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Economia verde democratiza as oportunidades no Brasil

Como há boas oportunidades em todas as regiões será possível descentralizar o desenvolvimento industrial no País

Agroextrativismo: técnica para retirar a castanha-da-amazônia tem baixo impacto ambiental e alto valor social, deixando a floresta em pé (Leandro Fonseca/Exame)
André Barros

Jornalista

Publicado em 19 de junho de 2023 às 18h08.

Por possuir enorme biodiversidade, capacidade de geração de biomassa e uma matriz limpa e pronta para se expandir o Brasil reúne totais condições de ser um dos líderes globais na economia verde, com um adicional: por ter essas oportunidades espalhadas em todo o seu território será possível descentralizar o desenvolvimento industrial no País, para além do eixo Sul-Sudeste onde há uma concentração de produção industrial.

Quem levantou o tema e forneceu diversos exemplos foi Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ele participou de painel que discutiu a Economia Verde no especial Mês do ESG de Exame e defendeu uma aceleração nas regulamentações, para que o País saia na frente neste tema:

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“O Brasil precisa andar rápido, porque quem andar mais rápido poderá tirar mais proveitos destas oportunidades”, disse o secretário, que ressaltou existirem diversas rotas tecnológicas e alternativas energéticas.

Marina Marçal, research fellow em Política Climática pelo Washington Brazil Office, defendeu as regulamentações, mas ponderou que todos esses avanços devem ser feitos de modo a não prejudicar os povos originários e a biodiversidade de muitas destas regiões onde há potencial de investimento. Citou como exemplo as usinas geradoras eólicas offshores, que devem ser construídas pensando na preservação das vidas marinhas e das populações do entorno, que vivem da pesca, seja como atividade comercial ou de subsistência.

De toda forma ela também defende a celeridade: um estudo recente, feito pela UFRJ a apresentado por ela e pelo deputado Alessandro Molon na última COP 26, em Glasgow, na Escócia, identificou que o Brasil está deixando de gerar 10 milhões de empregos por não avançar com mais força na bioeconomia.

O que vem das empresas

Segundo Sofia Esteves, fundadora e presidente do Conselho da Cia de Talentos/Bettha.com, as empresas querem colaborar, mas, muitas vezes, não conseguem conexão com o poder público. A falta de comunicação, de acordo com a executiva, é ainda um grande problema para avançar na economia verde, até pela população:

“Falta comunicação entre todos os pólos. A população ainda não acordou para perceber que é também problema dela”, disse.

No caso do Grupo Boticário a economia verde não é nenhuma novidade: a companhia é uma das pioneiras no assunto no Brasil. “Ser sustentável não é mais uma escolha: é estar condizente com as necessidades da nossa sociedade”, disse Luis Augusto Meyer, diretor da empresa.

Meyer admite que ainda há muito a avançar, porém. No caso do Grupo, um dos projetos atuais é o de substituição da frota que faz entregas last mile de modelos poluentes por elétricos e um estudo para que, nas rotas mais longas, onde a eletrificação ainda não atende, faça mais uso de biocombustíveis.

“Temos que entender que tudo isso é uma jornada. Dava para estar mais avançado? Talvez sim. Mas é preciso começar”, finalizou o diretor do Grupo Boticário.

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