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Os engenheiros de dados estão vindo das favelas, o novo Vale do Silício

Apesar de parecer uma profissão masculina, a carreira é hoje a que mais oferece oportunidade de inclusão e diversidade, no Brasil e no mundo.

Segundo a Brasscom, há mais de 700 mil vagas abertas na área de tecnologia (foto/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2022 às 09h13.

Celso Athayde*

Aprendi com uma especialista no tema, Carmela Borst, que o raciocínio lógico é um dos principais pré-requisitos para ser um bom programador. Só nessa etapa já caem por terra vários estereótipos, como o de que pessoas sem formação acadêmica ou, ainda, que não cursaram a área de exatas, não conseguem fazer programação. Lógica não depende de classe social, cor, gênero ou idade, depende de resiliência e resistência, e isso, nós temos de sobra nas favelas.

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O Vale do Silício é mundialmente conhecido por ser sede das principais empresas de tecnologia do mundo. Abriga 39 das 1.000 empresas mais valiosas dos Estados Unidos, sendo que 25% dos trabalhadores da área de tecnologia estão lá, além de metade dos investimentos de capital do país. A nossa ideia é trazer estas empresas pra dentro das favelas.

No Brasil, segundo pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), há mais de 700 mil vagas abertas na área de tecnologia. Fala-se, inclusive, de um apagão digital, se não tivermos muitas e variadas iniciativas de educação para cobrir este déficit de pessoas. Os conhecimentos de um profissional do ramo podem ser aplicados em videogames, web e dispositivos móveis, como smartphones e aplicativos. Lojas virtuais, sites e jogos eletrônicos são outros exemplos de coisas produzidas por um programador.

Estamos falando de oportunidade, e elas já existem!

Entre algumas boas opções, destaco a SoulCode Academy, que além de fornecer bolsa 100% gratuita para os alunos, faz a ponte com a empregabilidade.

Fico imaginando os jovens da Taça das favelas com bolsa e canudo na mão, e nosso próximo evento, Expo Favela 2023, sendo invadido por milhares de startups impulsionados por iniciativas como essa.

A média de salário de um iniciante em programação de dados é de quase 3 salários mínimos, somado a uma carreira promissora e de muita ascensão.  Programação é a nova linguagem de ensino básico no mundo e hoje está aberta para qualquer cidadão. É o ponto de virada. Estamos falando de transformação educacional e vocacional na base da pirâmide.

E como a favela é potência, é daqui que já estão saindo os novos cientistas de dados. Mais que a transformação digital, é uma transformação de vidas por gerações.

*Celso Athayde é CEO da Favela Holding e fundador da Central Única de Favelas

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