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Opinião: Impactos desiguais e percepções da sociedade brasileira sobre as mudanças climáticas

Em meio à crise do clima, o conceito de justiça climática ganha relevância, enfatizando a necessidade de lidar com as desigualdades que amplificam os impactos sobre comunidades marginalizadas

Eventos recentes ilustram a gravidade do problema: chuvas intensas em São Paulo e a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, em 2024, resultaram em dezenas de mortes (Cris Faga/Getty Images)

Eventos recentes ilustram a gravidade do problema: chuvas intensas em São Paulo e a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, em 2024, resultaram em dezenas de mortes (Cris Faga/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 08h00.

*Por Thais Scharfenberg

As mudanças climáticas avançam rapidamente, ameaçando ecossistemas, economias e as populações mais vulneráveis, enquanto os esforços para limitar o aumento da temperatura global, como previsto no Acordo de Paris, permanecem insuficientes.

Dados atuais mostram que a temperatura média global atingiu níveis recordes, ultrapassando 1,6°C acima dos níveis pré-industriais, evidenciando a urgência de ações concretas. 

Eventos recentes ilustram a gravidade do problema: chuvas intensas em São Paulo e a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, em 2024, resultaram em dezenas de mortes e milhares de desalojados, enquanto, globalmente, países como Tuvalu enfrentam o aumento do nível do mar, e a desertificação ameaça a segurança alimentar na África Subsaariana.

No entanto, a COP29 destacou os desafios dessa mobilização global, especialmente pela falta de consenso sobre uma nova meta de financiamento climático, crucial para promover equidade e justiça climática.

Nesse contexto, o conceito de justiça climática ganha relevância, enfatizando a necessidade de lidar com as desigualdades que amplificam os impactos das mudanças do clima sobre comunidades marginalizadas. Os eventos climáticos extremos vêm se intensificando globalmente, com impactos cada vez mais severos na vida cotidiana e na infraestrutura. 

No Brasil, um estudo publicado pelo Centro Brasil no Clima em 2023 destacou o aumento expressivo de secas e enchentes. Entre 2017 e 2020, o número de municípios afetados por secas passou de 2.706 (48,6% do total) para 2.916 (53,4%). O estudo também mostra que 11 milhões de pessoas sofreram diretamente os impactos de eventos climáticos na América Latina em 2023, resultando em 909 mortes sendo que as enchentes representaram a causa de 53% desses óbitos.

Justiça Climática: Um Conceito Necessário 

A justiça climática busca equidade na forma como os impactos das mudanças climáticas são enfrentados e as responsabilidades são compartilhadas. De acordo com o último relatório do IPCC (2022), as desigualdades sociais representam uma barreira significativa na promoção da justiça climática.

Isso significa considerar não apenas as emissões históricas de carbono, mas também os contextos socioeconômicos que determinam quem sofre mais e quem está melhor equipado para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Uma pesquisa realizada pela PwC em parceria com o Instituto Locomotiva, com 1.510 entrevistados, explorou a percepção da população brasileira sobre as mudanças climáticas.

O estudo foi conduzido pelo sócio e líder de ESG na PwC Brasil, Mauricio Colombari, e pelo presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Os resultados mostram que 91% dos entrevistados afirmam conhecer ao menos um pouco sobre mudanças climáticas e 89% reconhecem sua importância. Contudo, apenas 32% conhecem o conceito de justiça climática, embora 75% o considerem relevante após uma explicação.

A pesquisa revelou que há uma significativa desinformação em torno do tema. Cerca de 54% dos entrevistados relataram insegurança quanto à veracidade de afirmações científicas relacionadas às mudanças climáticas. Além disso, 27% acreditam que as alterações no clima são fenômenos naturais, desconectados das atividades humanas.

Essa percepção distorcida é amplificada por limitações no acesso à informação de qualidade. Segundo o estudo ‘’O Abismo Digital no Brasil’’ da PwC ainda em parceria com o Instituto Locomotiva, apesar de 81% da população acima de 10 anos utilizar a internet, apenas 20% têm acesso de alta qualidade, o que restringe o alcance de campanhas educativas e conscientização sobre o tema.

Os impactos das mudanças climáticas também são sentidos de maneira desigual. Mulheres, pessoas negras e de baixa renda enfrentam as maiores dificuldades em lidar com as consequências de desastres do clima.

Essas desigualdades são fruto de barreiras históricas e estruturais, que limitam o acesso dessas populações a recursos de mitigação e adaptação. Por outro lado, há um consenso sobre a responsabilidade coletiva no enfrentamento do problema, com governos, empresas e organizações não governamentais desempenhando papéis essenciais.

A pesquisa também destacou o papel do setor privado na transição para práticas mais sustentáveis. Os maiores emissores de carbono são vistos como os que mais podem contribuir para a mitigação dos impactos climáticos.

A pressão da população é evidente: 97% dos entrevistados afirmaram que deixariam de consumir produtos de marcas associadas a práticas ambientalmente prejudiciais, como o desmatamento.

Chaves para a Transformação

Educação e engajamento são elementos centrais para transformar a resposta às mudanças climáticas. Estratégias educacionais e campanhas de conscientização devem ser adaptadas para alcançar grupos menos familiarizados com o conceito de justiça climática, especialmente pessoas mais velhas e menos escolarizadas.

Uma população bem informada e engajada pode impulsionar mudanças significativas, desde legislações locais até acordos globais.

Além disso, a resposta ao problema exige uma ação coletiva e coordenada entre governos, empresas e sociedade civil. Plataformas de diálogo e compartilhamento de conhecimento são fundamentais para identificar soluções climáticas inovadoras e escaláveis.

O fortalecimento da conexão entre atores públicos e privados e o engajamento das comunidades locais são passos essenciais para assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações.

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