Filmes, documentários e curiosidades para celebrar o Dia da Amazônia
Maior floresta do mundo se estende por nove países e vem sofrendo com o desmatamento. Plataformas de streaming preparam programação especial
Rodrigo Caetano
Publicado em 3 de setembro de 2021 às 06h00.
Neste domingo, 5, é celebrado o Dia da Amazônia . A data se refere à criação da Província do Amazonas, por D. Pedro II, em 1850, mas o propósito da celebração é chamar atenção para os problemas enfrentados pelo bioma, em especial o desmatamento.
A destruição da floresta, a maior do mundo em território, cresceu de maneira preocupante nos últimos anos. Em junho deste ano, o desmatamento atingiu 1.417 km2 , o maior valor do ano e 27% acima da média histórica para o mês, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No acumulado do ano, o aumento em relação à média foi de 50%, chegando a 3.964 km2.
O governo brasileiro já desistiu de cumprir a meta de reduzir o desmatamento em 10% este ano, como havia mencionado o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal. “Provavelmente não irei cumprir aquilo que eu achava que seria o nosso papel, de chegar a 10% de redução. Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%. É uma diminuição muito pequena e irrisória, mas já é um caminho andado", disse o general.
E isso mesmo com o aumento de quase 120% no orçamento dos órgão de defesa do meio ambiente, como Ibama e Instituto Chico Mendes, instituído pelo governo após ampla repercussão dos números negativos no exterior. O objetivo é apresentar um plano de cumprimento de metas internacionais e evitar chegar de mãos vazias à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, que acontecerá no próximo mês de novembro, na Escócia.
Apesar do cenário negativo, a data deve ser comemorada
Os percalços enfrentados pela floresta, no entanto, não apagam sua importância para a construção da identidade brasileira. O bioma é único no mundo. Em muitos aspectos, ainda esconde uma série de mistérios para a ciência. A Amazônia dá ao Brasil a maior biodiversidade do planeta, o que confere ao país uma voz permanente no debate ambiental, ainda que o governo da vez seja criticado.
Para celebrar essa importância da floresta para o Brasil e o mundo, o canal NatGeo, que pertence à Disney, criou um site com informações curiosas sobre a floresta . A iniciativa faz parte de uma campanha de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
20 curiosidades sobre a Amazônia
- Nove países e nove estados: A Amazônia é a maior floresta em território, ocupando cerca de nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela e no Brasil. No território brasileiro, o bioma ocupa nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhão e do Mato Grosso, o equivalente à quase metade do território nacional.
- Flora amazônica exclusiva: A Vitória Régia é uma planta típica da região e se destaca por ser uma das maiores plantas aquáticas do mundo. Uma única folha dela pode chegar a um diâmetro de até 33 centímetros.
- Um pequeno país: Com cerca de 5.500 quilômetros quadrados, se a Amazônia fosse um país, seria o sétimo maior do mundo, ficando atrás da Austrália (7.692 km²) e à frente da Índia (cerca de 3 mil km²).
- Rios voadores: A alta umidade do ar na região amazônica tem uma relação direta com a quantidade de árvores que lá existem. São cerca de seis mil espécies conhecidas, sendo que algumas delas têm raízes que conseguem penetrar cerca de 30 metros o solo, retirando assim toda a água necessária. Os troncos e galhos funcionam como tubulações levando essa água até as flores, que por sua vez transpiram e jogam toda essa umidade no ar. Cada árvore chega a bombear cerca de 500 litros de água no ar por dia, totalizando 20 bilhões de toneladas de água lançados no ar diariamente na Amazônia. Parte dessa água volta ao solo em formato de chuva e outra parte é transformada nos “rios voadores”, representados em grandes nuvens que sobrevoam a região.
- Ar-condicionado do mundo: Ao contrário da informação de conhecimento popular que a Amazônia contribui com 20% do oxigênio na atmosfera, o bioma - na verdade - contribui com cerca de 20% do oxigênio produzido pela fotossíntese no planeta. Em seu estado mais primitivo, a Amazônia faz uma contribuição significativa para retirar o dióxido de carbono da atmosfera, o que não chega a ser um par de pulmões, e sim se assemelha a um ar-condicionado gigante que resfria o planeta.
- Alagamentos emergenciais: Assim que os afluentes amazônicos atingem os seus níveis mais baixos, as chuvas torrenciais começam a cair com uma força brutal. Em um espaço de poucos meses, a floresta fica submergida, chegando a quase 30 metros de alagamento na selva, que é suficiente para cobrir um edifício de dez andares.
- Selva Submarina: O interesse em cultivar florestas capazes de absorver as emissões de carbono, as florestas subaquáticas, começa a aumentar na região amazônica. Cada vez mais, pesquisas documentam o potencial das plantações de algas marinhas no combate às alterações climáticas. As selvas submarinas de algas e macroalgas de crescimento rápido são altamente eficazes em armazenar carbono e ajudam a mitigar a acidificação, desoxigenação e outros impactos marinhos do aquecimento global.
- Uma espécie por dia: A Amazônia brasileira é tão cheia de vida que os exploradores têm descoberto novas espécies de plantas ou animais quase que diariamente. Esta é a conclusão de um estudo de dois anos sobre as espécies recém-descobertas, conduzido pela World Wildlife Fund (WWF). Só em 2017, foram encontradas 216 novas espécies de plantas, 93 de peixes, 32 de anfíbios, 19 de répteis, uma ave e 18 mamíferos.
