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Claudia Goldin acaba de receber o Prêmio Nobel de Economia de 2023 (Social Science Bites/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 10h14.
Última atualização em 9 de outubro de 2023 às 17h47.
Claudia Goldin, professora de Harvard, acaba de receber o Prêmio Nobel de Economia de 2023. Ela, que é a terceira mulher a receber o prêmio desde 1969, tem estudos focados em questões de desigualdade de gênero e na compreensão dos resultados do mercado de trabalho das mulheres.
Na página dos estudos publicados por Goldin, em Harvard, é possível encontrar pesquisas sobre o tema desde 1991. Em 1995, por exemplo, a pesquisadora descreveu A função da força de trabalho feminina em forma de U no desenvolvimento econômico e na história econômica.
"Quando as mulheres têm pouca escolaridade, o seu único trabalho remunerado fora de casa e da família é o trabalho manual, contra o qual existe um forte estigma social. Mas quando as mulheres são educadas, especialmente no nível secundário, elas ingressam no trabalho de colarinho branco, contra a qual não existe estigma social. Dados relativos a mais de cem países e à história dos Estados Unidos são utilizados para explorar a hipótese da função da força de trabalho feminina", escreveu.
Já em meados dos anos 2000, a pesquisadora relacionou as questões de trabalho das mulheres com, por exemplo, o casamento. Entre os estudos há o Fazendo um nome: sobrenomes das mulheres no casamento e depois e A revolução silenciosa que transformou o emprego, a educação e a família das mulheres.
Ao longo dos anos, Goldin passou a considerar interseccionalidades, como o etarismo. Um exemplo é da publicação Mulheres que trabalham mais tempo: aumento do emprego em idades mais avançadas, considerada "um estudo pioneiro das tendências recentes na participação das mulheres mais velhas na força de trabalho, a coleção oferece informações valiosas para uma ampla gama de cientistas sociais, empregadores e decisores políticos".
Mais recentemente, em 2022, os impactos da COVID foram analisados, em Compreender o impacto economico da COVID-19 nas mulheres, ela aponta, por exemplo, que "mulheres com filhos de 0 a 4 anos ficaram -2,7 p.p. a mais mais impactados na fase pré-pandêmica do que os homens com filhos residenciais nessas idades, e aqueles com idade entre 5 e 13 anos foram -1,9 p.p. a mais", demonstrando cientificamente como as questões de gênero difundidas nas sociedades, a partir de esteriótipos que atribuem às mulheres os papeis de cuidado do lar e da família impacta diretamente na carreira e ascensão econômica.
De acordo com a publicação oficial da divulgação do Prêmio Nobel, Goldin foi nomeada por "vasculhar os arquivos e recolher mais de 200 anos de dados dos EUA, o que lhe permitiu demonstrar como e porquê as diferenças de gênero nos rendimentos e nas taxas de emprego mudaram ao longo do tempo. Goldin mostrou que a participação feminina no mercado de trabalho não teve uma tendência ascendente ao longo de todo este período, mas sim uma curva em forma de U. A participação das mulheres casadas diminuiu com a transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial no início do século XIX, mas depois começou a aumentar com o crescimento do sector dos serviços no início do século XX. Goldin explicou este padrão como o resultado de mudanças estruturais e da evolução das normas sociais relativas às responsabilidades das mulheres em relação ao lar e à família".
Além disto, "Historicamente, grande parte da disparidade salarial entre homens e mulheres poderia ser explicada por diferenças na educação e nas escolhas profissionais. Contudo, Goldin demonstrou que a maior parte desta diferença de rendimentos ocorre agora entre mulheres e mulheres que exercem a mesma profissão e que surge em grande parte com o nascimento do primeiro filho".
Para Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Economicas, "compreender o papel da mulher no trabalho é importante para a sociedade. Graças à investigação inovadora de Claudia Goldin, sabemos agora muito mais sobre os fatores subjacentes e quais as barreiras que poderão ter de ser abordadas no futuro".