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Diversidade e inclusão nas empresa se intensificam, orçamento cresce, mas aculturamento é desafio

Pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023, realizada pela consultoria Deloitte, traçou o cenário do tema no país em frentes como gestão, orçamento e presença de grupos de afinidade

A maioria (64%) das organizações participantes aumentou seus investimentos em DE&I em comparação com 2022 (Angelina Bambina/Getty Images)

A maioria (64%) das organizações participantes aumentou seus investimentos em DE&I em comparação com 2022 (Angelina Bambina/Getty Images)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 08h50.

O tema da diversidade e inclusão nas organizações têm ficado mais popular nos últimos anos, especialmente ao ter grupos de trabalho e estudos que mostrar a efetividade das ações. Contudo, ainda são vários os desafios no processo de aculturamento, é o que aponta a pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023, realizada pela consultoria Deloitte.

Das 355 respondentes, 96% afirmam que iniciativas de DE&I promovem um ambiente mais acolhedor, 95% que melhoram a qualidade da força de trabalho e geram valor. Já nove em cada dez acreditam que as práticas de DE&I aumentam a retenção de profissionais e contribuem para a inovação e o uso de novas tecnologias.

Das organizações participantes, 76% possuem práticas ou área dedicada a DE&I, sendo que a maioria (61%) se reporta ao departamento de recursos humanos e, na sequência, à presidência (23%). Apesar da distância significativa em relação à posição inicial, em comparação com 2022, foi registrado um aumento de 10 pontos percentuais no compartilhamento de informações com os cargos de conselho e presidência, evidenciando a busca das empresas por consolidar o tema em esferas estratégicas.

Comitês e grupos de afinidade em diversidade e inclusão

A pesquisa revela que a estruturação de comitês ou grupos de afinidade evoluiu em quase todas as frentes em comparação com 2022. A maioria (71%) tem grupos de afinidade estruturados, com uma média de três por organização, sendo estes voltados para mulheres (57%), raças e etnias (53%), LGBTI+ (51%) e pessoas com deficiência (47%). Nas empresas de maior porte, aquelas com faturamento a partir de R$ 2,5 bilhões, a média de criação dessas frentes avança para quatro.

As frentes de afinidade são lideradas por ao menos um membro do grupo minorizado na maioria das organizações participantes, com destaque para o de mulheres (93%), LGBTI+ (79%) e raças e etnias (75%). No que diz respeito às práticas a serem adotadas nos próximos anos, as empresas destacaram as áreas de liderança voltadas para pessoas com deficiência (44%) e LGBTI+ (33%), visando ampliar as contribuições nas decisões estratégicas dos negócios.

"A promoção da diversidade nas empresas transcende a mera responsabilidade social; é um pilar estratégico vital. Ao incorporar a diversidade como parte fundamental da estratégia de negócio, as organizações saem fortalecidas e contribuem positivamente para um ecossistema empresarial mais dinâmico e sustentável”, afirma Ângela Castro, sócia-líder da estratégia de Diversidade e Inclusão ALL IN Deloitte.

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Incorporando o aculturamento de diversidade, equidade e inclusão em todo o ecossistema

Esta edição da pesquisa revela que práticas ou áreas dedicadas à diversidade, equidade e inclusão são prioridade para 63% das organizações participantes, e 7 em cada 10 já as estabeleceram em 2023, resultado que reflete uma presença consolidada do tema nas empresas.

Entretanto, os respondentes observam desafios relacionados à resistência interna, à cultura organizacional, a um ambiente de negócios conservador e à baixa adesão das lideranças, pontos que também foram destacados na edição de 2022 do levantamento, evidenciando a necessidade de maior aculturamento das pautas DE&I em todo o ecossistema.

Pouco mais de um terço das empresas (33% e 31%) indicaram os desafios de promover respeito e acolhimento por parte dos profissionais em cargos executivos e, na sequência, operacionais.

A visão é confirmada por parte dos profissionais pertencentes a grupos minorizados e, dessa forma, segundo o estudo, as principais ações empreendidas pelas organizações para minimizar cada vez mais essas adversidades são: promoção do respeito às diferenças no local de trabalho (86%) e treinamento voltado para líderes (84%), visando conduzir equipes de maneira diversa e inclusiva.

A busca pelo aculturamento tem sido percebida como positiva para mudanças culturais e organizacionais por pelo menos 7 em cada 10 empresas participantes. Assim, 76% dos respondentes acreditam que as práticas de DE&I têm gerado mudanças culturais, e 74% relatam que têm contribuído para uma transformação organizacional.

