O caminho para um Brasil com toda criança imunizada
Enquanto o país avançou, a cobertura global de imunização infantil estagnou em 2023, deixando 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta
Colunista
Publicado em 23 de julho de 2024 às 15h06.
Última atualização em 23 de julho de 2024 às 15h17.
Por Luciana Phebo, chefe de Saúde e Nutrição no Unicef
O Brasil tem motivos para celebrar: o país saiu da lista dos 20 com mais crianças não imunizadas no mundo. O número de crianças brasileiras que não receberam nenhuma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (a DTP, administrada no Brasil como a Vacina Pentavalente ) caiu de 687 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Já o número de meninas e meninos que não receberam a terceira dose desta mesma vacina caiu de 846 mil em 2021 para 257 mil no ano passado.
Os números lançados pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde ( OMS ) mostram ainda que o Brasil tem sido uma exceção no cenário mundial. Enquanto o país avançou, a cobertura global de imunização infantil estagnou em 2023, deixando 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta, em comparação com os números pré-pandemia de 2019.
A lição é clara. Declarações e discursos não bastam: são necessárias ações concretas e investimentos dedicados para aumentar as taxas de cobertura vacinal e diminuir a quantidade de meninas e meninos sem vacina.
E o Brasil, que tem feito um bom trabalho, tem a oportunidade de acelerar ainda mais estes resultados. O Unicef defende que é hora dos municípios e estados brasileiros ultrapassarem os muros das unidades de saúde e adotarem estratégias para alcançar, em todos os lugares, as crianças e os adolescentes que ainda não conseguem acessar a vacinação.
Afinal, são muitas vezes as crianças e as famílias mais vulneráveis as que têm mais dificuldades no acesso aos serviços de saúde que oferecem vacinas. É por isso que esforços como os adotados pelo governo federal, como o Programa Saúde na Escola, são tão importantes para buscar ativamente meninos e meninas que ainda não receberam doses de imunizantes.
E a escola não deve ser o único local para colocar isso em prática. O Unicef acredita que é preciso olhar para outros espaços de atendimento à população, como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), entre outros serviços de proteção social, enquanto espaços de incentivo às vacinas – assim, é possível chegar até meninas e meninos que ainda não estão em idade escolar e garantir que nenhuma criança e nenhum adolescente sejam deixados para trás quando se trata de imunização.
Este é um compromisso que deve ser assumido por prefeitos, prefeitas e outros gestores públicos, além de pré-candidatos que concorrerão a estes cargos em 2024.
Levando vacinas para cada criança e adolescente
No Brasil, o Unicef contribui com os esforços pela imunização a partir da estratégia Busca Ativa Vacinal (BAV), uma iniciativa que apoia municípios na garantia da imunização infantil. A estratégia funciona ao contribuir na identificação de crianças e adolescentes com atraso vacinal ou não vacinadas; estabelecer estratégias para encaminhamento delas aos serviços de saúde e atualizações de vacinação; monitorar as coberturas vacinais; acompanhar a situação vacinal da população-alvo; e identificar e responder a vulnerabilidades que levam à não vacinação.
A estratégia incentiva a participação de diferentes serviços públicos nessa busca ativa ― como Educação, Saúde, Assistência Social, entre outras ―, ressaltando a importância da intersetorialidade para se alcançar meninas e meninos que ainda não foram imunizados. Para a BAV, o Unicef conta a parceria estratégica da Pfizer e da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Além dela, o Unicef investe na saúde materno infantil e na primeira infância, com apoio dos parceiros estratégicos MSD e Huggies.
É para se unir a este esforço que o Unicef convoca governantes, pré-candidatos, mães, pais, familiares responsáveis, jovens e toda a sociedade: para atuarmos juntos em prol de um futuro em que cada menina e cada menino no Brasil sejam imunizados, fiquem protegidos de doenças evitáveis e possam viver uma vida longa e saudável.