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Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, sobre financiamento climático: "O mundo deve pagar, ou a humanidade pagará o preço" (COP29/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 07h58.
Famílias correndo para salvar suas vidas antes do próximo furacão, destruição da biodiversidade, trabalhadores desmaiando em um calor insuportável, inundações devastando comunidades, crianças dormindo com fome devido à seca. 2024 já é o ano mais quente da história e todos esses desastres estão sendo potencializados pelas mudanças climáticas causadas pelo homem, levando o mundo neste ano a "uma aula de destruição climática", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres nesta terça-feira (12), durante a sessão de abertura da ação climática de líderes da Conferência do Clima da ONU (COP29) em Baku.
"O som que vocês ouvem é o tique-taque do relógio. Estamos na contagem regressiva final para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius. E o tempo não está ao nosso favor", destacou aos líderes. Segundo Guterres, nenhum país é poupado dos efeitos da crise climática e enquanto os ricos causam o problema, são os pobres que pagam o preço mais alto. "A menos que as emissões diminuam drasticamente e a adaptação aumente, toda economia enfrentará uma fúria ainda maior", reiterou.
Mas o secretário acredita que esta história de injusiça é evitável e há motivos para se ter esperança, Guterres relembrou que na última COP28, em Dubai, as nações se comprometeram a se afastar dos combustíveis fósseis, acelerar os sistemas de energia zero emissões, investir em adaptação climática e a alinhar a próxima rodada de planos climáticos nacionais (NDCs) respeitando o limite de 1,5 graus.
"É hora de cumprir. Cientistas, ativistas e jovens estão exigindo mudanças – eles devem ser ouvidos, não silenciados. E o imperativo econômico é mais claro e mais convincente – com cada lançamento de renováveis, cada inovação e cada queda de preço", disse.
Então, ele convocou os líderes para três prioridades nesta COP: financiamento climático, regulação e concordância dos mecanismos de mercado de carbono e mitigação das emissões. "Para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, devemos reduzir as emissões globais em 9% ao ano. Até 2030, elas devem cair 43% em relação aos níveis de 2019", reiterou.
Já a lacuna entre as necessidades de adaptação e o financiamento pode chegar a US$ 359 bilhões por ano ainda nesta década, e mais do que nunca, as promessas de financiamento devem ser cumpridas e dobrarem para pelo menos US$ 40 bilhões por ano até 2025, pediu Guterres.
"Esses dólares que faltam não são abstrações em uma planilha: são vidas perdidas, colheitas arruinadas e desenvolvimento negado", argumentou.
Mais do que nunca, os países desenvolvidos devem correr contra o relógio para destravar recursos. "A COP29 deve derrubar as barreiras para o financiamento. Os países em desenvolvimento não devem deixar Baku de mãos vazias. Um acordo é imprescindível e precisamos de uma nova meta financeira que esteja à altura do momento", acrescentou.
Para Guterres, um acordo bem-sucedido leva em consideração cinco elementos: um aumento significativo de valores, uma indicação clara dos mecanismos e de como mobilizar os trilhões de dólares, a exploração de fontes inovadoras (especialmente taxas sobre transporte marítimo, aviação e extração de combustíveis fósseis), maior acessibilidade, transparência e responsabilidade e por último, aumentar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais.
"Os recursos disponíveis podem parecer insuficientes. Mas podem ser multiplicados com uma mudança significativa na forma como o sistema multilateral funciona. O mundo deve pagar, ou a humanidade pagará o preço", alertou Guterres.Até a próxima COP, os países também devem entregar novos planos de ação climática nacional abrangentes para toda a economia e que alinhem estratégias para atrair investimentos. "Todos países devem fazer sua parte. Mas o G20 deve liderar", destacou.
O secretário também ressaltou que a revolução da transição energética já acontece e que as nações devem avançar em suas metas globais para triplicar a capacidade de renováveis, dobrar a eficiência energética, acabar com o desmatamento e reduzindo o consumo de combustíveis fósseis.
"Ação climática não é opcional, é imperativa. Ambos são indispensáveis: para um mundo habitável para toda a humanidade. E um futuro próspero para todas as nações da Terra. O relógio está correndo", concluiu.