efeito estufa é cientificamente impossível. "Hoje, 30% das emissões hoje estão associadas à produção de alimentos. Teremos 10 bilhões de pessoas no planeta em 2050, comendo mais do que hoje, e com isto não temos a condição de ser Net Zero", afirma Artaxo.
O professor e cientista lembra ainda que o Brasil tem vantagens estratégicas enormes na questão das mudanças climáticas, mas é preciso maior organização e boas práticas. "Temos a possibilidade de reduzir em 51% as emissões até 2030 acabando com o desmatamento da floresta amazônica. Além disto, o Brasil tem um potencial de geração de energia solar e eólica a baixo custo mairo do que outro qualquer país. Contudo, as vantagens estratégicas precisam sem melhores exploradas para o Brasil ser um dos protagonistas na construção da sustentabilidade no nosso planeta", finaliza.
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