Minerva lança ferramenta para pecuaristas medirem carbono nas fazendas
Em parceria com a Imaflora, fazendas fornecedoras da empresa vão passar a monitorar dados sobre emissões e descarbonização
Maria Clara Dias
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 15h48.
Para a Minerva Foods, manter padrões sustentáveis em um setor tão desafiador quanto o da pecuária é uma missão que inclui o olhar para o fornecimento em larga escala. É um desafio estrutural imenso para uma cadeia de abastecimento que recebe cerca de 12.000 novos fornecedores ano a ano. Para avançar nessa frente e não cortar os laços entre impacto e produção de carne, a Minerva aposta em uma ferramenta de rastreio e monitoramento de fornecedores indiretos que permite a análise de áreas.
Agora, o novo passo sustentável da exportadora está na criação da Carbon on Track, uma plataforma que mensura as emissões de carbono em fazendas pecuarista s da América Latina, como uma tentativa de empoderar os pequenos produtores (e claro, fornecedores da Minerva), e fazê-los entender a fundo que tipo de impacto seus pastos geram no mundo.
Desenvolvida em parceria com a ONG Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), o programa fará o balanço de carbono de 25 fazendas fornecedoras no Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai que juntas, cuidam de mais de 232.000 cabeças de gado e possuem mais de 185.000 hectares de pastagem.
A criação da ferramenta faz parte de um plano mais extenso da companhia, assentado em um programa chamado de “Renove”, de incentivo à ocupação territorial sustentável, explica Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva. “Com o Renove, nossa missão é ajudar produtores a proteger a biodiversidade e recursos hídricos, mas isso depende de um modelo de ocupação rentável”, diz. “Sem essa rentabilidade não é possível investir em redução da idade de abate, tecnologia e novas formas de nutrição. O primeiro grande passo para tudo é medir e fazer o balanço de carbono”.
No projeto piloto, proprietários das 25 fazendas compartilharam informações sobre o dia a dia da produção e, em troca, receberam o balanço completo das emissões, dicas para uma melhoria sustentável e para redução das emissões poluentes nas propriedades e, por último, uma certificação sustentável emitida pela Preferred By Nature. Para o teste, foram escolhidas as propriedades com maior proximidade com a cadeia de fornecimento da Minerva.
Os resultados foram promissores. As fazendas monitoradas passaram a emitir 44% menos gases de efeito estufa (GEE) em comparação com a taxa média mundial para emissões na produção de carne bovina, segundo a Minerva. “É algo muito melhor do que esperávamos”, diz Custódio.
A longo prazo, a intenção da empresa é permitir que esses pecuaristas também ampliem suas próprias jornadas ESG e que, com o conhecimento em mãos e as boas práticas em funcionamento nas fazendas, esses produtores possam se conectar ao mercado global de créditos de carbono e pagamento por serviços ambientais.
A ocasião escolhida pela Minerva para fazer o anúncio e exibir os bons números do projeto foi a COP26, Conferência do Clima da ONU, que aconteceu neste mês de novembro em Glasgow, na Escócia.
Para Custódio, as intenções da Minerva com o Carbon on Track podem ser resumidas a uma visão de longo prazo, com foco na importância de grandes indústrias e empresas exportadoras no sistema global de alimentação. “Em um sistema alimentar global tão conectado como o que temos hoje, é fundamental que haja a percepção de que o Brasil tem o papel de alimentar o mundo”, diz.
Em outra frente, a possibilidade de trabalhar com certificações ambientais aproxima a empresa de assumir a dianteira no promissor mercado da pecuária de baixo carbono. A Minerva se comprometeu a ter 100% da sua produção livre de carbono até 2035, além de eliminar o desmatamento ilegal de toda a cadeia.