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Diretora do Out & Equal: ações de inclusão LGBTI+, como uso do nome social, ganham força em empresas

Em entrevista à EXAME, Deena Fidas, diretora e líder do programa de parcerias do Out & Equal, abordou como o setor privado e o público podem promover avanços para toda a sociedade a partir da inclusão de LGBTQIA+. Nesta quarta-feira, Brasil sediou evento para discutir as práticas na América Latina

Deena Fidas no palco do Out & Equal América Latina 2023 (Marina Filippe/Exame)

Deena Fidas no palco do Out & Equal América Latina 2023 (Marina Filippe/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 3 de maio de 2023 às 19h09.

Última atualização em 3 de maio de 2023 às 19h32.

O hotel Sheraton, em São Paulo, foi ocupado por pessoas que em crachás, broches ou outros acessórios exibiam a bandeira LGBTQIA+ durante o Out & Equal, evento promovido pela organização sem fins lucrativos de mesmo nome, que escolheu o Brasil para sediar o evento da América Latina, em busca de promover a inclusão de pessoas LGBTQIA+ nas empresas e em outros setores da sociedade.

Logo no primeiro painel, na manhã desta quarta-feira, 3, conduzido por Deena Fidas, diretora e líder do programa de parcerias do Out & Equal, foi reforçada a necessidade de perceber os avanços da comunidade, mas também seguir com a construção de impacto positivo.

“Há 20 anos eu não acreditaria que as empresas poderiam ser parte importante da transformação. Hoje, entendo que elas podem e precisam disto para inovação e crescimento. O que estamos fazendo aqui é reforçar como o amanhã é sempre sobre envolver pessoas no tema e construir impacto”, disse para o público estimado em 400 pessoas.

Em entrevista exclusiva à EXAME, a executiva também abordou como a pandemia de covid-19 influenciou a ideia de que o setor privado precisa olhar para os funcionários com indivíduos com orientações sexuais e de gênero distintas e, mais do que isto, entender a diversidade como um valor competitivo. Veja a seguir a entrevista completa.

Qual é a relevância do Out & Equal promover um evento voltado para a América Latina?

A pandemia de covid-19 reforçou o que já sabíamos: precisamos falar sobre as pessoas. Neste contexto, algumas boas práticas ganharam força no ambiente de trabalho, como promover conversas sobre qual pronome a pessoa se identifica e como criar um sistema que utilize o nome correto de uma pessoa transgênero. Agora, promover o evento no Brasil é marcar o momento de estarmos juntos para celebrarmos os avanços que conseguimos e buscar ainda mais.

Como fazer com que todos entendam a importância da inclusão LGBTQIA+ no ambiente de trabalho?

Passamos 1/3 do nosso dia no trabalho e somente por isto este deveria ser um ambiente inclusivo para que todos possam se sentir confortáveis. Agora isto acontece um pouco mais, mas antes era muito difícil. Estou nos meus 40 anos e as primeiras menções que ouvi sobre pessoas LGBTQIA+ no ambiente corporativo foram ofensas e comentários pejorativos.

Agora temos a chance de reforçar o tema nas companhias de forma respeitosa e mudar não só esse ambiente, mas toda a sociedade. Eu vi uma mãe chorar no trabalho porque um colega falou abertamente sobre a sua identidade de gênero, e ela viu nesse depoimento algo que passava dentro de casa com o filho. E o trabalho é um lugar para a transformação.

Você é uma mulher estadunidense, mas qual é a sua percepção sobre como está a inclusão LGBTQIA+ no Brasil?

A condição das pessoas LGBTQIA+ na sociedade, e os direitos humanos em geral, tem contradições com avanços e retrocessos. No Brasil, por exemplo, há números absurdos sobre violência de gênero e especialmente contra transgêneros. Por outro lado, há mais direitos do que em outros locais.

Além disto, durante as eleições de 2018, tivemos uma carta aberta de cerca de 35 empresas dizendo que equidade é maior do que qualquer partido. E que, independentemente de quem vencesse, era necessário inclusão e equidade. Essa carta foi refeita nas eleições de 2022 e com mais de 100 apoiadores.

Já nos Estados Unidos, por exemplo, há um movimento brutal contra os LGBTQIA+ neste ano [um exemplo disto é a lei que incentiva o banimento de atletas trans]. Mas, seguimos buscando melhorias, e o setor privado é um dos caminhos para isto. Estamos lutando por unir esforços nas comunidades de negócios.

Grande parte das empresas que têm políticas de inclusão no Brasil são multinacionais americanas?

Talvez sim, mas também temos exemplos como o escritório de advocacia MattosFilho e outras empresas brasileiras. E em toda a América Latina é possível ver cada vez mais companhias ampliando seus esforços para incluir LGBTQIA+. E, isto não é um tema de pessoas jovens que querem sair do armário, é sobre deixar todas as pessoas mais familiarizadas e respeitosas em relação à diversidade.

Que tipo de impacto é esperado a partir do evento de hoje?

Hoje é o dia da transformação. E depois da transformação há ansiedade, confusão e, claro, novas ideias. Independentemente de pandemia e políticas públicas que incentivam um retrocesso, estamos aqui hoje com representantes de diferentes países da América Latina, falando três idiomas nos painéis, e trazendo boas práticas.

Nem sempre o que acontece na Cidade do México pode ser replicado em são Paulo, mas pode servir de exemplo para pensar em outras formas de trabalhar o assunto. Além disto, hoje teremos prêmios para aqueles que são referência no que fazem. É um momento de celebração.

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