- Maior volume de água do planeta: A Amazônia é cortada pelo rio Amazonas, responsável por drenar mais de sete milhões de quilômetros quadrados de terras e com vazão anual média de 176 milhões de litros de água por segundo, dando a ele o pódio de maior rio em volume de água do mundo. Na foz, o rio produz 100 milhões de litros d’água por segundo.
- Fruto típico amazônico: o fruto do Guaraná foi descoberto em 1821 por Humboldt em tribos indígenas do município hoje chamado de Maués. Os índios da região consideravam o guaraná sagrado e utilizavam a pasta do fruto como remédio.
- A economia verde: A economia com baixa emissão de carbono é uma das grandes impulsionadoras da economia Amazônica, fazendo a região dar um salto em sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
- Maior manguezal: A costa amazônica possui o maior número de manguezais no Brasil. Cerca de 80% dos manguezais do país se encontram na região, sendo característicos por abrigarem uma enorme deposição de material lamoso cheio de nutrientes.
- Rio subterrâneo: Cientistas descobriram que existe um rio subterrâneo embaixo do Rio Amazonas, batizado de Hamza em homenagem ao pesquisador Valya Hamza. Ele se encontra a quatro mil metros de profundidade, conta com seis mil quilômetros de extensão e corre no mesmo sentido do Rio Amazonas.
- Super peixes: Na Amazônia é onde se encontra o maior número de peixe elétrico. Capaz de produzir descargas que variam entre 300 e 1.500 volts, suficiente para matar um cavalo, a espécie chega a medir três metros e podem pesar 30 quilos.
- Areia desértica: A Floresta Amazônica recebe areia do deserto do Saara por meio dos ventos, que levam minerais que fertilizam o solo amazônico.
- A onda gigante: A palavra Pororoca foi adotada para se referir a um dos mais impressionantes fenômenos da natureza, que ocorre quando as águas do mar se encontram com um rio e formam uma grande onda que pode atingir até 4 metros de altura e durar até uma hora e meia, avançando 50 quilômetros no rio Amazonas adentro.
- Povo Indígena: Um dos maiores símbolos da Amazônia são as tribos indígenas, presentes na região muito antes do Brasil ser colonizado. Atualmente, os maiores grupos de índios da Amazônia são os Guaranis, Xerentes, Amawákas, Anambés, Kambebas e os Aruá. No entanto, há mais de 200 diferentes etnias espalhadas por todo o Brasil.
- Inseto enorme: Você sabia que na Floresta Amazônica existe uma centopeia gigante (Scolopendra Gigantea) que se alimenta de sapos, grilos, pássaros, cobras, entre outros animais de porte grande?
- Flora aquática: Na Amazônia são encontrados duas espécies de botos, conhecidos como golfinhos de água doce: o cor-de-rosa e o boto-preto. Além disso, nos rios amazônicos, concentram-se cerca de 85% dos peixes de toda a América do Sul.
- Legado de Chico Mendes: 32 anos após sua morte, o seringueiro Chico Mendes continua como o maior símbolo da luta dos povos extrativistas pelo uso das terras que ocupam há décadas, em específico, e pela preservação da Amazônia, num âmbito geral.
Filmes e documentários sobre a Amazônia
A plataforma de streaming Curta!On também preparou uma programação especial para a data. São cinco documentários e uma série que mostram diferentes perspectivas sobre a floresta. Confira:
“Amazônia Eterna” - Dirigido por Belisario Franca, o documentário mostra como nove projetos, com propostas para o uso da floresta de maneira sustentável, podem beneficiar diretamente a população local e promover parcerias economicamente vantajosas. O filme ganhou, entre outros, o prêmio de melhor documentário no Brazilian Film & Television Festival of Toronto, em 2013.
“ Chico Mendes – Um Povo da Floresta ” - Crônica da luta de Chico Mendes e seus companheiros, especificamente no Acre, contra a transformação da Amazônia. A produção deste documentário é de 1989, ano seguinte à sua morte. A direção é de Edilson Martins.
“No Caminho da Expedição Langsdorff ” - Este documentário, dirigido por Mauricio Dias, refaz a rota original da Expedição Langsdorff, realizada em 1825 e patrocinada pelo czar Alexandre I e pelo governo russo. Do garimpo às tribos indígenas, a equipe de filmagem vive as emoções de uma perigosa aventura de 170 anos e seis mil quilômetros, do Tietê ao Amazonas, em três botes infláveis.
“ Mamirauá ” - Conheça o cotidiano de 12 comunidades e duas terras indígenas, localizadas na mais antiga e até hoje maior Reserva de Desenvolvimento Sustentável - um dos poucos tipos de unidade de conservação que promove sua educação ambiental. A direção é de Silvio Da-Rin.
“ Margem ” – Durante dois dias e três noites, a diretora Maya Da-Rin registra o lento navegar de uma embarcação no rio Amazonas. A margem se revela diante da câmera à medida em que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições e em constante transformação.
“Fronteiras Fluidas” - Série documental que enfoca a cultura, os ritos e os costumes milenares das tribos brasileiras pela perspectiva dos próprios indígenas. A direção é de Mariana Fagundes.