ESG

Enfrentamos uma emergência nos oceanos, diz secretário-geral da ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participou da abertura da Conferência dos Oceanos 2022. Evento discute como evitar catástrofes climáticas e impulsionar a economia sustentável

António Guterres faz discurso na abertura da Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa (UN Photo/Eskinder Debebe/Reprodução)

António Guterres faz discurso na abertura da Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa (UN Photo/Eskinder Debebe/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 27 de junho de 2022 às 14h45.

Última atualização em 27 de junho de 2022 às 14h58.

De Lisboa, Portugal*

Os oceanos têm um impacto crucial nas mudanças climáticas e no aquecimento global. Para mostrar sua importância frente aos desafios da sociedade, começou nesta segunda-feira, 27, a Conferência dos Oceanos da ONU 2022 em Lisboa, Portugal.

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"Infelizmente, pensamos nos mares como garantidos e hoje enfrentamos o que eu chamaria de "Emergência nos Oceanos", declarou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos delegados, na abertura da Conferência. "Temos de inverter a maré. Oceanos saudáveis e produtivos são vitais para o nosso futuro".

A Conferência, que tem como tema "Intensificar a ação nos oceanos tendo por base a ciência e inovação, para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14: balanço, parcerias e soluções", trabalha em linha com a pauta da Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável.

Saúde dos Oceanos

As atividades humanas estão colocando em risco a saúde dos oceanos. De acordo com o relatório Estado do Clima Global em 2021, o aumento do nível do mar, o aquecimento e acidificação dos oceanos, e as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram novos recordes em 2021. Adicionalmente, a poluição marinha aumenta em um ritmo alarmante e, se as tendências atuais continuarem, mais da metade das espécies marinhas do mundo podem estar quase extintas até 2100.

Apesar do clima catastrófico, o secretário-geral da ONU também citou as boas notícias: a criação de um instrumento jurídico sobre a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade marinha de áreas fora da jurisdição nacional; um novo tratado para enfrentar a crise mundial de plásticos; e um acordo da Organização Mundial do Comércio sobre o fim dos subsídios prejudiciais à pesca.

Já o presidente Portugal, Marcelo de Rebelo de Sousa, lembrou na sessão de abertura que os oceanos são fundamentais no balanço geopolítico. “Saúde, economia, energia, mobilidade, migrações, desenvolvimento científico e tecnológico, alterações climáticas, tudo isto está presente no contexto ou em resultado da pandemia, da guerra ou da crise. E, inevitamente, dos oceanos. Temos de recuperar o tempo que perdemos e dar uma oportunidade à esperança, antes que seja tarde”.

Desenvolvimento sustentável

A Conferência serve para reforçar também que a saúde humana, o crescimento economico sustentável e um clima estável dependem de oceanos saudáveis. Os oceanos são amortecedores vitais contra as alterações climáticas, absorvendo cerca de 25% de todas as emissões de dióxido de carbono.

Milhões de pessoas dependem dos oceanos para a sua segurança alimentar, enquanto aproximadamente 120 milhões de pessoas trabalham diretamente em atividades relacionadas com a pesca e a atividades aquáticas. Além disso, a maioria dos trabalhadores vive em países em desenvolvimento.

“A criação da Década dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) mobiliza esforços para inverter o ciclo de declínio da saúde dos oceanos e reúne partes interessadas do mundo inteiro para assegurar que a ciência dos oceanos possa apoiar plenamente os países na criação de melhores condições para o desenvolvimento sustentável", disse o presidente da República do Quénia, Uhuru Kenyatta.

Sobre a Conferência dos Oceanos

Mais de 25 chefes de Estado e de Governo, juntamente com jovens, empresários, cientistas e representantes da sociedade civil, vão apresentar soluções para impulsionar uma mudança e enfrentar os desafios que os oceanos enfrentam.

Além das sessões plenárias, terão lugar oito diálogos interativos, que vão aprofundar áreas relevantes como a poluição marinha, a acidificação, a desoxigenação, o aquecimento dos oceanos e a promoção e reforço de economias sustentáveis baseadas nos oceanos, em particular para Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e Países Menos Desenvolvidos.

Estão previstos quatro eventos especiais e mais de 250 eventos paralelos. Os eventos especiais abordam projetos de inovação liderados por jovens, economia azul sustentável, ligações entre água doce e salgada e ação para os oceanos a nível local e regional.

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