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Engie investe R$ 4 mi em pesquisas para acelerar previsão das mudanças climáticas

Oito projetos de previsão das mudanças e desastres climáticos de empresas e universidades brasileiras receberam apoio da companhia da energia durante dois anos

A companhia investiu R$ 4 milhões ao longo de dois anos para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação sobre mudanças climáticas (Ricardo Stuckert/Brazilian Presidency/AFP)

A companhia investiu R$ 4 milhões ao longo de dois anos para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação sobre mudanças climáticas (Ricardo Stuckert/Brazilian Presidency/AFP)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 10 de outubro de 2024 às 15h36.

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O verão brasileiro deve ver um aumento nas precipitações nas próximas décadas, aponta uma pesquisa da Universidade federal de Itajubá (UNIFEI), de Minas Gerais. A partir de 2060 acontecerá uma intensificação nesse padrão. Já no outono e na primavera, é esperada uma redução nas chuvas em diversas áreas do país.

As descobertas fazem parte de uma linha de estudos financiada pela Engie Brasil Energia, geradora de energia. A companhia investiu R$ 4 milhões ao longo de dois anos para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação sobre mudanças climáticas.

Oito iniciativas receberam apoio da companhia. Os resultados atingidos foram divulgados no início desta semana em um evento na sede da companhia, em Florianópolis.

A chamada pública envolveu as áreas de paleoclimatologia -- ciência que estuda as variações climáticas ao longo da história terrestre --, mudanças nos padrões atmosféricos e oceânicos no futuro e quantificação das fontes de umidades e modelagem climática regional. A melhoria das ferramentas operacionais para projeções climáticas também foi um dos temas prioritários dos estudos.

Confira as pesquisas sobre mudanças climáticas de empresas e universidades brasileiras:

A startup MeteoIA avançou nas estratégias para previsão do clima a partir do uso de inteligência artificial. A abordagem analisou os principais mecanismos que influenciam as chuvas no Brasil, possibilitando menos incerteza nas previsões climáticas até 2050.

O machine learning foi ferramenta para a TempoOK, empresa islando-brasileira de previsões de tempo. A partir da análise de modelos climáticos globais -- uma representação do sistema climático e suas interações com a atmosfera, oceano, superfície terrestre e outros atores que podem alterar o clima --, foi criada uma metodologia para definir os cenários de mudança nas chuvas com mais precisão.

Em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) liderou um estudo sobre o comportamento da estação de monção na América do Sul. Os resultados indicam uma diminuição da precipitação na primavera e um aumento durante o verão até 2100. O estudo também sugere que o El Niño terá efeitos mais intensos, destacando a importância de modelos climáticos precisos para previsões futuras.

A Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, desenvolveu um software inovador para analisar séries temporais e identificar sinais de alerta precoce no sistema hidrológico da América do Sul. O estudo compilou dados paleoclimáticos e registros observacionais, resultando em tendências de precipitação até 2060. Além disso, a análise detectou sinais de transição climática, essenciais para mitigar e adaptar-se às mudanças climáticas.

A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) coordenou dois projetos climáticos: o primeiro prevê aumentos na precipitação e o potencial da energia eólica no Brasil até o final do século. O segundo projeto foca nos impactos das mudanças nos fluxos de umidade, com projeções de aumento de temperatura, especialmente na Amazônia, e leve redução nas chuvas em grande parte do país. Ambos os estudos ajudam no planejamento energético e na gestão dos recursos hídricos.

A Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), no Rio Grande do Sul, analisou padrões atmosféricos que levam a eventos extremos de precipitação e seca. O estudo, baseado em dados de estações meteorológicas de 1982 a 2021, focou em padrões como monções e vórtices ciclônicos, com projeções para eventos extremos até 2060. As descobertas ajudam a planejar a geração de energia elétrica no Brasil.

A Universidade de São Paulo (USP) investigou a relação entre o transporte de umidade e eventos climáticos extremos na Bacia do Prata -- no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, maior bacia hidrográfica do Brasil -- entre 1980 e 2018. Foram identificados 49 eventos secos e 46 eventos úmidos, com a bacia do Amazonas sendo a principal fonte de umidade. Esses resultados são fundamentais para prever e monitorar episódios climáticos extremos na região.

Incentivo a pesquisas e inovação sobre clima

Ao todo, a Engie recebeu 53 propostas de estudos climáticos de todas as regiões do país, dos quais oito se destacaram para receber o financiamento. Os projetos foram realizados entre janeiro de 2022 e agosto de 2024, envolvendo por volta de 27 profissionais das empresas e universidades parceiras e da própria Engie.

Para Felipe Rejes de Simoni, gerente de performance e inovação da Engie Brasil Energia, o que motivou o incentivo às pesquisas foram os impactos das mudanças climáticas cada vez mais presentes no dia a dia. “Com o suporte da inovação e a tecnologia, trabalhamos para melhorar as previsões e encontrar soluções para problemas futuros”, disse.

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