Edu Lyra, da Gerando Falcões: contra pandemia, favela precisa das empresas
Rede lançou campanha de arrecadação para compra de cestas básicas e pretende captar R$ 25 milhões da iniciativa privada para comunidades carentes
Maria Clara Dias
Publicado em 23 de março de 2021 às 20h09.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 18h04.
Em vídeo compartilhado na manhã de hoje, 23, o CEO da Gerando Falcões fez um chamado público ao setor privado, em especial às grandes corporações: passem a fomentar a agenda de contribuições e doações também para as comunidades carentes do país.
Para ele, o momento econômico e social exige um maior engajamento das empresas em ações filantrópicas em favelas. “Não existe outro caminho”, disse. “Se as empresas não embarcarem, a curva de doações será lenta e ineficaz — o que também será tarde demais para as famílias que estão na ponta”, afirmou Lyra em entrevista à EXAME.
As doações de recursos corporativos para acelerar a vacinação e ampliação dos leitos de UTI são válidas, mas as empresas também devem focar no auxílio a comunidades carentes. Do contrário, a curva de contaminação não se findará tão cedo, segundo Lyra. “Com o lockdown nas favelas o efeito é o contrário: a população fica exposta. Se o morador não tiver a mínima condição alimentar de ficar em casa, ele obviamente não vai cumprir o isolamento”.
O sistema de match funding (que consiste na escolha de causas sociais por empresas, que dobram as doações feitas por cada colaborador a ONGs que se alinham com os propósitos selecionados) é o melhor caminho para se chegar a esse resultado, segundo Lyra. "Vejo duas saídas nesse cenário e para um maior engajamento de empresas: elas [ empresas ] podem doar de seus recursos próprios ou engajar seus colaboradores no esquema de ‘match’, mas garantindo que esse recurso chegará às favelas”.
A Gerando Falcões criou, em 2020, a campanha “Corona no Paredão — Fome não”, que visa arrecadar cestas básicas digitais para a alimentação da população de comunidades carentes de todo o Brasil. As doações foram distribuídas entre as organizações que fazem parte da rede, que ficaram a cargo de entregar os cartões de vale-alimentação para as famílias. No último ano, a campanha arrecadou 25 milhões de reais, beneficiou mais de 500.000 pessoas e 27.000 cartões foram entregues.
O projeto foi eleito na categoria de "Legado Pós-Pandemia" em premiação de empreendedorimo social em 2020. Com o agravamento da pandemia, a campanha foi reativada nesta semana. Com o vídeo, Lyra esperava que, até o final do dia, empresas aderissem ao chamado.
Em resposta, empresas como Oracle já se comprometeram a ajudar e iniciar ações de match funding entre os colaboradores. A meta é arrecadar, no mínimo, 25 milhões de reais até o final da campanha.