Como a posse de Biden pode disseminar a agenda ESG
Democrata já está sendo chamado de "presidente verde" e deve adotar medidas para impulsionar o setor de energias limpas
Rodrigo Caetano
Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 08h39.
A posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, 20, é cercada de expectativas. Do lado negativo, há a preocupação com novos episódios de tumulto e violência , como os que marcaram a homologação dos resultados das eleições na semana passada, quando houve a invasão do Capitólio. Do lado positivo, a chegada do democrata ao poder pode destravar investimentos ligados à agenda ESG.
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Biden já afirmou que considera as mudanças climáticas como o principal problema enfrentado pela humanidade atualmente. E prometeu retornar os Estados Unidos ao Acordo de Paris. Porém, essa é apenas uma das medidas esperadas do novo presidente, que já está sendo chamado de "presidente verde".
Essa expectativas colocam os investidores em alerta para oportunidades. Maior gestora do mundo, com quase 9 trilhões de dólares em carteira, a BlackRock prevê alcançar 1,2 trilhão de dólares em ativos ESG na próxima década, o que deverá ser facilitado caso Biden se mantenha no poder por dois mandatos ou faça seu sucessor.
O setor de energia concentra boa parte dessas oportunidades. Em 2020, as companhias de energia renovável registraram um desempenho invejável. O regimento foi o único do mercado energético a apresentar crescimento durante a pandemia. Isso fez algumas empresas do setor nos EUA se valorizarem. A Enphase Energy, de energia solar, deu um salto de 490% em valor de mercado 2020. A Digital Turbine, de eólica, subiu ainda mais: 673%.
A transição energética, aliada com outras mudanças relacionadas, como a eletrificação dos transportes e a economia do compartilhamento, são as áreas que receberão a maior parte dos investimentos ESG previstos na próxima década.
Guinada ambiental
Segundo analistas, Biden deve promover uma guinada completa na política ambiental dos Estados Unidos, que ficará mais parecido com a Europa de hoje do que com o país nos tempos da Guerra Fria, passado vangloriado por Donald Trump em seu saudosismo populista. O Green New Deal, modelo de transição para a economia de baixo carbono promovido por uma ala forte do Partido Democrata, cujo maior expoente é a jovem Alexandria Ocasio-Cortez, tem grandes chances de avançar.
“As mudanças serão percebidas nos 100 primeiros dias”, afirma Stefano De Clara, diretor da Associação Mundial de Mercados de Emissões (IETA), entidade criada para estabelecer diretrizes de comercialização de carbono. “Em vários aspectos, será uma postura muito mais alinhada com a União Europeia.”
O velho continente é o bloco que vem puxando a agenda da nova economia. Lançado durante a pandemia, o programa Green Deal prevê mais de 600 bilhões de euros em investimentos na economia de baixo carbono. A Europa também pressiona para regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado de carbono global.
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