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NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS: Os legados de infraestrutura verde da COP30 para Belém

A CEO da Arcadis América Latina detalha projetos entregues para a capital paraense e Amazônia e analisa o potencial do Brasil na bioeconomia e soluções sustentáveis

Karin Formigoni, CEO da Arcadis para América Latina: "Grandes eventos como a COP não podem simplesmente passar sem deixar um legado para a cidade" (Divulgação)

Karin Formigoni, CEO da Arcadis para América Latina: "Grandes eventos como a COP não podem simplesmente passar sem deixar um legado para a cidade" (Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 16h00.

Última atualização em 19 de dezembro de 2025 às 16h20.

A COP30 deixou marcas concretas em Belém que vão muito além do clima. Projetos de infraestrutura verde como o Parque da Cidade e o Complexo Porto Futuro transformaram a paisagem urbana da capital paraense e estabeleceram novos padrões de sustentabilidade para o Brasil.

Quem garante é Karin Formigoni, CEO da Arcadis América Latina, consultoria centenária voltada a soluções inteligentes responsável pelo desenvolvimento dessas obras sustentáveis.

Arquiteta de formação, ela representa uma mudança de paradigma em um setor tradicionalmente dominado por homens e foi a primeira mulher a ocupar o cargo na companhia, trazendo uma vasta bagagem na área ambiental. 

"Grandes eventos como a COP não podem simplesmente passar sem deixar um legado para a cidade",  disse Karin, em entrevista ao videocast NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS.

À frente de uma das maiores empresas de infraestrutura sustentável do mundo, a executiva destaca que os projetos foram pensados para permanecer como "patrimônio da população belenense" e constroem o futuro da Amazônia. 

Entre os projetos da Arcadis estão iniciativas que substituem o uso de fósseis nas operações de mineração por alternativas mais limpas. Uma das soluções adotadas é o gás natural, hoje considerado um combustível de transição, por reduzir emissões em comparação a outras fontes poluentes, explicou.

Além disso, há um foco especial na bioeconomia. A executiva destaca uma iniciativa de reflorestamento com uso de cacau, tanto na Mata Atlântica quanto na Floresta Amazônica.

"Falamos de floresta, mas muitas vezes esquecemos das pessoas que dependem dela. Precisamos apoiá-las no desenvolvimento de técnicas ou de tecnologias para que elas façam um manejo sustentável", reforçou Karin.

Assista o episódio completo no Youtube:
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Parque da Cidade: lazer e tecnologia verde

O Parque da Cidade foi uma das entregas mais celebradas e a CEO conta que a emoção de ver o local ocupado pelos moradores foi um dos momentos mais marcantes.

"É incrível ver que tudo aquilo que projetamos virou realidade e perceber sua importância como um espaço de lazer e de bem-estar", destacou.

O parque não é apenas um espaço de lazer. Ele incorpora soluções baseadas na natureza, como filtros naturais com dez espécies nativas da Amazônia que fazem o processo de limpeza da água e do esgoto sem geração de odor. "Priorizamos apostar em medidas que trazem benefícios diretos e um olhar diferente do tradicional das cidades", explicou.

O parque também foi berço das áreas oficiais da UNFCC da COP30, e abrigou a Blue Zone e a Green Zone durante as duas semanas da conferência em novembro.

Agora, passa a ser um legado para a população e traz uma série de restaurantes e áreas de convivência.

Porto Futuro: patrimônio histórico e bioeconomia

A Arcadis conduziu todo o processo de identidade e restauro dos galpões históricos que deram luz ao Complexo Porto Futuro na beira do rio e ao lado da estação das Docas.

O ponto turístico registrou um movimento recorde durante a COP30 e sua missão daqui para frente é servir como um grande parque de bioeconomia que valoriza a sociobiodiversidade amazônica, além de abrigar a Caixa Cultural e o Museu das Amazônias.

"É um patrimônio", lembrou Karin ao ressaltar o trabalho árduo da equipe de arqueólogos da empresa no projeto para manter a identidade original dos galpões.

Adaptação climática: as lições do Rio Grande do Sul

Karin é enfática ao abordar a necessidade de adaptação às mudanças climáticas, tema que ganhou urgência após as enchentes históricas no Rio Grande do Sul. "Foi um grande alerta para a sociedade", afirmou.

Para ela, o planejamento urbano precisa incorporar resiliência desde o início.

"A minha grande preocupação era começarmos a reconstruir as cidades exatamente da mesma forma, já que sabíamos que se tratam de áreas vulneráveis", alertou ao refletir sobre a ocupação irregular das áreas urbanas.

Como parte do compromisso com cidades mais resilientes, a empresa firmou um termo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente para lançar um manual de soluções baseadas na natureza na COP30.

"É uma oportunidade para os municípios e para as cidades se prepararem e se inspirarem. Existem exemplos no mundo. O financiamento ainda é um desafio", acrescentou Karin.

Os números da Arcadis também comprovam um compromisso com a diversidade e inclusão: 47% da força de trabalho é composta por mulheres, 44% nas posições de liderança e 50% no board.

"Precisamos muito ser intencionais, focar no desenvolvimento, para que possamos efetivamente puxar essa pauta e fazer com que ela aconteça como todas as demais. A diversidade traz inovação", lembrou a CEO.

O papel do setor privado e o protagonismo do Brasil

Para Karin, a COP30 deixou clara a importância do setor privado na agenda climática e na percepção de evolução de responsabilidade.

"Inicialmente, parecia que era uma pauta de governo, mas a agenda foi evoluindo. Precisamos de uma atuação ampla e integrada", disse.

Com a presidência brasileira da COP se estendendo até novembro de 2026, Karin vê oportunidades contínuas para inovação e ressalta a adaptação climática como foco frente aos eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos. A agenda se torna estratégica, especialmente em setores de infraestrutura como o elétrico e de transportes. 

Em relação à meta climática brasileira até 2035 de redução das emissões até 67%, a executiva destaca que o mercado está amadurecendo e que será preciso a união dos setores para alcançarmos os compromissos. 

Para além dos projetos em Belém, a CEO vê o Brasil em um momento chave para posicionar no cenário global como um grande hub de soluções verdes. "Temos uma grande oportunidade de nos tornarmos uma referência e não só um exportador de commodities", concluiu.

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