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"Me Too" na Islândia faz líderes empresariais deixarem cargos

Três empresários de destaque e o âncora de notícias mais famoso da nação deixaram os cargos ou saíram de licença na semana passada

Casos de assédio sexual no meio jurídico cresce (Unsplash/VOCÊ RH)

Casos de assédio sexual no meio jurídico cresce (Unsplash/VOCÊ RH)

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Bloomberg

Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 13h17.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 14h31.

Por Ragnhildur Sigurdardottir, da Bloomberg

Um escândalo “Me Too” estourou na Islândia, onde acusações de má conduta sexual recentemente levaram a uma série de mudanças na gestão do alto escalão de empresas.

Três empresários de destaque e o âncora de notícias mais famoso da nação deixaram os cargos ou saíram de licença na semana passada, depois que uma mulher de 24 anos os acusou de condutas sexuais impróprias durante entrevista ao podcast Eigin konur, em 4 de janeiro.

Vitalia Lazareva disse que estava em uma banheira de hidromassagem em uma casa de férias em dezembro de 2020 quando foi apalpada por três líderes empresariais que, segundo ela, eram amigos do homem com quem se relacionava na época, o promotor fitness Arnar Grant.

O que aconteceu “ultrapassou todos os limites, com todos eles, eu acho”, disse Lazareva, acrescentando que “deixou algumas coisas acontecerem” porque estava “tentando impressionar” Grant.

Lazareva não citou nomes no podcast, mas os havia mencionado em redes sociais.

O movimento “Me Too” trouxe “uma mudança fundamental, que muda o foco para o ponto de vista das vítimas” e leva as pessoas a “hesitarem menos em se posicionar”, disse Gyda Margret Petursdottir, professora de estudos de gênero da Universidade da Islândia.

Antigamente, as pessoas estavam mais dispostas a deixar os casos apenas para o sistema judicial, achando que a sociedade não deveria interferir, disse ela em entrevista. “Este caso em particular demonstra que não há mais tolerância para um certo tipo de masculinidade, que talvez fosse aceita e até celebrada” na Islândia antes do colapso financeiro de 2008, segundo ela.

Após a entrevista de Lazareva no podcast, o ex-banqueiro de investimentos Thordur Mar Johannesson deixou o cargo de presidente do conselho da Festi hf, uma das maiores empresas da Islândia. O novo chairman Gudjon Reynisson confirmou que Johannesson saiu por conta das acusações.

Ari Edwald foi convidado a se afastar do cargo de CEO da Isey Export devido às alegações, disse Elin Margret Stefansdottir, presidente do conselho do controlador MS Iceland Dairies.

Nem Johannesson nem Edwald responderam a duas ligações e três mensagens para cada um de seus celulares e redes sociais, e nenhum deles fez comentários à imprensa local.

Hreggvidur Jonsson, fundador e maior acionista da holding de saúde Veritas Capital saiu do conselho. Em comunicado para a imprensa local, Jonsson disse que “se arrependeu” e que não infringiu nenhuma lei.

Grant, que segundo a mídia local deixou o trabalho como personal trainer após as acusações, não comentou quando contatado pela Bloomberg nem se pronunciou em outras mídias.

No podcast, Lazareva também falou sobre uma outra ocasião em que ela disse que Grant tentou esconder seu relacionamento, pressionando-a até que ela praticasse atos sexuais com Logi Bergmann, o jornalista, que ela disse ter descoberto o relacionamento. Ela foi “oferecida como uma prostituta”, segundo ela.

Bergmann publicou no Facebook que ele era inocente, embora reconhecesse que havia sido “indelicado”. Ele vai sair de licença, disse durante seu programa de rádio na quinta-feira. Ele não respondeu a duas ligações e três mensagens pedindo comentários.

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