As organizações ainda mostram uma representatividade limitada. Com exceção das mulheres, menos de 50% dos grupos minorizados têm um representante ocupando cargos de liderança em suas respectivas empresas. Daquelas que possuem conselho de administração, 86% têm pelo menos um membro pertencente ao grupo minorizado, com destaque para as mulheres (84%) e a representação geracional (44%).

Em ambos os casos, empresas que mapeiam indicadores ou estabelecem metas de DE&I revelaram maiores porcentagens de profissionais de grupos minorizados ocupando cargos de liderança, o que revela a importância deste tipo de acompanhamento para o avanço das pautas em pilares estratégicos do negócio.

A evolução das iniciativas dentro da gestão, governança e comunicação das empresas

O levantamento também destaca que, dentre as iniciativas, as relacionadas à governança (62%) e estrutura (56%) foram as mais adotadas até 2021. Isso inclui o uso de canais anônimos (71%), códigos de ética (70%), rampas (65%), elevadores (74%) e banheiros adaptados (70%) – ressaltando a prioridade das organizações em promover uma conduta inclusiva e atender às legislações vigentes.

Já as iniciativas de gestão estão em processo de adoção, alinhando-se gradualmente com a estratégia organizacional. Quanto às ferramentas de comunicação, as empresas participantes planejam implementar mais iniciativas nos próximos anos, expandindo suas ações para além do público interno – uma abordagem crucial para externalizar seu propósito tanto para seus profissionais quanto para o mercado em geral.

A sensibilização das lideranças e a implementação de indicadores para as práticas continuam sendo prioridades para os próximos anos, evidenciando o comprometimento das organizações com o processo de aculturamento das questões de DE&I e uma maior monitorização de seus impactos nos resultados do negócio.

Indicadores e metas apontam transformação tangível nas organizações

A estruturação de metas e indicadores é crucial ao processo de gestão das organizações, permitindo a leitura do cenário atual, a criação de projeções futuras e a identificação de prioridades, com base em métricas alinhadas à estratégia da empresa. De acordo com o estudo, as metas de diversidade, equidade e inclusão adotadas por 87% das empresas participantes estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Um número significativo de empresas já está monitorando indicadores de DE&I, com os mais estabelecidos entre os participantes centrados na área de Recursos Humanos. Dos respondentes, 70% afirmam ter adotado indicadores de DE&I até 2023, e 77% relatam que esses indicadores fazem parte da estratégia ESG (ambiental, social e governança, da sigla em português) da organização. Os indicadores mais adotados e acompanhados pelas empresas são: contratação de profissionais e lideranças pertencentes a grupos minorizados (85%) e profissionais envolvidos em frentes de diversidade, equidade e inclusão (62%).

A pesquisa aponta um aumento nos indicadores de orçamento (17 p.p) e de retorno sobre investimento (19 p.p) voltado para essas frentes desde a sua última edição. Quanto às metas, também houve evolução no percentual (7 p.p) de empresas que as têm adotado em seus negócios, evidenciando que o tema está sendo integrado a uma visão cada vez mais estratégica.

Entre as 63% das organizações que afirmam ter estabelecido metas para a promoção de DE&I, um terço delas considera essas metas na remuneração variável dos executivos. Os relatórios de sustentabilidade e as comunicações aos acionistas destacam a consolidação desta integração nos níveis estratégicos.

O valor dos investimentos estratégicos em DE&I

A maioria (64%) das organizações participantes aumentou seus investimentos em DE&I em comparação com 2022, e para 2024, a previsão é de um cenário de manutenção. Isso reforça a ideia de que a visão das organizações está cada vez mais estratégica, permitindo que os investimentos na área sejam assertivos, identificando pontos de atenção e oportunidades em cada uma de suas frentes.

Com os investimentos realizados neste ano e uma maior conscientização sobre o valor gerado pela adoção dessas iniciativas em seus negócios, as empresas estão passando por uma fase de amadurecimento, mensurando resultados e gerenciando o orçamento de maneira cada vez mais precisa.

Metodologia

A pesquisa “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023” contou com participação de 355 respondentes, entre os quais 66% ocupam posições executivas. As respostas foram coletadas por meio de questionário eletrônico, entre 24 de julho e 02 de outubro de 2023. As perguntas foram feitas a empresas de diversos segmentos, de todos os portes, em todas as grandes regiões do País, sendo que 40% são multinacionais e 30% são listadas na B3.

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